quarta-feira, outubro 24, 2012

“E assim sucessivamente, até à implosão final”

• Miguel Sousa Tavares, RENDIÇÃO [na última edição do Expresso]:
    ‘Fora do círculo dos cinco terroristas económicos que nos governam, fora da nave de loucos supostamente conduzida pelo primeiro-ministro Passos Coelho, não há uma alma penada que não tenha percebido já que seguimos uma estratégia de suicídio colectivo. Se o défice voltou a falhar as previsões este ano, se o desemprego foi “uma desagradável surpresa”, se a recessão foi e será sempre acima do previsto, se a receita fiscal “estranhamente” caiu, mesmo aumentando impostos além do sustentável (tal como se aprende, afinal, em qualquer manual de economia para principiantes, excepto o do António Borges), já não é por culpa do nunca explicado “buraco colossal” que herdaram, nem por culpa do Tribunal Constitucional (cujo acórdão só teria efeito para o ano): é apenas e só por culpa da chocante incompetência desta gente. É porque eles falharam em toda a linha, que vamos agora ter de pagar o seu falhanço de 2012 e o próximo. E assim sucessivamente, até à implosão final.

    (...)

    E se aceitarmos que pelo facto de sermos um pequeno país num clube dominado por grandes países, não nos resta nada senão ficar calados e obedecer, então o que está em causa já não é saber como sairemos desta crise, mas o que fazemos na União Europeia. Quando se é convidado para jantar em casa dos poderosos ou avançamos para a mesa como iguais ou acabamos na cozinha, tratados como pedintes.

    Eu não me conformo com isso. Entre todas as promessas que traiu, todas as coisas que disse que ia fazer e não fez, e todas as outras que jurou jamais fazer e fez, há uma coisa pela qual Passos Coelho não merece perdão: dizer que estava preparado para governar. A ignorância só é desculpável quando é humilde, não quando se mascara de sapiência e suficiência, sabendo que, com isso, vai causar danos a terceiros de boa-fé. Mas é o que temos, por ora. E, se ele não tem coragem para estar à altura da situação e fazer o que tem de fazer como primeiro-ministro de um país com quase 900 anos de história, que agoniza, sem sentido nem dignidade, pois que acorde então Sua Excelência que habita no Palácio de Belém e que tem o dom de falar quando é fácil ou lhe convém e de ficar calado e quieto quando acha prudente. Que Cavaco Silva obrigue o PM a defender Portugal, que o substitua nisso, se necessário, ou que o demita, se não restar alternativa. Mas que se deixe de silêncios palacianos e jogos florentinos, à mistura com desabafos de alma no Facebook. Eu nem sequer tenho conta no Facebook e não penso vir a tê-la para ler as mensagens criptadas do alter ego do Presidente da República. Ó, sorte a nossa!’

4 comentários :

Telegrafista do «Titanic» disse...



Também Miguel Sousa Tavares não esteve à altura da situação no ano passado quando acreditou piamente na sapiência e suficiência de Passos Coelho e da sua pandilha.


Se um homem não sabe identificar e prevenir o mal antes dele acontecer, pois não passará nunca de um cachopo e o melhor é decidir não ter descendência, mesmo que dure mais de oitocentos anos, como Portugal, para não correr o risco de agonizar sem sentido nem dignidade, a repetir patéticamente "se eu tivesse vinte anos e soubesse o que sei hoje"...


Bem pode acrescentar ao seu nome o apelido Narciso, pois é mais um que só avisa do que já não é preciso...

Anónimo disse...

Isto não deve passar despercebido.

http://www.youtube.com/watch?v=rAInzsbNVS4&noredirect=1

Patusco

josé neves disse...

Precisamente Telegrafista. Este Sousa contribuiu com milhares de votos para Passos Coelho, tal como o outro Tavares do "cm", e muitos outros "fedorentos" que agora refilam e fazem humor negro porque a austeridade lhes caiu em cima em força.
Fazem parte dos inteligentes que, à maneira dos letrados de Oeiras, que consideram o corrupto e a corrupção boa para o Concelho e portanto para si próprio, como se a corrupção não fosse um mal em si mesmo e jamais possa ser um bem para a comunidade. São os "científicos" do voto que o dão e incitam os outros a dar o voto a quem lhes cheira a proximidades (leia-se; de quem estão mais próximos relacionalmente ou sentem que melhor podem influenciar ou manipular, tal como o VGM e PP junto do pequeno-grande-convencido Cavaco).
Esta gente finge fazer, frente ao povo(câmaras de tv), cálculos sócio-científicos sobre a quem dar o voto, mas o que os move é a maior ou menor capacidade de podes estar próximo do poder e poder influenciá-lo.
Daí o palavreado embrulhado em justificações de ocasião em detrimento das correntes de opinião que constituem os vários partidos existentes na sociedade.
Os valores base, sempre, mais ou menos, representados e defendidos pelos partidos não lhes servem, e há-os para todos os gostos, pelo que advogam votar caso a caso ao sabor da conjuntura de momento, isto é; oportunisticamente.
Depois, se as coisas correm mal, e quando assim é correm normalmente mal, vêm chorar e injuriar, na praça pública, quem ajudaram enormemente a ir ao pote.
Pois, o problema é já lá estavam na frente os grandes lambuzadores e portanto, o pote não dá chega para todos.

Anónimo disse...


Precisamente, José Neves.

É por isso que a "sorte" que coube a Portugal a 5 de Junho de 2011 só deveria ser partilhada pelos fedorentos que escolheram esta pandilha arrogante, irresponsável e incompetente e, também, pelos patetinhas que, à "esquerda", festejaram o derrube do Governo anterior. Merecem engolir tudo!


Já para todos aqueles que, conscienciosa e responsávelmente, escolheram a continuidade do José Sócrates, deveria agora ser-lhes permitido optar pela austeridade do... PEC 4, porque NÃO TEMOS CULPA NENHUMA.


Pai de dois menores.