quinta-feira, outubro 04, 2012

Há qualquer coisa que não bate certo

 - Pedro, olha para a cara de enterro do Paulo. Achas que está na hora de eu regressar a Frankfurt?

O leitor estará certamente recordado de que Passos Coelho, antes de ir para o Tivoli cantarolar a Nini dos Meus 15 Anos, fez uma declaração ao país. O alegado primeiro-ministro forneceu então o montante global dos cortes salariais que iriam ocorrer em 2013 — 4,8 mil milhões de euros assim distribuídos:
    dois mil milhões de euros, correspondentes ao corte de dois subsídios aos pensionistas e de um subsídio aos funcionários públicos, os quais iriam ainda sofrer um corte adicional de 7% no âmbito da TSU;
    2,8 mil milhões de euros aos trabalhadores do sector privado, correspondente ao corte adicional de 7% na TSU.

Como deste bolo de 4,8 mil milhões de euros, 2,3 mil milhões seriam oferecidos às empresas através da redução da comparticipação patronal para a segurança social, chega-se à conclusão de que, em 2013, o Governo entendia ser necessário afectar à redução do défice orçamental 2,5 mil milhões de euros [ou seja, os cortes aos pensionistas e funcionários do Estado (dois mil milhões) mais a diferença entre o corte aos trabalhadores do sector privado (2,8 mil milhões) e a doação aos empresários (500 milhões)]. Assim sendo, o abandono das alterações à TSU implicaria que a austeridade em 2013 fosse reduzida em 2,3 mil milhões de euros.

Estranhamente, na conferência de imprensa de ontem, Vítor Gaspar fala de “um aumento enorme de impostos”. É isto que é preciso esclarecer, até porque o ministro das Finanças foi omisso na quantificação das medidas que anunciou (designadamente no que se refere aos escalões do IRS): como é que, tendo sido abandonadas as alterações à TSU, em lugar de reduzir a austeridade, Vítor Gaspar apresenta um brutal conjunto de cortes nos salários e de aumentos de impostos que, segundo as suas próprias palavras, é “enorme”?

Foi isto que não vi perguntado na conferência de imprensa ao ministro das Finanças nem referido hoje na Assembleia da República.

5 comentários :

Anónimo disse...

olhó álvaro

http://desmitos.blogspot.pt/2010/10/impostos-hoje-ou-amanha.html

mg

Anónimo disse...

Diz o Gaspar:

Comprei este relógio no chinês e ainda funciona !

Anónimo disse...

O que é preciso é enganar a malta.

Foi para isto que chumbaram o PEC 4

Anónimo disse...

O que a maioria das pessoas ainda não percebeu é que todos os cortes e impostos até agora anunciados iriam de facto ser aplicados, quer houvesse TSU ou não.
A TSU seria apenas uma forma chico esperta ( como é tudo neste governo) do estado dar guito ás empresas sem ter de dispender um centimo que fosse ( ainda embolsava 500 milhões) para evitar que o desemprego dispare para niveis de terror no próximo ano.
A verdade, meus caros, é que isto consegue estar pior do que a Grécia, e a culpa é unica e exclusivamenta deste governo.
Querer vêr outra realidade é ou doença mental grave ou estar a comer do pote á farta, como as arrastadeiras que para aqui vêm mandar bocas.

Anónimo disse...

Exatamente como diz o anterior comentário dois ou três dias depois do ppc ter anunciado a TSU victor gaspar anunciou a alteração dos escalões do irs. Como é que ninguém se lembra?