quarta-feira, dezembro 05, 2012

É a deflação, estúpido!

Leia-se o Jornal de Negócios:
    ‘Foram mais de cinco mil as famílias que, desde o início do ano, pediram ajuda à Deco por estarem em situação de sobreendividamento. Recorreram à associação 15 famílias por dia por não conseguirem pagar os créditos. Mais do que o desemprego, são as piores condições de remuneração as principais responsáveis por este aumento do número de processos de sobreendividamento.

    Nos primeiros onze meses deste ano, o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco abriu 5.003 processos de sobreendividamento, de acordo com o Boletim Estatístico de Novembro a que o Negócios teve acesso. Este total representa um aumento de 24,8% face ao mesmo período do ano passado. Este é mesmo o valor mais elevado desde que este gabinete foi criado em 2000, ano que terminou com a abertura de 152 processos.

    Ainda assim, nos primeiros onze meses deste ano, verificou-se um abrandamento no crescimento do número de processos. Isto porque o crescimento de 25% deste ano segue-se a uma subida de 51,1%, entre 2010 e 2011.

    Entre Janeiro e Novembro foram recebidos mais mil processos do que em igual período do ano passado. “Vemos estes números com alguma preocupação, até porque se olharmos para as causas, a deterioração das condições laborais apresenta já um maior peso do que o desemprego”, explicou ao Negócios Natália Nunes, responsável pelo GAS.

    Em Novembro, o agravamento das condições de remuneração, nomeadamente os cortes de subsídios, representou 35% nas causas para os processos de sobreendividamento, ultrapassando o desemprego, que pesa 34%. “A nossa preocupação é também o próximo ano, pois com o aumento de impostos as famílias terão, no final do mês, menos rendimento disponível. Assim, as perspectivas são de que esta situação piore, no próximo ano”, sublinhou Natália Nunes.’

A troika e o Governo não parecem perceber que empobrecer o país para o tornar mais competitivo torna-o insolvente. O FMI já tinha dito que uma das condições necessárias para a desvalorização interna funcionar era haver baixos níveis de endividamento. É o caso dos países bálticos, mas não é o caso dos países periféricos.

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