quarta-feira, janeiro 23, 2013

Num beco

1. O PS sustenta, e bem, que a crise que assola os países periféricos da zona euro é uma crise sistémica e que, por isso, é a União Europeia que terá de encontrar uma solução global para os países em dificuldades. Neste contexto, o PS vem exigindo:
    • Uma redução da austeridade que está a destruir o frágil tecido económico nacional, através do alargamento do prazo de consolidação das finanças públicas e de uma melhoria dos juros a pagar;
    • A intervenção do Banco Central Europeu.

2. A decisão de autorizar o reescalonamento dos prazos de pagamento dos empréstimos do país foi tomada num conselho europeu realizado em Julho de 2011, onde foi aprovado que as condições oferecidas à Grécia seriam extensivas aos outros “países de programa”. Nada de novo, a não ser a circunstância de Vítor Gaspar ter anunciado, no princípio de Dezembro, que isso iria ocorrer e, em seguida, ter negado o que havia dito na Assembleia da República.

Ao admitir o reescalonamento dos prazos de amortização dos empréstimos, o Eurogrupo está a reconhecer que Portugal não está a conseguir controlar a dívida. Mas é uma medida que fica muito aquém da exigência do PS, que pressupunha um alívio da austeridade, sem o qual não há recuperação da economia.

3. Por outro lado, se é verdade que o descongestionamento dos mercados (em relação à Grécia, à Irlanda, a Portugal, à Espanha e à Itália) se deve à intervenção do BCE, ao lhes dar garantias de que faria o que fosse preciso para defender o euro, não é menos verdade que o BCE não dá sinais de estar disposto a abrandar a austeridade. Tudo aponta para que se esteja a promover a “transição pacífica” da soberania financeira — da troika para o BCE.

Por outras palavras, teremos um segundo resgate não formalizado, com a exigência de se manter (ou agravar) a austeridade. Este cenário vai também contra o que o PS vem defendendo.

4. Neste quadro, é incompreensível a declaração de ontem (e as respostas dadas às perguntas dos jornalistas) de António José Seguro — desde logo nas palavras iniciais da sua intervenção: “O PS tinha razão. O PS teve razão no tempo certo. Portugal precisava de melhores condições para fazer um ajustamento credível, para regressar aos mercados e para criar condições e ambiente favorável ao crescimento da sua economia e à criação de emprego.”

António José Seguro quis chamar a si parte dos “louros” desta raquítica medida de reescalonamento dos prazos do pagamento dos empréstimos, chegando ao ponto de recordar a abstenção do PS no Orçamento do Estado para 2012 e no tratado orçamental. Ao colar-se a Vítor Gaspar, o secretário-geral do PS valida a estratégia do Governo — e invalida a sua própria estratégia.

Em suma, António José Seguro mata o discurso que vem fazendo há mais de um ano. Como é que o PS vai agora continuar a sustentar que estamos perante uma crise sistémica que exige uma resposta europeia?

16 comentários :

Anónimo disse...

Pedro Lains na TVI24 , um debate com Frasquilho a não perder.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

é imperativo correr com Inseguro, claramente não está á altura do trabalho que lhe é exigido.
é imperativo o PS não deixar reaproximarem -se das novas chefias do PS os soares dos santos, os salgados e quejandos afins. o país não precisa dessas gentes, que só querem é safar o seu.

Anónimo disse...

Triste e lamentável experiência esta de Seguro, que se traduziu numa irrecuperável perda de tempo, não só para o PS como para o país, que tem prosseguido sem resistência nesta corrida para o abismo, conduzido por uma canalha que nem sequer disfarçou ao que vinha.
Seguro terá talvez muitos militantes atrás, mas não terá com certeza a memória do Partido, que traiu.
É tempo de agir.
F. Borges

Anónimo disse...

Seguro poderá ser um bom político de bastidores, competente num trabalho de fundo, fazendo parte de uma equipa.
Mas não é um "frontman", um líder.
Não o devemos "crucificar" por isso, pois cada um é como é.
Importante agora, neste momento crucial, é convocar um congresso rapidamente e eleger um líder forte, competente e sem medo. Um líder capaz de fazer verdadeira oposição.
António José Seguro tem tido tudo nas mãos, tem tido o material que poderia fazer uma "oposição de sonho", pois o governo tem-lhe dado, numa bandeja, argumentos diários, e dos bons, para uma oposição implacável.
Nada disto tem sido aproveitado, e aquela postura construtiva e de "oposição responsável" (a risível "abstenção violenta" é qualquer coisa de bradar aos céus...) não é compatível com um executivo governamental sem preparação, sem competência e sem escrúpulos.
Venha então o congresso, avancem bons candidatos, e que seja eleito o melhor.
Está na hora de por a máquina a trabalhar e, nesta hora difícil, voltar a colocar o país na senda do desenvolvimento e da solidariedade.
Hoje, como sempre, é com o PS que o país conta nas horas de dificuldade. O PS tem de estar à altura da sua responsabilidade, que é governar Portugal e acabar com este interregno neo-liberal com tiques fascizantes.
Viva o PS!
Viva Portugal!

Seioquefizestenoverãopassadotózé. disse...

O Seguro vai embora, vem o Costa, e para Lisboa candidata-se o vice Salgado contra o Seara - que está na retranca a ver se o Costa basa mesmo e se entretanto a malta se esquece do "endorsement" suicida do Dr. Relvas. O Zorrinho também já tá de mala aviada naquela que foi a oportunidade de uma vida inteiramente dedicada ao papel de Sideshow Bob. Convenhamos que 18 meses à frente do PS é uma benesse que nem nos seus sonhos mais húmidos do Tó Zé seria possível. Aleluia!

Luís Guerra disse...

O título diz tudo. Seguro deixou-se encurralar.

Luís Guerra

Anónimo disse...

Num beco está o país.

Anónimo disse...


A socratice já deve ter percebido e cheirado a algo tipo voltar ao poder e aos assaltos ou seja uns colocam o país nos eixos e a canalha socrática começou a posicionar-se para não perder o comboio. Só se os Portugueses não tivessem memória esta trupre voltaria ao poder. Chegaram 6 anos. Já agora que sesaiba Seguro foi eleito por larga maioria como SG do PS ou isso não conta bem como o mandato.

Anónimo disse...

O Seguro é a outra face do Passos. Não há melhor entre os xuxas ?

Anónimo disse...

Se o Seguro fugir a marcar um congresso ainda fragiliza-se mais por mostrar medo.

Anónimo disse...

è incrivel como ainda há quem escreva no pressuposto que Seguro tem uma linha de pensamento. Nem um pensamento, quanto mais uma linha...

Seguro é o Passos do PS. Em pior, porque não sabe cantar.

Cada dia que ele é SG do PS é um dia a mais.

Diga-se de passagem que o Costa tb tem demonstrado sobejamente que não é assim grande coisa.
Não há lá mais ninguem?

Se a resposta é não...então que seja o Costa. Pelo menos não me dixaria dprimido de cada vez que abre a boca. Só 1 em cada 3..prai.

Miguel

Anónimo disse...

Que exigente que você é miguel (qui Jan 24, 07:25:00 PM)

Anónimo disse...

Gostava de lembrar á arrastadeira aquilo que a própria gosta de lembrar ao PS : 13 anos de PS nos ultimos 15 anos . Sabe o que significa? Significa que assim que o PSD lá chega , ao fim de 6 meses já o país inteiro está farto.
Por alguma razão andam sempre a levar pontapés antes de terminarem uma legislatura, e competencia não é certamente uma delas.

Olimpico disse...

Há lealdades que não se podem exigir, quando não se é leal. O Zé não foi leal com Sócrates, alás só não afirmou como o RELVAS: « Se fosse familiar de Sócrates, eu escondia...» ( Nessa altura, ainda não conheciamos o seu historial...)

N.B. No ultimo debate, sentiu-se "apertado" e deitou mão de algo que CALOU, durante a ofensica da coligação PSD/PP/PCP/BE « Oh Sr. Primeiro Ministro! O Sr. está aí, porque o Dr. MARCO ANTÓNIO COSTA, lhe fez um ultimato.....OU ELEIÇÕES ou Vais embora!!!!Não gostei de o ouvir, logo ele....

Sempre aqui afirmei que o Zé ao não assumir o anterior governo, seria fatal. Está mais perto do que longe, para bem do Partido Socialista e dos Portugueses.

Anónimo disse...

Até que enfim!
Respeite-se o homem e as suas qualidades. Mas critiquem-se as suas tomadas de posição quando necessário.
E tem sido bem necessário fazê-lo... Nunca se tinha visto, como agora, serem personalidades da área do poder a mostrar frustração por não ser utilizada a argumentação que se impunha por parte da oposição.
Os tempos exigem lideranças diferentes. O país precisa de alternativas credíveis.
AJS deve dar lugar a outro.Dizer isto com clareza não é "política baixa". Nem sequer estou a pensar no êxito eleitoral ou falta dele por parte do PS.