sábado, março 16, 2013

Derreter dinheiro

      Escreve Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios, no Facebook: “o défice orçamental de 2012, que tinha como objectivo inicial 4,5% e teria fechado nos 5%, afinal foi de 4,9%, ou melhor, 5,5%, quer dizer, 6%, ou na verdade, 6,6%. É simples.”

Não é, de facto, simples. Estamos em presença de um doutoramento em contabilidade criativa para consumo do “bom povo português”, sob a supervisão da troika, que já percebeu que está a ficar mal na fotografia.

A meta orçamental para 2012, estabelecida no programa de “assistência” económica e financeira (PAEF), era de 4,5%. Na 5.ª avaliação da troika, passou para 5%. Mesmo para atingir a suposta meta de 5%, e perante o estrondoso colapso da receita fiscal, o Governo e a troika socorreram-se de um conjunto variado de receitas extraordinárias no montante global de 2.400 milhões de euros. A inclusão de parte dessas receitas extraordinárias foi agora recusada pelo Eurostat, o qual acabou por apurar que o défice real de 2012 ascende a 6,6%.

Ora, atendendo a que os cortes nos salários e pensões (2200 milhões de euros, equivalente a 1,3% do PIB) é também uma medida extraordinária (e inconstitucional), então conclui-se que o défice real de 2012 ascende a 7,9%.

Que significa isto? Como o défice de 2011 foi de 7,5% (descontada a medida extraordinária que consistiu na transferência do fundo de pensões da banca), significa que o défice orçamental não só não melhorou como se agravou até.

Acontece que a política do Governo de “ir além da troika” se intensificou no Orçamento do Estado para 2012. Quando o PAEF exigia medidas de consolidação orçamental no valor de 5.073 milhões de euros, o Governo decidiu agravar a austeridade, elevando-a para 9.042,3 milhões (Relatório do OE-2012, p. 22, na versão em papel, ou p. 30, na versão on-line).

Em suma: o Governo derreteu, em 2012, mais de 9.000 milhões de euros para reduzir o défice orçamental e não o conseguiu. As trafulhices do défice escondem que se derreteu dinheiro para deixar um país mais pobre e mais longe da consolidação orçamental. Estamos perante a prova provada de que a austeridade se derrota a si própria.

7 comentários :

Anónimo disse...

E este ministro e este governo só têm um caminho : pela janela fora. E já vão tarde.
O povo que se levante. Mesmo ingovernado este país obteria melhores resultados.
Este governo é uma catastrofe que se abateu sobre o bom povo português.
Espero que finalmente o bom povo português tenha aprendido a lição...

menvp disse...

Pessoal (agora) indignado com os actuais índices económicos... todavia, no entanto, não se indignaram com o facto de SER MUITO PERIGOSO o governo de Sócrates (e outros governos) andarem a pedir 'mil milhões' às carradas. {pois é, também se tem de pensar em pagar}
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Anda por aí muita conversa que visa o perpetuar/eternizar da parolização do contribuinte: queda de governos semestre sim, semestre sim,... leia-se, 'mudar as moscas'... ficando o sistema inalterável (vira o disco e toca o mesmo): um sistema aonde os lobbys manobram sempre a seu belo prazer... e... aonde, ao passarem a «ex-», os governantes terão belos 'tachos' à sua espera.
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Manifestações em todo o país (eventualmente uma greve geral)
-> São necessárias manifestações em todo o país (eventualmente uma greve geral)... tendo em vista alterações à Constituição... que permitam uma Mudança de Paradigma Democrático:
- RETIRAR PODERES AOS POLÍTICOS... e... um sistema menos permeável a lobbys.
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-> As manifestações em causa... não terão nada a haver com as manifestações à CGTP... por motivos óbvios:
- as manifestações à CGTP visam o perpetuar/eternizar da parolização do contribuinte...
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Anexo:
Não é muito difícil de perceber que é um imperativo... RETIRAR PODERES AOS POLÍTICOS (e um sistema menos permeável a lobbys):
1- Auto-estradas 'olha lá vem um', nacionalização de negócios "madoffianos" (ex: BPN), etc… anda por aí muito pessoal a querer mandar naquilo que não é seu - o dinheiro dos contribuintes - consequentemente, como é óbvio, o Contribuinte tem de defender-se: "O Direito ao Veto de quem paga" [blog 'fim-da-cidadania-infantil'].
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2- Político armado em 'milagreiro económico', é político que quer carta branca para pedir empréstimos...
-> Contrair dívida (para isto, ou para aquilo) pode conduzir a uma ESPIRAL RECESSIVA: o aumento de impostos para pagar a Dívida Pública... provoca uma diminuição do consumo... o que provoca um abrandamento do crescimento económico... o que, por sua vez, conduz a uma diminuição da receita fiscal!
Por outras palavras: pedir dinheiro emprestado é um assunto demasiado sério para ser deixado aos políticos!!!
-> Será necessário uma campanha para motivar os contribuintes a participar... leia-se, votar em políticos, sim, mas... não lhes passar um 'cheque em branco'!... Leia-se, para além do "O Direito ao Veto de quem paga", é urgente uma nova alínea na Constituição: o Estado só poderá pedir dinheiro emprestado nos mercados... mediante uma autorização expressa do contribuinte - obtida através da realização de um REFERENDO.
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3- A participação do Banco Público, CGD, nas negociações de Cartelização da Banca.... vem reforçar aquilo que já se sabia: existe por aí muito político cujo 'trabalhinho' é abrir oportunidades para a superclasse (alta finança - capital global):
- caos nas finanças públicas;
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
Resumindo: os políticos não podem continuar a ter o poder de nomear directamente os gestores das empresas estratégicas (ex: água, e outras a definir)... leia-se, deve existir um CONCURSO PÚBLICO de gestores... e... embora seja o governo a escolher a equipa gestora vencedora do concurso público... todavia, deve existir a obrigatoriedade de partilhar informação... no sentido de que o contribuinte possa acompanhar o andamento do concurso público.

Anónimo disse...

Estou farto de dizer - tenho mais confiança no "padroeiro" dos ciganos da feira do relógio do que nesta rapaziada ou alguém por eles.

Faz-me lembrar o Vale de Azevedo, dizia o filho " o meu pai, até quando dorme, está mentir".

O trabalho da São Caetano é fazer os comunicados para os pseudos ministros lerem e não só

Não façam caso tive uma noite de insónias.

Lembro, que grandes os economistas do PPD/PSD, diziam e nós acreditavamos - "Portugal não era a Grécia, longe disso." - era uma questão de musculo"

Mais 6 meses é altura se dar um equinócio .

Eu não acredito em bruxedos - mas parece que há..hum.

O Zé Manel, peseteiro, é um mangas de alpaca...Deus nos Livre


Vou invernar, só volto quando houver luz em que eu acredite

Patusco

Anónimo disse...

Lembro que os rapazolas era só sorissos nas TVs, na AR, com os minitros desta europa falida, com o mangas de alpaca mais parece um espantalho, peseteiro - sempre pensava para comigo - riem-se de quê? a "beata" da minha querida Avó, dizia-me: "canones da igreja diz" - O riso, é sinal de ignorância" mostra um estatuto que não possuem - Só Deus, tem esse dom misericordioso e esse, não ri

Santo Deus, como tu tinhas razão, minha querida

Anónimo disse...

O Governo tem estado bastante bem nas respostas que tem encontrado para a crise financeira, que, de resto, não são respostas muito originais, são concertadas ao nível europeu, mas que têm funcionado bem em Portugal’.

Pedro Passos Coelho (10.12.2008), subscrevendo a “festa socialista” de combate à maior crise dos últimos 80 anos

Era, um compulsivo mentiroso que dizia

O rapazola queria dizer:- que fazia muito melhor quando fosse ao pote - e foi, hoje, nota-se a compulsividade das mentiras

O Correio da Manha

Anónimo disse...

Este pateta da "cidadania infantil" é de um primitivismo vai lá vai... um verdadeiro calhau.

Hush disse...

"Estamos perante a prova provada de que a austeridade se derrota a si própria."

“The boom, not the slump, is the right time for austerity at the Treasury.” (John Maynard Keynes em 1937)

O memorando original era um mal necessário para poder ficar na zona euro (tendo em conta que o BCE não quis fazer o seu papel).
Ir além desse memorando foi uma completa aberração económica, intelectual e social.
Quando é que esta aberração ideológica (austeridade perante uma armadilha da liquidez) encontrará a sua sepultura... simplesmente não o sei dizer, mas sei que este País não terá paz enquanto V. gaspar ocupar a cadeira que ocupa.