segunda-feira, março 18, 2013

"Eis agora o incêndio"

• Rui Tavares, 1913 [hoje no Público]:
    ‘(…) o atual presidente cipriota tem tão pouco desejo de maçar os seus parceiros russos quanto o seu antecessor comunista. Não só quer obrigar os grandes depositantes a pagar um imposto extraordinário de 9,9% como, profanando o território sagrado da garantias bancárias para os pequenos aforradores, que desde Roosevelt têm servido para impedir corridas aos bancos, pretende efetuar um saque de 6,75% aos depositantes abaixo de 100 mil euros. Para levar isto a cabo, os bancos foram encerrados e as transferências bloqueadas. Mais uma daquelas coisas que "não acontecem na Europa" acabou de acontecer sob os nossos olhos.

    Ou seja: estes loucos no poder aproveitaram um período de relativa acalmia para acender um fósforo no paiol. As consequências são imprevisíveis, em particular para as bancas dos países do Sul. Sem garantia bancária e com a possibilidade de um "corralito" à Argentina, estão criadas as condições para uma fuga de capitais como aquela que, entre abril de 2010 e abril de 2011, tirou 78 mil milhões de Portugal e abriu caminho à nossa desgraça.

    Há quase cem anos, o grande socialista europeu que foi Jean Jaurès escreveu: "Os povos da Europa andaram pelos caminhos com as tochas na mão; e eis agora o incêndio".’

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