É oficial: Eurostat confirma que o défice orçamental em 2012 ficou em 6,4% do PIB. Vale a pena rever a matéria dada, na qual se sublinhava que a política de “ir além da troika” se traduziu em o Governo impor quase o dobro de medidas de austeridade acordadas no memorando de entendimento, tendo assim o Governo estado no essencial a derreter dinheiro.
Eis o post de 16 de Março de 2013:
Não é, de facto, simples. Estamos em presença de um doutoramento em contabilidade criativa para consumo do “bom povo português”, sob a supervisão da troika, que já percebeu que está a ficar mal na fotografia.
A meta orçamental para 2012, estabelecida no programa de “assistência” económica e financeira (PAEF), era de 4,5%. Na 5.ª avaliação da troika, passou para 5%. Mesmo para atingir a suposta meta de 5%, e perante o estrondoso colapso da receita fiscal, o Governo e a troika socorreram-se de um conjunto variado de receitas extraordinárias no montante global de 2.400 milhões de euros. A inclusão de parte dessas receitas extraordinárias foi agora recusada pelo Eurostat, o qual acabou por apurar que o défice real de 2012 ascende a 6,6%.
Ora, atendendo a que os cortes nos salários e pensões (2200 milhões de euros, equivalente a 1,3% do PIB) é também uma medida extraordinária (e inconstitucional), então conclui-se que o défice real de 2012 ascende a 7,9%.
Que significa isto? Como o défice de 2011 foi de 7,5% (descontada a medida extraordinária que consistiu na transferência do fundo de pensões da banca), significa que o défice orçamental não só não melhorou como se agravou até.
Acontece que a política do Governo de “ir além da troika” se intensificou no Orçamento do Estado para 2012. Quando o PAEF exigia medidas de consolidação orçamental no valor de 5.073 milhões de euros, o Governo decidiu agravar a austeridade, elevando-a para 9.042,3 milhões (Relatório do OE-2012, p. 22, na versão em papel, ou p. 30, na versão on-line).
Em suma: o Governo derreteu, em 2012, mais de 9.000 milhões de euros para reduzir o défice orçamental e não o conseguiu. As trafulhices do défice escondem que se derreteu dinheiro para deixar um país mais pobre e mais longe da consolidação orçamental. Estamos perante a prova provada de que a austeridade se derrota a si própria.
Eis o post de 16 de Março de 2013:
- Escreve Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios, no Facebook: “o défice orçamental de 2012, que tinha como objectivo inicial 4,5% e teria fechado nos 5%, afinal foi de 4,9%, ou melhor, 5,5%, quer dizer, 6%, ou na verdade, 6,6%. É simples.”
Não é, de facto, simples. Estamos em presença de um doutoramento em contabilidade criativa para consumo do “bom povo português”, sob a supervisão da troika, que já percebeu que está a ficar mal na fotografia.
A meta orçamental para 2012, estabelecida no programa de “assistência” económica e financeira (PAEF), era de 4,5%. Na 5.ª avaliação da troika, passou para 5%. Mesmo para atingir a suposta meta de 5%, e perante o estrondoso colapso da receita fiscal, o Governo e a troika socorreram-se de um conjunto variado de receitas extraordinárias no montante global de 2.400 milhões de euros. A inclusão de parte dessas receitas extraordinárias foi agora recusada pelo Eurostat, o qual acabou por apurar que o défice real de 2012 ascende a 6,6%.
Ora, atendendo a que os cortes nos salários e pensões (2200 milhões de euros, equivalente a 1,3% do PIB) é também uma medida extraordinária (e inconstitucional), então conclui-se que o défice real de 2012 ascende a 7,9%.
Que significa isto? Como o défice de 2011 foi de 7,5% (descontada a medida extraordinária que consistiu na transferência do fundo de pensões da banca), significa que o défice orçamental não só não melhorou como se agravou até.
Acontece que a política do Governo de “ir além da troika” se intensificou no Orçamento do Estado para 2012. Quando o PAEF exigia medidas de consolidação orçamental no valor de 5.073 milhões de euros, o Governo decidiu agravar a austeridade, elevando-a para 9.042,3 milhões (Relatório do OE-2012, p. 22, na versão em papel, ou p. 30, na versão on-line).
Em suma: o Governo derreteu, em 2012, mais de 9.000 milhões de euros para reduzir o défice orçamental e não o conseguiu. As trafulhices do défice escondem que se derreteu dinheiro para deixar um país mais pobre e mais longe da consolidação orçamental. Estamos perante a prova provada de que a austeridade se derrota a si própria.
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