sábado, abril 27, 2013

Do PEC 4 ao DEO: Cavaco, Gaspar, Passos e Portas


O Governo prepara-se para apresentar brevemente em Bruxelas o DEO, o documento de estratégia orçamental. O DEO é o documento que o Estado está obrigado a elaborar todos os anos, no qual se condensam as orientações que irão enformar o Orçamento do Estado. O DEO é o PEC (programa de estabilidade e crescimento) com outra designação. E notoriamente com outra substância.

Vale a pena recordar que a oposição, nomeadamente o PSD, chumbou o PEC 4 em nome da necessidade de sustar a austeridade. Agora, o psicopata social, também conhecido por troika finance minister, chega ao Conselho de Ministros e enuncia os alvos a abater: os trabalhadores do Estado, os pensionistas e reformados e o Estado social. Caíram os disfarces. Na hora actual, já não subsistem dúvidas do que quer este governo: quer cortar pensões, quer reduzir salários dos funcionários públicos, quer proceder a despedimentos no Estado, quer transformar o SNS, a escola pública e os apoios sociais numa caricatura do Estado social. Foi a este governo que Cavaco deu a sua bênção.

Entretanto, segundo o jornal i, aquilo que não incomoda Cavaco estará a causar apreensão entre alguns governantes. Paulo Portas terá feito críticas ferozes ao enésimo PEC DEO de Gaspar, no que foi secundado por ministros do PSD como Miguel Macedo, Aguiar Branco e Teixeira da Cruz, para além dos ministros do CDS e do Álvaro.

A enorme barafunda em que se transformou o Conselho de Ministros, que agora se reúne em sessões contínuas, revela que até no próprio governo Vítor Gaspar e Passos Coelho estão isolados. Mas revela mais: enquanto há ministros que têm ainda aspirações de poderem fazer carreira política, e por isso se revelam hesitantes em apoiar esta pilhagem de cariz medieval, o êxito das carreiras de Gaspar e Passos depende exactamente de cumprirem as funções de que estão incumbidos. Depois, um poderá ascender na hierarquia do BCE; o outro, regressar ao seio da direita dos interesses. Cavaco, esse, terá conseguido transformar o Estado solidário num Estado assistencialista.

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