Estar ou não estar, eis a questão

Paulo Portas faltou estrondosamente à tomada de posse dos novos membros do Governo. Inquirido sobre os motivos da ausência, mandou dizer que estava longe de mais, o que não deixa de ser uma verdade no plano metafórico. Pelo contrário, Passos Coelho veio dizer que só deveriam ser justificadas as faltas de quem estivesse no estrangeiro, dando até o bom exemplo do ministro da Administração Interna, que só não compareceu por estar fora do território nacional. Pelo meio, Passos lá adiantou que só Portas poderia esclarecer as razões da ausência.

Dado silêncio de Paulo Portas, o CC faz um favor a Passos Coelho, ajudando-o a compreender a situação. O seu camarada de coligação está desgostoso e ressentido das sucessivas afrontas, que começaram com a sua indigitação para n.º 3 do Governo, continuaram com a subtracção de todas as suas competências em matéria europeia e tiveram como pormenor recente mais picante a proibição de viajar ao estrangeiro.

E, segundo o CC apurou junto das suas fontes, Portas não conseguiu digerir o facto de ter havido um aumento do número de secretários de Estado e ministros na recente “remodelação”, sem o seu partido ter sido sequer contemplado, com violação da regra de proporcionalidade que o PSD invoca para explicar a correlação de forças no Governo.

A coisa pode estar por um fio — apesar da invulgar capacidade de encaixe de Paulo Portas.