sexta-feira, abril 19, 2013

O caso holandês

O governo holandês tinha decidido impor ao seu povo um violento programa de austeridade. Acontece que, entretanto, a economia entrou em recessão e a taxa de desemprego atingiu o valor mais elevado dos últimos 18 anos (8,1%). Tanto bastou para que o governo holandês travasse o programa de austeridade. Mas continua a fazer força para que os países do Sul da Europa mergulhem na austeridade — com a entusiástica aquiescência de Gaspar & Passos.

5 comentários :

Anónimo disse...

Estava eu a ler um livro (Economics, Krugman & Wells) e aparece-me um parágrafo que representa a imbecilidade dominante.
Diz, a propósito das reações (então limitadas - enfim inícios do séc. XX) que deveriam ser tomadas para lidar com a Grande Recessão de 1929 e tais que o então secretário de estado do Tesouro de Hoover (presidente dos EUA), um senhor de seu nome Mellon, dizia a propósito do remédio necessário (tradução minha): a queda ('empobrecimento' na linguagem atual) é algo de bom, "irá eliminar a podridão do sistema, os elevados custos de vida e a vida acima das possibilidades desaparecerá, as pessoas trabalharão mais numa vida de valores morais mais elevados, os valores serão ajustados e as pessoas com mais iniciativa colherão os destroços daqueles menos competentes".
Os resultados foram os que se viram.
A desgraça foi total e global.

menvp disse...

A técnica é a mesma:
-> No passado, para 'deitar a luva' aos bens (ex: propriedades) de determinadas famílias... os usurários encitavam as famílias em causa a endividarem-se cada vez mais...
-> No presente, para 'deitar a luva' aos bens dos países... os usurários encitam os governos a emitirem dívida e mais dívida...
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-> Marionetas ao serviço da superclasse CAVAM BURACOS SEM FIM (nas finanças públicas, nas empresas públicas, na Banca)...
-> O resultado do endividamento excessivo tem sido um festim para a superclasse (alta finança - capital global): a superclasse tem vindo a assumir o controlo de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
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->>> Primeiro: Todos pudemos assistir a uma incrível e MONUMENTAL CAMPANHA no sentido de ridicularizar todos aqueles que eram contra o 'viver acima das possibilidades' - leia-se, campanha no sentido de ridicularizar todos aqueles que eram anti-endividamento excessivo -; um exemplo: no passado, Manuela Ferreira Leite foi ridicularizada por ser uma ministra anti-deficit-excessivo.
->>> Depois: Hoje em dia, todos podemos assistir a uma incrível e MONUMENTAL CAMPANHA contra os defensores da austeridade; um exemplo: chegam a retratar o contribuinte alemão como novos fascistas/nazis...
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-> O discurso anti-alemão que reina nos media internacionais (nota: são controlados pela superclasse) é uma consequência óbvia: depois de andar a 'cavar-buracos'... e andar a saquear contribuintes em vários países... a superclasse quer saquear o contribuinte alemão.
-> A firmeza do contribuinte alemão (não cedendo à pressão exercida internacionalmente...) é fundamental para salvar a Europa!
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Nota 1: Depois de 'cozinhar' o caos... a superclasse aparece com um discurso, de certa forma, já esperado!... Exemplo: veja-se a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida»
Nota 2: Como o contribuinte alemão está firme... o mega-financeiro George Soros defende agora um Euro sem a Alemanha... para que... a superclasse (alta finança - capital global) possa PROLONGAR O FESTIM proporcionado por países a endividar-se excessivamente (países a viverem acima das suas possibilidades).

Anónimo disse...

é exactamente a mesma via que pretendem os mesmos cidadãos podres e amorais que deixamos chegar ao poder nos ultimos anos.
Isto não vai acabar bem para nenhuma das partes em conflito.
Ninguém sairá vencedor nesta crise, e como de costume não há estadistas á altura da situação. Porque os estadistas só aparecem depois do mal já feito, para apanhar os cacos e construir de novo. É a lei da vida das sociedades, das nações.Milhares de anos de história e continuamos a cometer os mesmos erros, ad eternum...

joaopft disse...

A Holanda pode-se dar ao luxo de o fazer, pois paga juros abaixo da inflação. Age numa perspectiva egoista, estando-se nas tintas para outros como nós, que precisam de apoio macroeconómico para sair do buraco.

No nosso caso, se:

1) fossem emitidas eurobonds para controlar o preço do financiamento público;
2) houvesse uma desvalorização sensível do euro (para ficar em paridade com o dólar) para melhorar a competitividade das exportações europeias;
3) o BCE colocasse o objectivo da taxa
inflação a 6%, para dar uma ajuda à redução da dívida;

então o problema resolvia-se facilmente (com crescimento económico).

Foi isto que se fez depois da 2ª Guerra Mundial, para pagar as dívidas da guerra sem deixar no desemprego os soldados desmobilizados. Pode-se imaginar o problema político que se teria criado se os políticos de então não tivessem tido bom senso.

Anónimo disse...

Lá está, os estadistas desse tempo ( pós guerra) só surgiram depois do mal feito : uma guerra de vários anos que destruiu completamente uma boa parte da europa.
Não gostava que a história se repetisse, mas tudo aponta neste momento para isso, infelizmente.
Nós não estamos no momento imediatamente posterior á guerra, estamos sim á beira dela, á beira do momento da catástrofe.