terça-feira, abril 30, 2013

"O Presidente deixou de ser de todos os portugueses e partidariamente neutral - como manda a Constituição - para passar a ser o chefe efetivo do Governo, como tinha já dito Sócrates"

• Mário Soares, O Estado social e a hora da Esquerda:
    ‘Mas o mais extraordinário não foi isso. Foi o discurso partidário e anticonstitucional do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que indignou o PS, toda a Esquerda e a esmagadora maioria da população portuguesa, que se manifestou na tarde do mesmo dia, por forma clara e direta.

    Na verdade, parece que o Presidente deixou de ser de todos os portugueses e partidariamente neutral - como manda a Constituição - para passar a ser o chefe efetivo do Governo, como tinha já dito Sócrates. Governo que, aliás, nem sequer tem a ver com o PSD, na sua maioria, ou com o CDS/PP, mas apenas com partículas ínfimas (que mal se entendem entre si) dos dois referidos partidos. Pôs assim em evidência, como a Esquerda entendeu, que é quem manda no Governo, primeiro como a visita apressada de Vítor Gaspar e de Passos Coelho, no dia anterior, comprovou. E depois, no dia seguinte, procurou salvar o Governo - contra todos - quando este se encontra moribundo, desarticulado entre os ministros, estando há muito tempo completamente paralisado.

    Foi um discurso que revelou uma personalidade de alguém que raramente fala, que cai em contradições e que os portugueses, como as sondagens revelam, não tomam, nos últimos tempos, muito a sério.’

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