• Pedro Adão e Silva, Um outro consenso é possível? [hoje no Expresso]
- ‘De tempos a tempos ressurge, contudo, a necessidade de um amplo consenso político. No fundo, se nos entendermos, tudo correrá bem. Esta foi uma dessas semanas dedicadas aos consensos. Carta para cá, reunião para lá e até o Presidente da República, enquanto colocou o discurso da “espiral recessiva” numa gaveta, veio sublinhar que “o consenso é decisivo para o país ultrapassar as dificuldades”. É, de facto, verdade. Mas o que Portugal precisa é de outro consenso, em torno de prioridades muito distintas daquelas que agora são apresentadas.
Enquanto se insistir que a crise da dívida soberana é uma oportunidade para desmantelar as funções sociais do Estado e se continuar a defender a falácia de que fomos resgatados por força de um alegado desvario despesista a partir de 2009 – que nem sequer das folhas de cálculo de Gaspar pode constar – não é possível qualquer tipo de entendimento político alargado em Portugal. Não menos relevante, faz algum sentido robustecer a coligação de apoio a uma estratégia que é suicida e que, ao mesmo tempo que vai destruindo a economia portuguesa, impede objectivamente que resolvamos o problema da dívida?
Há em tudo isto um lado trágico: estamos a laborar numa ilusão coletiva, em que a vontade de ocultar a realidade convive com elementos de dissonância cognitiva.
Ainda esta semana, o "Financial Times" revelou um documento da troika que reconhecia que Portugal dificilmente evitaria um segundo resgate, já que as dificuldades de financiamento pós-memorando serão substantivamente mais elevadas do que antes da crise. Podemos encontrar eufemismos para o que virá a seguir, mas o nosso financiamento continuará a ser assistido.
Entretanto, em Washington, o FMI continua a afirmar que “a Europa deve fazer todos os possíveis para estimular a procura interna” e que “o sequestro dos orçamentos vai levar a consolidação excessiva”. Como se estivessem numa realidade cognitiva paralela, os funcionários da troika, liderados por Vítor Gaspar, continuam a repetir o oposto.’
1 comentário :
É uma guerra de bastidores entre crenças ideológicas e patrões do dinheiro a nivel mundial.
As grandes corporações sabem que dentro de anos estarão esgotadas a nivel de rendimentos : tudo o que fazem, o oriente poderá fazer por um custo fraccionário, que invadirá os mercados que até agora se acham protegidos, os mercados dos paises tecnológicamente avançados.
Há por isso que avançar para o negócio mais rentável que existirá nos próximos séculos : o da saude e o da educação. E é só por isto, meus senhores, é só por isto que anda para aí muito politico com a sanha de acabar com o estado social ( não só cá, mas em todos os paises que o tenham).
Porque com a saude e a educação nas mãos dos privados, há rentabilidades garantidas na certa.As pessoas precisam tratar-se e educar os filhos, não é?
E os politicos que insistem nesta austeridade são precisamente os que prometeram este " lombinho" aos grupos privados.
Não é nem mais nem menos do que isto.
Como a ganancia desmesurada destroi paises, é algo que já vimos acontecer noutras épocas, pela história afora. E esta repete-se hoje, porque o ser humano, infelizmente e apesar de milénios a tentar nega-lo, nunca , mas nunca aprende.
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