quinta-feira, maio 02, 2013

1º de Maio cinzento

• Rui Pereira, 1º de Maio cinzento:
    'Esta atitude dos nossos responsáveis políticos, que vão apresentando planos sucessivos e paradoxais de aumento do desemprego e de redução dos salários para "redimir" o País, contraria os mandamentos constitucionais que se obrigaram a cumprir. A Constituição de 1976, para além de garantir aos trabalhadores a segurança no emprego (numa norma contra a qual se encarniça o pensamento neoliberal), estipula que todos têm direito ao trabalho e que compete ao Estado promover a execução de políticas de pleno emprego para assegurar esse direito.

    Dir-se-á que ninguém descobriu ainda a chave da sociedade perfeita e que todos os Estados se confrontam, em maior ou menor grau, com os problemas do desemprego e da pobreza. Mas esta verdade axiomática não dissimula uma outra evidência: há várias formas de conceber o trabalho no plano político, jurídico e económico. Se, para alguns, o trabalho é sobretudo um contrato de natureza privada e um "custo de produção" que importa reduzir a todo o custo, para outros é um fator de realização pessoal e integração comunitária, inerente ao contrato social.

    A doutrina social da Igreja e o ideário social--democrata ou socialista convergem neste entendimento do trabalho humano: as relações laborais constituem um pressuposto de realização dos mais diversos direitos pessoais, económicos, sociais e culturais, desde o direito de constituir família até ao direito à saúde, à habitação ou à educação. E a única perspetiva que respeita o programa constitucional dos direitos fundamentais coloca a economia ao serviço das pessoas e as finanças públicas ao serviço da economia. Ao contrário do que tem acontecido…'

1 comentário :

Anónimo disse...

São também estes direitos, conquistados por arduas lutas passadas, que evitam que as sociedades caiam na exploração do homem pelo seu semelhante, como acontecia em tempos passados.
As pessoas esquecem que estes direitos não apareceram por geração espontanea: são o resultado de décadas de luta por condições de vida dignas para quem trabalhava.
Que hoje se preconize a retirada destes direitos a uns só porque os outros não os têm é uma completa subversão de valores e estupidez pura.
Não temos que invejar o próximo, temos é de lutar para conseguir os mesmos direitos para quem não os têm.
Infelizmente há quem não os tenha e que mesmo assim em vez de dispender esforços tentando consegui-los berra que os outros é que têm a mais.
Próprio de mediocres e invejosos.