segunda-feira, junho 17, 2013

A culpa nunca é do FMI

• João Galamba, A culpa nunca é do FMI:
    ‘Para o FMI, a culpa não é da austeridade, é da prioridade que foi dada ao aumento de impostos. Tivessem os países da periferia cortado ainda mais salários da função pública, despedido mais trabalhadores, cortado mais a fundo no subsídio de desemprego, na educação, na saúde e nas pensões e tudo teria sido diferente. Como é evidente, nada disto faz sentido, porque os cortes na despesa são ainda mais recessivos do que os aumentos de impostos.

    Mas o maior pecado do FMI é a sua insistência na estratégia de desvalorização interna. Em primeiro lugar, o FMI parte de uma narrativa errada sobre as causas da deterioração da balança corrente e de capital dos países da periferia. No caso português, por exemplo, o FMI parece acreditar que o nosso desequilíbrio externo foi criado porque o país se tornou caro.

    Acontece que, na última década, a balança de bens e serviços se manteve relativamente estável, o que contraria a tese de perda de competitividade via preço. O que se deteriorou foi a balança de rendimentos, que se deve aos fluxos de capital que a integração monetária e financeira da moeda única tornou possível e que não tem qualquer relação com custos e competitividade. Mas este é um caminho que o FMI se recusa a trilhar.

    Quando se parte de uma premissa errada, é natural que a crise se agrave e os resultados teimem em não aparecer. Apesar de pressupor uma relação entre Custos Unitários do Trabalho e exportações que a experiência empírica desmente - os CUTs têm baixado sem que isso se reflita em maior dinamismo das exportações, antes pelo contrário - o FMI insiste na estratégia. No relatório da sétima avaliação, divulgada na última quinta feira, o FMI diz mesmo que se as exportações não crescem mais é porque os CUTs ainda não desceram o suficiente. Que o corte nos salários não seja a chave para a saída da crise é algo que não entra na cabeça dos economistas do Fundo. E que essa via possa agravar a crise e tornar a dívida do país (ainda mais) insustentável também não.

    O abismo vem já a seguir. E a culpa, como é evidente, não será do FMI.’

3 comentários :

M.Almeida disse...

Oh Migeul Abrantes, esta declaraçõa do J.Galamba é mais ao menos como o partido socialista. A culpa nunca é dele. Esteve desde 95 no governo até 2011 (estando fora 2 anitos), mas a culpa nunca é do PS. É da Merkel, da direita, dos sindicatos, da comunicação social, das cabalas, dos jornalistas mal dizentes, da troika, do FMI e de um sem fim de entidades que o PS tem por hábito culpar. O PS infelizmente nunca ssume os erros , pois se o fizesse talvez as pessoas olhassem de outra forma para o PS. Mas é assim: a culpa nunca é do PS!

Anónimo disse...

Ó Miguel, parece que as arrastadeiras do Relvas transitaram para o Maduro. Continuam empregadas é o que vale. Mas continuam a não ler os textos sobre os quais se pronunciam. É a tese da culpa ou de viver acima das possibilidades! Já não há pachorra! Ò arrastadeira, diz lá quais foram os erros do PS! És capaz de apontar um em concreto! Ou essa parte o Maduro ainda não redigiu o argumentário! Bastam uma bocas à taxista!!!!

Anitas&Anitos há muitos disse...


Como é que é, pá?


Aqui para o "taxista": qual é a parte do "estando fora dois anitos" que atribuis ao PS, nos "fantásticos" Governos desses dois grandes estadistas, Durão e Santana, ou sejam, os TRÊS ANOS de governação (?) que decorreram entre Março de 2002 e Março de 2005?


Ou queres tu dizer-nos que, nesses três "anitos", os Governos PSD/CDS foram tão bons, ou tão maus, que nem contam (e até os desvalorizas em 33% da sua duração...)?


Mascaganda taxistas têm estes maduros do atual "guvernito"...