A coisa não saiu bem

Depois de a Dr.ª Manuela o ter feito na quinta-feira, cabe hoje a Ricardo Costa sair em defesa de Cavaco no Expresso. Fá-lo com a mesma consistência com que, ainda há poucas semanas, afirmava repetidamente ter a certeza de que o Governo chegaria ao fim da legislatura. Em síntese, a evolução da posição de Ricardo Costa tem sido assim: se antes havia razões insuperáveis para manter o actual governo, agora há insuperáveis razões para dar a mão a Cavaco e ao “compromisso de salvação nacional”.

Acontece que o último período do artigo de Ricardo Costa trai toda a sua argumentação: “(…) um acordo com um horizonte temporal de um ano não oferece qualquer perigo estrutural.” Ora, se houve ponto em que Cavaco não foi dúbio, foi precisamente no de que Belém pretende amarrar os partidos políticos a um acordo de médio prazo.

Pode Ricardo Costa sustentar que o acordo “não oferece qualquer perigo estrutural” (seja lá isso o que for), quando admite que o repto de Cavaco “não deixa de abrir uma porta ao processo de indiferenciação de PSD, PS e CDS, o que pode ser perigoso para a nossa democracia”?