• Tomás Vasques, Daqui fala o morto:
- ‘Quando um Presidente da República abandona o seu papel de árbitro do sistema político e abdica publicamente, em várias ocasiões, da possibilidade de usar poderes que lhe estão conferidos, como a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas, em nome uma "estabilidade política" que não incomode os mercados e a troika, está apenas a transmitir ao governo, comprovadamente irresponsável e incompetente, que faça o que fizer, aconteça o que acontecer, o alto magistrado da nação "não é um problema"; quando um Presidente da República se assume como patrono desse governo, como se tivesse sido escolhido por si, e vai à Assembleia da República, no dia 25 de Abril, dar-lhe o seu total apoio e zurzir na oposição, e sobretudo no Partido Socialista, obviamente que transmite que o inquilino de Belém não era um estorvo a um governo que, qual cadáver em decomposição, se desfazia num mar de intriga, de contradições e era origem de todas as instabilidades políticas; quando um Presidente da República age assim, quase sempre em silêncio, conivente com o descalabro a que assistíamos diariamente, permite que os personagens deste enredo tomem o freio nos dentes mal o mandante, Vítor Gaspar, saltou do barco. Um, Paulo Portas, viu a sua oportunidade de dar o "golpe do baú" e o outro, Passos Coelho, cuja noção do exercício do poder, democraticamente conferido, se traduz por "ir ao pote", bebeu o cálice de veneno que o líder do CDS-PP lhe serviu, até à última gota, para não ter de sair deste filme das "mil e uma noites" e voltar ignorado e vilipendiado ao seu apartamento de Massamá.
O senhor Presidente da República, um dos principais responsáveis pelo estado a que isto chegou, cuja mesquinhez o faz reagir mais em função de "ofensas" pessoais do que da difícil vida dos portugueses ou da deterioração da situação política, não tem autoridade política para, agora, depois de empenhar todos os créditos neste governo, querer que os socialistas o salvem, a ele e a este governo, do pântano em que se afundaram. E muito menos fazer das próximas eleições, inevitavelmente antecipadas, e da democracia, um fantochada alicerçada num "pacto", a médio prazo, entre os partidos do "arco da governabilidade". A não-solução apresentada pelo senhor Presidente da República é apenas um compasso de espera para a marcação de eleições antecipadas. E quanto mais tarde pior.’
1 comentário :
Impeachment, já!
JCarvalhinho
Enviar um comentário