Excerto da entrevista de José Eduardo Martins, antigo dirigente e deputado do PSD, ao exânime Sol:
- Ideologicamente falando, sente-se hoje mais perto do CDS do que do PSD?
Não, mas ideologicamente não sei onde está o PSD. O PSD é hoje o partido de um presidente literalmente ausente. Parece que nem sequer conduz as reuniões da Comissão Politica. O presidente do PSD tem um conjunto de convicções que vai pondo em prática praticamente sem oposição. E tem uma direcção que não é verdadeiramente uma direcção política. Na semana passada, a primeira intervenção pública do coordenador ou vice-presidente ou presidente em exercício foi desastrada. Dar uma conferência de imprensa sobre swaps para perguntar se o documento tinha sido reportado ao MP, era perguntar se tinha sido denunciado à Polícia o autor [Joaquim Pais Jorge] de um documento que nós tínhamos levado para o Governo. É uma tonteria em ponto de rebuçado. As pessoas gostam de ser tratadas com inteligência. O PSD não tem sabido fazer isso.
Acha que Marco António Costa pode ser o próximo líder do PSD?
Deus nos livre, mas tudo é possível.
O caso dos swaps manchou também este Governo?
A senhora ministra não podia, em circunstância alguma, rodear-se de colaboradores cujo currículo estava ligado ao lado de quem tinha andado a vender o que agora diaboliza. Não podemos achar que os contratos são maus e contratar para os resolver quem os andou a propor.
É muito crítico da governação. Qual seria o caminho alternativo?
Desde o início, ter percebido que um modelo de reajustamento rápido com mezinhas liberais de há 20 anos, à direita do que é o tradicional PSD, ainda por cima sem começar por fazer a reforma do Estado, não ia funcionar. Andámos dois anos a aumentar impostos sem cuidar do essencial.
O CDS alertou para isso.
Sim, mas o discurso e a prática são coisas diferentes. A coisa mais perturbante é a circunstância em que o PSD decidiu dar esta guinada para a direita, enquanto o CDS decidiu aproximar-se do centro, onde estão as pessoas. Se o CDS tivesse um líder com outra credibilidade podia ter sido invertida a relação de forças à direita de forma inédita.
1 comentário :
Este sacristão do José Eduardo Martins ficou ressabiado por não ter sido convidado para nenhum cargo governamental...
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