quinta-feira, agosto 08, 2013

"Os jornalistas, muitos deles, aceitam como "natural" o discurso do poder, e tendem a repeti-lo sem o questionar"

• José Pacheco Pereira, Comunicação social e poder político [hoje na Sábado]:
    ‘(…) os moods da comunicação social são particularmente perversos nestes dias, tão próximos que estão da linguagem do poder. Os jornalistas podem pensar que fazem muitos estragos com as denúncias dos governantes-swap, e que com isso cumprem a sua função.

    Mas o pior é o resto, o quase tudo do dia-a-dia, as background assumptions do que "escrevem", o seu discurso. Por exemplo: alguém me pode explicar por que razão a diminuição do IRC para as empresas é "positiva" e saudada com parangonas e o corte retrospectivo das pensões de reforma não é "negativo" (quando não é apresentado como "positivo" no mambo jambo da "reforma do Estado") ? Como se dizia nos reclames do restaurador Olex, um "preto com cabelo louro ou um branco com carapinha" não é "natural".

    O que se passa é que os jornalistas, muitos deles, aceitam como "natural" o discurso do poder, e tendem a repeti-lo sem o questionar. Interiorizaram uma visão ideológica da realidade e a sua "inevitabilidade" e, como não são os alvos de muitas das medidas contra a função pública e os reformados, são indiferentes a essas pessoas. E fazem os seus títulos, escrevem os seus editoriais, constroem as suas notícias em função disso.’

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