Da entrevista ontem dada por Ângelo Correia ao Diário Económico escolho duas passagens. Uma sobre Passos e Menezes, na qual o terrível Ângelo afiança que ambos foram criações de um aviário que ele lá tem para promover a procriação de presidentes do PSD (embora os resultados dos dois primeiros ensaios, confessa, tenham sido um rotundo fracasso):
- Já está a formar o próximo primeiro-ministro de Portugal?
[Risos] É uma provocação excessiva porque não formei nenhum. Apenas fui amigo de dois líderes do PSD. Obviamente que tentei, ao longo da minha vida de contacto com os dois, influenciá-los no sentido de transmitir-lhes aquilo que eu pensava que era necessário para que o partido fosse melhor.
Falamos de Pedro Passos Coelho e Luís Filipe Menezes.
Foram os dois que eu influenciei efectivamente no sentido de ajudar a que o partido que eles protagonizavam, porque eles eram os líderes, tivesse melhor capacidade de perceber o país e de propor medidas correctas e que representassem melhor os cidadãos. Esse foi o meu grande objectivo. Como falhei no outro caso e acho que falhei neste, nesta altura para mim o afastamento da vida política partidária é óbvio.
A outra passagem é sobre “aquela equipa dos senhores Lombas e companhias que para lá andam”:
- (…) vi uma coisa terrível: a incapacidade do senhor em dar respostas claras. A coisa que eu não percebi e ainda mais grave foi a própria sanção praticada por um colega dele que publicamente o desautorizou. Isto é, quem verdadeiramente correu com o dr. Pais Jorge do Governo foi o dr. Lomba, em directo nas televisões. Ora bem, isto significa que há um problema de comunicação.
Um problema de comunicação quer interna, quer externa?
Estas pessoas brilhantes, tecnocratas, técnicos brilhantes, competentes, capazes, que eu não tenho dúvidas nenhumas que são sérias, quando entram no jogo político, na actividade partidária, é um jogo completamente diferente. E têm de ser preparados para isso. E a primeira coisa que têm de ser preparados é para falar perante jornalistas. Ou seja, se alguém neste Governo idealizou os 'briefings', então tem de preparar os seus colegas para estarem presentes no 'briefing' e responderem cabalmente, sem se desautorizarem a eles próprios e sem deixarem de responder às perguntas que os jornalistas fazem. Ora isso não aconteceu. Isto é o primeiro erro daquela equipa dos senhores Lombas e companhias que para lá andam. Julgo que a missão deles é tratarem do problema da comunicação. O segundo é a própria expressão do secretário de Estado [Pedro Lomba] que lança um equívoco terrível sobre o comportamento do secretário de Estado Pais Jorge. Quando isso é dito por um colega nos termos em que o foi, é perigosíssimo politicamente. Porque quem tem a autoridade para fazer uma caracterização dos actos de um membro do Governo é o primeiro-ministro.
Suponho que isto, em linguagem laranja, significa que o terrível Ângelo está a despedir, através dos media, Pedro Lomba, tal como este fez ao ajudante da Miss Swaps. Um cartão vermelho directo que se poderá traduzir, para não maçar o Sr. Presidente com mais cerimónias de posse, em acondicionar discretamente o secretário de Estado adjunto do ministro adjunto num gabinete com vista para o Cemitério dos Prazeres e deixá-lo entretido a escrever as memórias dos briefs do Lomba. Ao ser afastado dos briefings, há que saber aproveitar o tempo.
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