segunda-feira, outubro 07, 2013

Os mentirosos também se abatem

— Ó Paulo, não eras tu que tinhas traçado uma linha vermelha
por causa da TSU dos pensionistas?

Não chegava a Paulo Portas ter omitido, na conferência de imprensa que deu para anunciar os resultados da 8.ª e 9.ª avaliações da troika, a dose cavalar de austeridade oferecida pelo Governo na 7.ª avaliação. Paulo Portas omitiu também o corte que o Governo prepara nas pensões de sobrevivência.

Na quinta-feira, o desenho da medida não estava terminado”, diz agora Paulo Portas, apanhado em contrapé. Como salienta o deputado do PS Pedro Marques, “esta resposta só pode ser um daqueles casos em que alguém inventa uma treta para justificar a anterior, e cada vez fica mais enredada na aldrabice…

Com efeito, acrescenta Pedro Marques, “se não se tratasse de um problema de mentirite compulsiva, isto seria muito mais grave”, uma vez que, “se a medida não estivesse desenhada na quinta-feira, dia da conferência de imprensa, quando já estava concluída a missão da troika, então isso significaria que o Governo tinha acordado um corte de 100 milhões em pensões de viúvas e viúvos, sem sequer se dar ao trabalho de perceber previamente com rigor quanto e a quem iria cortar as pensões.

Mas hoje já se sabe que a TSU dos viúvos faz parte de um memorando assinado com a troika no dia 2 de Outubro. A conferência de imprensa realizou-se no dia 3 de Outubro. Paulo Portas, que coordenou as negociações com a troika, poderia não conhecer o memorando? Depois da Miss Swaps e de Machete, é Paulo Portas que é apanhado a mentir — com os todos dentes.

3 comentários :

Anónimo disse...

Uma coisa é certa. Esta bronca, se não for a audição de machete amanhã, começa a fazer esquecer a bronca do Machete.... Broncas em sessões continuas como no Olimpia...

Anónimo disse...

Muito haveria a dizer sobre mais esta brutalidade, que desencadeou mais um circo mediático, ontem iniciado com a "fuga de informação" para a Tsf, até à indigente e vergonhosamente ignorante campanha desenvolvida hoje em todas as rádios e tvs sobre a natureza destas pensões, sempre equiparadas a apoios sociais e por isso defendendo o princípio da "condição de recursos", ou seja, fazê-las depender do nível de rendimentos dos pensionistas.
Raramente foi referido, e nunca salientado, o facto de se tratar de pensões resultantes de descontos efectuados pelos falecidos.

Mas para já fico-me por esta:

Um funcionário público aposentado, que tenha também uma pensão de sobrevivência paga pela CGA, pode ficar sujeito a cinco(5) cortes nas pensões, a saber:
- cortes de 10% em ambas as pensões (própria e de sobrevivência) pela chamada convergência de pensões público/privado;
- cortes em ambas as pensões (própria e de sobrevivência) pela Contribuição Extrordinária de Solidariedade (CES);
- corte na pensão de sobrevivência agora anunciado.

Mas que nome se há-de dar a isto?!

Anónimo disse...

Qual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?

Obviamente que nenhuma culpa lhe pode ser atribuída!

Pois bem, se é lícito negar a um aluno carenciado uma bolsa de estudo, em razão das dívidas fiscais dos seus progenitores, por maioria de razão aos sócios da SLN, sociedade detentora de 100 % do capital social do BPN, também poderá ser cortado alguma coisa…

Fosse eu aluno universitário, chamaria à razão o Governo com a discussão do que então cortar aos sócios da Sociedade Lusa de Negócios … nunca cotada em bolsa, holding de um grupo que se financiava no BPN, que muito provavelmente ficará para a história como a maior fraude da 3.ª República, em razão da sua magnitude, cujo impacto nas contas públicas ainda hoje não é possível determinar completamente.