quarta-feira, outubro 09, 2013

«Quando teve de escolher a quem não ia pagar,
escolheu os mais vulneráveis: o seu povo»

• Pedro Nuno Santos, Os vendedores de dinheiro:
    «Pedro Passos Coelho voltou a apresentar-se no último debate quinzenal como o primeiro-ministro que quer honrar os compromissos do Estado português, ao contrário - segundo o próprio - da oposição. Mas se alguém não devia falar de honrar compromissos é precisamente o primeiro-ministro português e os partidos que o apoiam. Não só não honraram as promessas eleitorais que lhes deram a vitória eleitoral em 2011, como violam sistematicamente os compromissos que o Estado assumiu com funcionários públicos e reformados mas também com os restantes portugueses que não trabalham ou trabalharam na administração pública. Para não falhar um cêntimo com os credores internacionais, este governo decidiu atirar o país para a penúria, não pagando parte dos salários dos trabalhadores da função pública, não pagando parte das pensões dos nossos reformados, retirando rendimento aos trabalhadores do sector privado via aumento de impostos, cortando na educação, na saúde e nos apoios sociais. Tem feito tudo isto invocando argumentos morais, mas a prática deste governo é do mais imoral a que alguma vez já assistimos no nosso país. O governo português, praticante disciplinado do neoliberalismo mais radical, optou por ignorar que numa economia de mercado nem todas as relações económicas correm como inicialmente previsto e que portanto nem sempre os credores recebem o que pretendiam. É o que acontece com qualquer sector económico, em qualquer parte do mundo capitalista. O mesmo deveria também ter acontecido com os nossos credores internacionais, que não nos emprestaram dinheiro por razões filantrópicas. São vendedores de dinheiro, cujo investimento na nossa economia não correu como todos pretendiam e desejavam. É por isso que, como em qualquer negócio, também deveriam ter sofrido perdas significativas. Infelizmente, o primeiro-ministro português não defende os interesses do povo que o elegeu mas sim os desses investidores internacionais. Por essa razão, quando teve de escolher a quem não ia pagar, escolheu os mais vulneráveis: o seu povo.»

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