O Governo está a arruinar as universidades e a escola pública, a deteriorar o Serviço Nacional de Saúde e a desmantelar a segurança social. Havia de chegar a vez da investigação científica financiada por dinheiros públicos (nacionais e comunitários).
Daniel Oliveira faz hoje — com A hecatombe na investigação: cérebros em saldo — uma excelente súmula da situação. Há no entanto um aspecto que me parece não corresponder à realidade. É quando escreve: “As últimas duas décadas foram, nesta matéria, duas décadas ganhas. Não terá sido o único, mas Mariano Gago, como ministro da Ciência, é talvez o rosto mais evidente desse enorme salto científico e cultural.” E adiante conclui que “os últimos três anos romperam com o consenso político que vigorava até aqui.”
Como os valores indicados pelo próprio Daniel Oliveira o demonstram, a grande aposta na investigação deu-se a partir de 1995, com o governo socialista. Era então ministro da Ciência Mariano Gago, que voltou a exercer o cargo a partir de 2005, após aquele período nefasto em que Durão Barroso declarou estar o país de “tanga”. Não creio que a investigação tenha sido uma aposta da direita nos consulados de Barroso e Santana Lopes.
O que Nuno Crato está a fazer é romper com a herança deixada pelos governos socialistas de Guterres e Sócrates, estratégia que o abandono precipitado de Barroso não permitiu executar. Mas esta é a agenda ideológica da direita. A declaração de António Pires de Lima — ao condescender que haja investigação financiada pelo Estado desde que seja orientada em função da “vida real” (assim suprindo a falta da investigação privada) — demonstra que a direita está unida em torno deste objectivo.
No fundo, há um ano, Cavaco Silva antecipou o futuro do investimento em I&D: criar um, dois, três, muitos espremedores de Nutella.
4 comentários :
Cavaco, governo, tudo a mesma trampa !
Provincianismo, no pior sentido do termo...
o daniel oliveira bem que trabalhou (ganhando massa no balsemão) para chegarmos a este estado. pensasse antes no que estava a cavar!
Quem veja isto sem som pensa que aquele objecto é... Outra coisa. Pobre Cavaco, tão mal assessorado.
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