quarta-feira, abril 23, 2014

A bolha

• Hugo Mendes, O sucesso da bolha:
    «Se um país com dívida acima dos 170% do PIB ao fim de 6 anos de depressão e com quase 30% de desemprego atrai investidores, então o seu comportamento está totalmente desligado da realidade económica. Com os mercados financeiros inundados de liquidez e na ausência de oportunidades de investimento rentáveis, a procura pela dívida da periferia gerou uma verdadeira bolha, agora que os investidores assumem que o BCE não deixará nenhum país sem protecção em caso de necessidade.

    (…)

    Se queremos comparar as condições de financiamento, não podemos ficar pelas taxas nominais. No último trimestre de 2005, o IGCP fez três leilões a 10 anos, angariando, em média, €900 milhões a um juro de 3,35%; a diferença entre os leilões de 2005 e o de hoje estará na diferença entre a taxa nominal e a taxa de inflação: no fim de 2005 a variação média anual da inflação era de 2,1%, enquanto que agora está nos 0,3%. Como se espera que este ambiente de inflação muito baixa se conserve por vários anos, só por miopia se pode avaliar este financiamento como "barato". Sobretudo, inflação próxima de zero exigirá a obtenção de saldos orçamentais primários ainda mais altos do que os previstos para reduzir a dívida pública ao ritmo exigido pelas regras europeias nos próximos 20 anos - o que retira qualquer credibilidade ao cenário da trajetória orçamental futura do país.»

1 comentário :

Rosa disse...



Mas vão lá dizer isto ao nosso promeiro ministro! E ao resto do governo.