terça-feira, abril 08, 2014

«O meu país não é deste Presidente, nem deste Governo»

Alexandra Lucas Coelho recebeu hoje o prémio APE pelo romance E a Noite Roda. O texto do discurso que fez, no qual critica o actual poder político, pode e merece ser lido na íntegra. Eis breves passagens:

    «(…) Este prémio é tradicionalmente entregue pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.

    E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.

    (…)

    Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui representado hoje, que este país não é seu, nem do governo do seu partido. É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o governo de Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este governo rebentou com tudo o que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos, falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página”. (…)»

10 comentários :

Piscoiso disse...

Tocante!

Anónimo disse...

Coitadita, esta é mais uma ao serviço de meia d´uzia da esquerdalha, que se acham no direito de dizer que um Presidente e um Governo democraticamente eleito não é o País dela.

Pois então porque voltou para o País ao fi de 40 anos. Faça as malinhas e vá de volta para o Brasil. Não faz cá falta gente com esta maneira de pensar. Afinal para ela que fala em democracia nem sabe o que isso é.

Vá dar uma curva. Esta gente da coltura tem a mania.

Anónimo disse...

Brilhante!

Anónimo disse...


Anónimo 06:48:00 da tarde

Coitadito és tu arrastadeira mentecapata.. Tomaras tu ter uma imitação de um neurónio da senhora! Mas és um triste. Levas a vida a gamar o povo e ainda a dizer mal dele. mata-te!

Anónimo disse...

Além de muito bonita é um gosto lê-la.
Parabéns. Com jovens destes Portugal ainda tem futuro.
GGabriel

Anónimo disse...

Há uma coisa que adoro que é a necessidade constante dos defensores do inacreditável atual têm de dizer que foram "democraticamente eleitos". Então mas isto n foi sempre um dado adquirido de um governo?? Ou têm alguma coisa a preocupar-vos depois dessa eleição, como por ex tomarem medidas que eram o oposto do que defendiam?
A repetição dessa frase de que ganharam as eleições é muito mais significativa do que parece.

Anónimo disse...

O facto de democraticamente terem ganho eleições não significa que estejam a fazer um bom trabalho e que não tenham de ser imediatamente substituidos. Como qualquer empresa faria com um mau trabalhador após o periodo experimental, e para usar metaforas economicistas de que esta gentinha tanto gosta.
Gente reles alapou-se ao pote, democraticamente sim, mas também pode ser posta a andar, da mesma maneira : quando uma maioria de portugueses o quiser e não quando as eleições o ditarem.

Anónimo disse...

Venceram a eleição e cagaram de alto no povão. Na minha terra isso chama-se traição.

Anónimo disse...

Concordo com a mensagem, contudo, não posso concordar com o foco da pertença de Portugal. Portugal é dos Portugueses anónimos que mesmo perante enormes dificuldades e sacrifícios continuaram a trabalhar.

Portugal não é seguramente de todos aqueles que têm 'cavalgado' a conjuntura, apresentando soluções e milagres, ou criticando sem apresentar qualquer alternativa, ou, simplesmente, apresentando teses e teorias.
Não! Portugal é de todos aqueles que diáriamente dão 'o corpo às balas' e que se esforçam por manter a sua dignidade, a da sua família e a do país que amam.

Que seria desta senhora, do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões e do ensaísta Eugénio Lisboa sem todos aqueles que apesar de tudo entendem que no cabo da noite existe sempre uma Alvorada?

Anónimo disse...

O problema é que quando vêm finalmente a alvorada, uma grande maioria já ficou pelo caminho e nunca conheceu senão a noite dos tempos. 50 anos de ditadura são o melhor retrato do que acabei de escrever.Estamos a entrar de novo numa longa noite, e se nada fizermos é por ela adentro que iremos continuar, nós, os nossos filhos e os nossos netos. É bom que se saiba exactamente ao que estes porcos que enganaram o povo português vêm...