Sonho laranja: um tribunal sem juízes |
Nem ao de leve suspeitava que este post pudesse dar origem a um tal reboliço na caixa de comentários. Afinal, Teresa Leal Coelho, deputada e vice-presidente do PSD, estava a brincar.
Na verdade, eu tinha a obrigação de me ter apercebido de que a sua fama de brincalhona já vem de longe: segundo a própria confessou algures, era em sua casa que Passos Coelho se acostumou a brincar quando preparava as condições para provocar a queda do governo anterior. Já antes Teresa se metera noutra brincadeira, ao fundar, juntamente com Passos Coelho, Vasco Rato e Paulo Teixeira Pinto, o movimento Pensar Portugal. Desta brincadeira haveria de resultar o frustrado projecto de revisão constitucional do PSD (cf. as séries «Dinamite Constitucional» e «Nitroglicerina constitucional»).
De resto, Teresa parece ter um certo fascínio por brincar — e nunca deixa escapar uma oportunidade de o fazer com o Tribunal Constitucional. Tem-se desfeito em brincadeiras sempre que são anunciadas declarações de inconstitucionalidade de normas dos orçamentos do Estado. Mas, às vezes, antecipa-se ao Palácio Ratton, fazendo brincadeiras que, se não o fossem, poderiam ser interpretadas como querendo deixar as suas impressões digitais nos acórdãos. Em suma, haja pretexto, a Teresa foge-lhe sempre o pé para a brincadeira. Nem que para isso tenha de sair em defesa das grosserias do chefe.
Em boa verdade, Teresa faz parte de uma escola danada para a brincadeira com o Estado de direito: o PSD. Ainda há dias, Passos Coelho fez uma brincadeira com o Tribunal Constitucional. Santana Lopes propôs outra brincadeira: cortar as asas aos juízes conselheiros para que estes só pudessem voar baixinho. Paula Teixeira da Cruz não se contentou com estas brincadeiras e subiu a parada: acabe-se mesmo com a brincadeira do Tribunal Constitucional.
Teresa Leal Coelho tem uma atenuante: a vice-presidente do PSD e deputada apenas disse em público o que costuma ouvir nos corredores do poder. O problema é que o PSD de Passos Coelho não arranja melhor para colocar como directora da «Universidade Política da JSD de Lisboa».
4 comentários :
Em que Universidade é que esta senhora acumula (escusam de me vir dizer que não se trata de uma imcompatibilidade de funções, porque em minha opinião é) o cargo de docente com o cargo de deputada?
Preciso de saber apenas por uma questão de higiene, não vá algum amigo ou familiar frequentar a dita Universidade...
http://www.scmp.com/news/china/article/1506556/another-power-company-executive-under-investigation
Eu já tinha a perceção de que S. Bento fora transformado, por esta gentalha, num parque infantil onde a maioria dos implicados se entretêm a jogar à macaca e ao berlinde.
Este post do CC vem confirmar os meus receios.
Não me tinha apercebido de tanto comentário de "anónimos" a criticar "anónimos".Além de foras-da-lei são burros desmiolados.Tão corajosos e, afinal ... borram-se na hora de assumir o que criticam aos outros.
Convem também esclarecê-los de que aqui se percebe muito bem o que é uma brincadeira com sofisma ou sem sofisma.
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