terça-feira, maio 06, 2014

Levantar a ponta do véu
sobre o futuro dos trabalhadores do Estado

O Governo prevê no DEO que a massa salarial dos trabalhadores do Estado desça, em percentagem do PIB, de 10,7 em 2013 para 8,2 em 2018. Afastando-se abruptamente da média europeia, este objectivo só será atingido com um colossal corte no Estado social.

Entretanto, o Governo empurra para depois das eleições a explicação pormenorizada de como pretende concretizar a reforma estrutural do sistema de pensões e a tabela de remunerações da função pública. Segundo o Público, para não ter de assinar um novo memorando no final do programa, que estragaria a narrativa da «saída limpa», «os compromissos sobre estas matérias serão assumidos pelo Governo em três documentos: a carta de intenções do Executivo, a estratégia de reformas de médio prazo e o guião da reforma do Estado. A publicação destes documentos poderá apenas acontecer no momento da aprovação final da troika das últimas tranches do empréstimo, ou seja, já depois das eleições.»

Hoje, sabe-se apenas que, em resultado do aumento da TSU já anunciado, 140 mil trabalhadores do Estado que ganham menos de 675 euros por mês irão ficar com um salário líquido ainda mais reduzido a partir de Janeiro.

Por outro lado, mesmo que o Governo viesse a demonstrar a intenção — o que não fez — de repor gradualmente os vencimentos nominais dos trabalhadores do Estado, decorre do DEO que isso se traduziria numa perda de quase dois salários reais em 2019 relativamente a 2010, devido à evolução dos preços que absorveria 13,1% do poder de compra, como se pode ver na imagem supra.

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