segunda-feira, junho 02, 2014

Areia na engrenagem

• António Correia de Campos, Areia na engrenagem:
    «(…) uma declaração de interesses: apoio António Costa por entender que ele será o mais capaz de unificar o PS, aproximá-lo da sociedade, combater a incompetência e o fanatismo da governação actual e devolver ao País alguma da dignidade perdida nestes três pavorosos anos. Mas tenho uma palavra para Seguro. Foi sempre um amigo estimável, pessoa com permanente desejo de acertar, um devotado militante. Percorreu três anos difíceis sem desfalecer. Mas não conseguiria entregar a carta. Só ele poderá analisar o que com a sua liderança se passou: fracos acólitos? Complexo freudiano de afastamento dos mais velhos? Firmeza extemporânea? Arroubos de grandeza vistos como gargarejos de pequenez? Confusão entre Parlamento Europeu e Governo de Portugal? Cedência a cantos de sereias mediáticas embalados pela impopularidade governativa? Maior passo que a passada? Tudo pode ter contribuído. Mas excluo as explicações vis de traição, sabotagem interna, oportunismo ou falta de solidariedade. Não. Seguro não se pode queixar de um jogo que foi sempre limpo, onde jamais alguém conspirou com o adversário, onde todos se empenharam. Muitos, como eu, participaram na campanha mesmo sem convite nem apelo, por dever. Ajudaram como puderam e porventura mais que o solicitado.

    No Sábado, a surpresa: Seguro recusa discutir a convocação de congresso; tira da cartola a bicefalia, com eleições primárias para um cargo de futuro incerto, garantidamente gerador de instabilidade, o de candidato a primeiro-ministro. Sem regulamento que o suporte, nem calendário que o materialize. Lá fora as pessoas perguntarão: para quê dois, em vez de um só, designado por sufrágio universal de militantes? Dois galos no mesmo poleiro cantarão afinados? Por que razão Seguro propõe agora o que recusou há dois anos? Quem define, aceita, inscreve os simpatizantes eleitores? Como se previne a chapelada das inscrições a granel? Faltando 14 meses para legislativas, queimar meio ano num processo inovador mas desconhecido, deixando o governo a apascentar cabras em terreno de cultivo, não será o passaporte para uma derrota? Responder a uma sociedade civil, que só deseja Passos e companhia pela borda fora, com procedimentos inexperimentados, complexos, duvidosos e demorados, não será aumentar o desânimo?»

1 comentário :

lidiasantos almeida sousa disse...

Querido Professor. não o tenho visto na TV, porque são sempre os mesmo do Governo. ou lacaios.

Estou inteiramente de acordo consigo e disposta a filiar-me no PS para o António Costa ganhar.

UM TRAIDOR É SEMPRE UM TRAIDOR e Seguro procedeu como Brutus ao espetar o punhal ns costas de Sócrates, em alianças secretas com o Passos/Alforreca e o Relvaa/Torquemada de Tomar. Fora com o Dantas quer dizer com o Tózé.