quarta-feira, junho 11, 2014

«Contestar a tese do despesismo como causa da crise
não era defender José Sócrates, era defender a verdade»

• Pedro Nuno Santos, Defender a verdade :
    «O primeiro erro, e talvez o mais grave, cometido pelo Partido Socialista nos últimos três anos foi ter desistido de contestar a tese da direita sobre as razões da crise. Deixámos que se consolidasse no país a ideia de que estamos em crise porque o governo anterior gastou de mais. Alguns acharam que esta tese era tão poderosa e estava tão disseminada junto da população portuguesa que não valia a pena contestá-la e que seria melhor afirmar o início de um novo ciclo no PS e esperar que o povo atribuísse as responsabilidades ao anterior primeiro-ministro socialista e poupasse a nova direcção do partido. Se havia uma razão táctica por trás de tal atitude, também não é menos verdade que alguns dos actuais dirigentes nacionais partilhavam mesmo a tese da direita, o que ainda dificultava mais a sua contestação e a afirmação de uma alternativa política.

    Para convencer os outros de que é possível fazer diferente, primeiro é preciso acreditar genuinamente nisso, e não era o que parecia quando ouvíamos alguns porta-vozes do PS para a área económica. Se tivéssemos optado por combater activamente a tese do despesismo como explicação da crise, talvez não tivéssemos convencido todos os portugueses, mas pelo menos não deixávamos a direita definir os termos do debate sem oposição.

    É mais difícil combater a austeridade quando deixamos que se instale, sem contestação, a ideia de que a dívida cresceu intensamente porque se gastou de mais e não como consequência do funcionamento dos estabilizadores automáticos. Além disso, como muitos alertaram, não era por não falarmos do assunto que o povo português iria esquecer-se dele ou distinguir o PS de ontem do PS de hoje ou que a direita iria parar de nos acusar de sermos responsáveis pela bancarrota, como aliás se viu na última campanha para as europeias. Contestar a tese do despesismo como causa da crise não era defender José Sócrates, era defender a verdade.»

18 comentários :

Anónimo disse...

Pois, não sei bem de que versão da verdade se fala, mas lembro-me bem de um certo debate televisivo de 2009:
Enquanto Ferreira Leite falava da realidade, para José Sócrates o TGV era imprescindível e o endividamento não era um problema.
Lembram-se do que dizia José Sócrates quando Ferreira Leite levantava o problema do endividamento? Eu ajudo: punha um ar de desprezo e dizia "por amor de deus", ou "basta de bota-abaixismo".

Anónimo disse...

o tgv,foi assinado em espanha por mfleite,para 5 linhas.perante isto, que autoridade moral tinha para criticar.à falta de argumentos, surgem as hipotéticas despesas como despesista e causadadoras do deficite que era menor do que actual mesmo depois do "roubo dos salarios e pensões

Anónimo disse...

A verdade é que a solução alternativa ao esbulho dos Portugueses continua a ser...èlas o endividamento (vide a ida de hoje aos "mercados", deve de ser de borla)! É claro que para o TGV ou qualquer coisa que nos tirasse do atraso era pecado, já para pagar "almofadinhas" a cantiga é outra.
Parafraseando um célebre palhaço; o endividamento do sócras é mau? É!.
O endividamento do coelhinho é bom? É muito bom e constitui um grande sinal de respeito e consideração por parte dos " mercados".
Vai é tudo para o mesmo monte impagável...

Fernando Romano disse...

A construção do TGV a par de importantes reformas dos anteriores governos imprimiam uma profunda transformação na nossa economia e nas nossas capacidades e nas nossas ambições e nas nossas movimentações políticas internacionais, que rompiam com o Portugal velho, conformista e condenado a ficar sempre para trás, a contento de interesses seculares instalados. As políticas dos anteriores governos apetrechavam o nosso País para os grandes desafios da globalização. E marcámos pontos, subimos em rankings, em alguns setores foram até cobiçadas pelo estrangeiro.

O TGV tinha tudo para avançar. Não devo já andar por cá, mas virá o tempo em que a história pedirá contas aos que se uniram para bloquear a governação dos anteriores governos, aos que pensaram pequenino, aos que se deixaram envenenar pela demagogia, aos que não tiveram pejo em acelerar o seu oportunismo político, aos que fizeram de conta que não perceberam que a nossa democracia dava passos certos no sentido de rasgar de vez novos e promissores horizontes para o povo português. Tivemos tudo para enfrentar esta crise com êxito. E um primeiro-ministro esclarecido e ambicioso por um Portugal Novo sem se desligar da nossa história.

Força António Costa! Vai ser preciso muita energia e inteligência para nos reencontrarmos com a dinãmica histórica recente. Portugal está nas mãos de gente má, que não ama Portugal e os portugueses.

Pandil disse...

Seria conveniente que os defensores da tese do despesismo dos governos Sócrates, os da direita nacional e os da direita do PS, listassem os projectos de lei em que propuseram, nesse tempo, qualquer redução de despesa.
Já agora, quantos foram os que apresentaram com consequências no aumento do défice, fosse pelo aumento da despesa, fosse pelo corte de impostos que diminuía a receita?

Anónimo disse...

Só por curiosidade: vocês defendem que não houve nenhum erro nos governos de José Sócrates?

(Não sou, nem de longe, defensor deste governo)

Anónimo disse...

Ui, "qua Jun 11, 05:30:00 da tarde", o que foi perguntar.

De arrastadeira, a aborto, relvista, comuna, chamam-lhe de tudo com perguntas dessas.

Fernando Romano disse...

ANÓNIMO DAS 05:30:00,

Vá ao poste publicado aqui no Câmara Corporativa no dia 8/6/14, "Perguntar não ofende" e entre no link "Tens vergonha camarada?"

E veja se esteve atento à realidade, se tem memória curta ou se é, simplesmente, descuidado.

Nunca se vira coisa assim em Portugal.

Evaristo Ferreira disse...

A opinião de Pedo Nuno Santos é clara, factual e devia ser escutada pelo Tozé Seguro. Mas a superficialidade e o amadorismo de Seguro não lhe permitem uma visão clara do problema. Seguro não passa de um compagnon de route de Passos Coelho, ambos formatados nas universidades de verão. Não têm estatura política nem experiência de vida.
Quanto aos Anónimos que aqui vêm falar do TGV, esquecem-se de quem foi a ideia (firmada num encontro ibérico) de aceitar a construção de 5 linhas 5 de TGV... Nesse tempo não se falava em despesismo. A "narrativa" da direita, ignorada por Tozé Seguro, trouxe-nos até aqui: o país está endividadíssimo; esta canalha aumentou a dívida de 92 para 134%; a economia está de rastos; os licenciados fugiram daqui; o desemprego atingiu níveis nunca imaginados; a pobreza e a fome campeiam; o país mal consegue pagar os juros da dívida. Este é o legado deixado por esta gentalha, que foram "além da troika" e quiseram transformar este país numa cobaia do novo neoliberalismo.
Esta gentalha destruiu o país.

Anónimo disse...

Já tinha lido Fernando.
Acho surreais o ódio e perseguição a José Sócrates. E acho que o PS deve defender sobretudo a mentira que esteve na base da vitória do PSD nem 2011.

Mas às vezes parece-me que algumas pessoas são mais papistas que o Papa. E isso afasta muito eleitorado do PS. Foram cometidos erros, reformas que não foram implementadas , um clima de irrealidade que existia no país (e que também já vinha de governos anteriores).

Acho que não ficava nada mal reconhecer alguns erros, mas ter mais convicção na defesa daquilo que foi bem feito e , que entre outros, está resumido no post.

Mas isto é apenas uma opinião. Se quiser de um descuidado, pois claro.

Anónimo disse...

A maior rasteira até hoje feita à esquerda, por esta direita.Apresentaram como salvador do País um tal Sr,Vitor Gaspar.Esse Sr.de repente foi esquecido por todos.Hoje ninguem fala desse Sr.Pôs as contas em dia, de tal maneira, que resolveu pedir a demissão porque não sabia como fechar o balanço.Estão recordados que até na Assembleia ele falava tão devagar para o tempo passar e em segundos todos nós ficávamos a saber da situação do País.Convenceu todos e até os melhores economistas.Enfim a mim não....

OLimpico disse...

Para o Anónimo que lembra Ferreira Leite.

Eu também lembro, dizia ela no parlamento sobre a crise: « A CRISE INTERNACIONAL, ESTÁ NA SUA CABEÇA, SR. ENG. SÓCRATES »

Nessa altura, já Seguro estava do lado de lá...

Quando o Gang tomou o poder pelo apoio do PCP/BE e o "apoio passivo" de seguro, espalharam a NARRATIVA, que a EUROPA afundou por culpa de Sócrates!....Mas, o INACREDITÁVEL aconteceu, Portugal tinha um GOVERNO, um PRESIDENTE, O PARLAMENTO, UM PROENÇA/UGT e ainda um INSEGURO, disposto a assumir a NARRATIVA da direita trauliteira. Passado este tempo todo, ainda querem mais.... o TRIBUNAL CONSTITUCIONAL!!!!

NB: Entretanto depois do acima referido, esta direita, começou a assumir que a CRISE afinal, era INTERENACIONAL, e a mais grave desde à 100 anos !!!! e toca assumir ( sem vergonha) as coisas boas que Sócrates tinha feito.
Nesta altura, Seguro, já tinha como certo que o poder lhe caíria no "colo" só que o "espelho" o enganou....O Povo é quem mais ordena. e tudo o vento levou....
Tenho a certeza. Ou será que esta direita vai manter o poder(?)

Anónimo disse...

Anónimo das 05:30 :
Pois concerteza que cometeu erros, vários.
Agora peço-lhe eu o seguinte exercicio : conhece algum governo que não os tenha cometido? Diga-me um, um só!

É que julgar apenas pelos erros não é nem justo, nem credivel nem verdadeiro.
Mas julgar só pelos erros , exclusivamente pelos erros ( mesmo os que o governo de socrates NÃO cometeu)só vem de quem está de má fé, sofre de demagogia pura e pretende mascarar a sua ignorancia , incompetencia e CATADUPA de erros, com o curriculum dos outros.
Socrates já foi julgado e condenado em eleições, mas parece que isso não chega para a direita, parece que tem também de continuar a ser culpado pelos erros dos outros.
Isso sim é que é desonestidade. Da pura e da grossa.

Anónimo disse...

O único erro de Sócrates foi não ter "ousado" mais.

Francisco Correia disse...

Estou inteiramente de acordo com o que diz o Evaristo Ferreira. Vou citá-lo aqui e embora tarde (...mas não tarde demais) tudo devemos fazer para denunciar a históia que esta gentalha nos impingiu sem um qualquer pingo de vergonha:
"Quanto aos Anónimos que aqui vêm falar do TGV, esquecem-se de quem foi a ideia (firmada num encontro ibérico) de aceitar a construção de 5 linhas 5 de TGV... Nesse tempo não se falava em despesismo. A "narrativa" da direita, ignorada por Tozé Seguro, trouxe-nos até aqui: o país está endividadíssimo; esta canalha aumentou a dívida de 92 para 134%; a economia está de rastos; os licenciados fugiram daqui; o desemprego atingiu níveis nunca imaginados; a pobreza e a fome campeiam; o país mal consegue pagar os juros da dívida. Este é o legado deixado por esta gentalha, que foram "além da troika" e quiseram transformar este país numa cobaia do novo neoliberalismo.
Esta gentalha destruiu o país."

Anónimo disse...

O problema em que Pedro Nuno Santos sabe bem o problema de Sócrates.

O ter aderido e contribuído para o estabelecimento das teses de integração europeia e económica que nos tramou, ou acham que a baixa austeritária do défice que foi cosneguindo foi feita com medidas qualitativamente diferentes das tomadas pelo Passos Coelho?

Anónimo disse...

Boa, PNS. Estamos-nos marimbando para o PPC e o PP. E para "o" de dentro, também .
GANHAR A COPA!!! ( + 600 e tantos M.€, para a economia portuguesa ! ), É TÃO IMPORTANTE QUANTO FOI O CHUMBO DO TC PARA O CONSUMO INTERNO .VAMOS UNIR AS NOSSAS "EQUIPAS" PARA MULTIPLICAR ESTAS VERBAS .A SELECÇÃO QUE SE INSPIRE NO TC . E NÓS TAMBÉM .

Anónimo disse...

Tal como o comentador que levantou a questão dos erros não sou nada entusiasta do atual governo, contudo, parece-me que a questão é honesta e digna de ser abordada. Antes de mais porque envolve algo que infelizmente rareia nos nossos políticos - Humildade.
José Sócrates introduzio a palavra Narrativa para se escusar a abordar os erros cometidos na sua governação (e sim, concordo que não existem governos isentos de erros) o que não satisfaz o Povo (onde orgulhosamente me incluo). De igual forma, os atuais governantes têm cometido erros em catadupa e, também igualmente, evitam a sua abordagem. Na AR, local onde supostamente o Povo é representado, abordam-se e apontam-se os erros mas sempre sob a capa das agendas politico-partidárias o que, também, não satisfaz porque obrigam o Povo a tragar cassetes que há muito se tornaram intragáveis.
Dito isto, a abordagem de tudo o que mal se fez, para além de ser uma demonstração de Humildade, seria um exercício cujo resultado poderia acomodar a aprendisagem com esses mesmos erros e desse exercício só se afiguraria um único beneficiário - o Povo.