segunda-feira, julho 07, 2014

«A deflação não é um acidente»

• João Galamba, (Mais) um beco sem saída:
    «(…) Se as actuais políticas económicas e orçamentais se mantiverem, não há instrumento nem política que o BCE possa pôr em prática que inverta ou anule os efeitos que o desemprego, a compressão salarial e a austeridade têm nos preços. O BCE pode dar dinheiro barato e ilimitado aos bancos para estes emprestarem, mas há uma coisa que não consegue fazer: não cria procura do nada. Sem procura, e com o euro a não desvalorizar, não há maneira do BCE criar inflação.

    A deflação não é um acidente, é o resultado inevitável da actual estratégia europeia. As únicas políticas que podem combater a deflação são as que travam as suas causas, isto é, são as que combatem o desemprego, são as que invertem a actual dinâmica salarial, são as que apostam no investimento; são, em suma, as que aumentam a procura.

    Se queremos mesmo evitar uma espiral deflacionária, resta-nos reconhecer que a política monetária, sozinha, não pode nada; e que só uma inversão da política orçamental, juntamente com uma política económica que abandone a actual obsessão com a competitividade salarial, pode verdadeiramente tirar-nos do beco sem saída em que estamos metidos.»

1 comentário :

Anónimo disse...

Vivemos (como parte) mergulhados nesta gigantesca maquina, na engrenagem global, na absoluta complexidade, na onda da "informação livre e instantânea", na era das organizações e instituições. Mergulhados numa complexidade impensável, sujeitos a forças e princípios que nenhuma ciência nem a da Economia Politica conseguem abarcar!
!Como foram sábios e mesmo geniais os construtores de Bretton Woods(1943-1946).
Teóricos-políticos, homens de ética e convicções, que sob os escombros de uma guerra e de uma era, conseguiram fazer a síntese de 30 anos de experiencia e das teorias económicas académicas, perceber os erros e anseios de um período de 40 anos que incluiu a Grande Depressão e duas Guerras Europeias/Mundiais. Uma síntese genial e adequada, que possibilitou e regulou toda a prosperidade do pós-guerra e que se projectou num futuro que durou 40-50 anos!
Agora reina o relativismo e a mentira.Pergunto-me se nesta nossa era fantástica e perigosa, da informação global, dos computadores a rodos e suas informações estatísticas, dos fluxos financeiros instantâneos e da gigantesca produção teórica e intelectual, não é possível a emergência de uma nova síntese, para uma nova ordem. Tudo parece medíocre e opaco? Os lideres possíveis parecem não romper o cerco ou não demonstram coragem. Pergunto: ?Não há ninguém com conhecimento, que através de um sistema visual, explicável aos cidadãos, um sistema de macro fluxos à escala nacional e internacional (articuláveis e relacionáveis em diversos níveis ou esferas, na óptica monetária, financeira, real...) explique e demonstre inequivocamente que quantidade de riqueza é criada no mundo, extorquida nos países, nos espaços e mercados, onde, como, por que mecanismos de poder e contratação, como se movimentam esse fluxos, como se comparam com o que eram há 10 e vinte anos, como se projectam evoluir, quantos comandam e usufruem dessa riqueza e pobreza, como a esfera publica e politica intervém e é instrumentalizada, como tem ou não domínio redistributivo e interventor ou corrector, evitando o mal, como lhe falha a autonomia ou o livre arbítrio; como a riqueza está a ser criada, apropriada, aplicada e impunemente destruída a rodos todos os dias, de forma reiterada, sem o devido controlo, infligindo desproporcionado e inútil sofrimento às pessoas e destruição do planeta;como a gestão monetária e financeira alimenta todo este carrossel. Afinal, tudo opaco ...é tudo é politico!