segunda-feira, julho 21, 2014

BES, supervisão bancária, troika, Governo, austeridade…


João Galamba escreve hoje no Expresso e no Diário Económico:

O BES é um problema, mas não é o problema.:
    «Com a crise financeira de 2008, um grupo económico que detinha o controlo de um banco passou a usar esse banco (o seu balanço e os dos seus clientes) para se financiar e evitar decretar falência. Não há uma única referência a este facto nas doze avaliações do programa de ajustamento que Portugal completou (com enorme sucesso) em maio passado. Aparentemente, não se tratava de um problema da economia e do sector financeiro que carecesse qualquer tipo de "ajustamento".

    No discurso da troika e do governo português, o problema da banca resumia-se à exposição à dívida pública e a um volume de crédito excessivo ao sector não transacionável, em particular ao sector imobiliário. Bastava reforçar os rácios de capital e reduzir os rácios de alavancagem para garantir a solidez do sector. Assegurado esse feito, foi decretado o sucesso. O sector estava sólido, reformado e pronto a contribuir para a retoma da economia. (…)»
Evitar labirintos:
    «(…) Há críticas que podem e devem ser feitas aos supervisores - não se percebe como é que o BdP deixou que a exposição do BES ao GES, entre 2011 e 2013, aumentasse como aumentou; e, sobretudo, não se percebe porque demorou tanto a resolver o problema da substituição da administração do BES. Tudo isto agravou o problema, é certo; mas, para ser justo, o principal problema não é tanto o que o supervisor fez, e se fez bem ou mal. O principal problema, a meu ver, é mais profundo: o caso BES põe-nos em contacto com os limites e insuficiências do actual modelo de supervisão, sobretudo quando aplicado a estruturas labirínticas e opacas como as do grupo Espírito Santo.»

2 comentários :

Ricardo Pinto disse...

Concordo em absoluto com o João Galamba, principalmente quando ele coloca em causa a eficiência do sistema de supervisão perante grupos internacionais, labirínticos como ele afirma, e sem sombra de transparência nas suas contas.
Mas aqui também se deve perguntar qual o papel de consultoras, como é o caso da KPMG, que auditaram e certificaram contas do GES, cheias de buracos, sem que praticamente nada lhes cheirasse a esturro...

Anónimo disse...

Como todos sabem mas ninguém denuncia, há muito que BP perdeu as velhas funções e não soube exercer as novas. Para fazer, ou melhor, para conduzir auditorias modernas, com poderes necessariamente assimétricos de ocultação das maroscas, o BP não tem serviço solidamente organizado e a critério. Limitam-se a fazer o show off,e a copiar os cadernos de encargos que as auditoras, consultoras financeiras e grandes escritórios de advogados lhes sugerem (mais coisa menos coisa) para a seguir encomendarem ao mercado esse mesmos trabalhos de auditoria (isto é ás auditoras, consultoras financeiras e grandes escritórios de advogados. É assim em todo o lado!