sexta-feira, julho 04, 2014

De costas voltadas

• Pedro Silva Pereira, De costas voltadas:
    «(…) A resposta de que a Europa precisa deve desenvolver-se em três planos distintos, todos igualmente decisivos. O primeiro, é o terreno de convergência natural entre as diferentes forças políticas europeístas (como se viu, largamente maioritárias) e respeita à pedagogia dos ideais, dos valores e das conquistas do projecto europeu. Não é uma questão menor: não podemos permitir que os adversários da construção europeia fiquem sozinhos em campo e triunfem com a sua narrativa panfletária e sombria. O segundo, é o domínio da governação política e democrática da Europa e da União Económica e Monetária, que remete para a necessidade de um entendimento alargado quanto a uma reforma das instituições, dos processos de decisão e dos mecanismos de controlo democrático pelos cidadãos de modo a responder à crise de legitimidade que se revelou o terreno favorável para fazer florescer o eurocepticismo. O terceiro plano é o das políticas propriamente ditas, em particular as políticas orçamentais, económicas e sociais - sem dúvida, mais difícil de consensualizar porque esse é o espaço natural da divergência, das alternativas e da escolha política democrática. Mas que não haja ilusões: é aí que tudo se joga. Nenhuma pedagogia europeísta terá sentido e nenhuma reconciliação com os cidadãos será viável enquanto a página da austeridade não for virada e enquanto as políticas europeias permanecerem ostensivamente de costas voltadas para a vida dos europeus.»

3 comentários :

Anónimo disse...

TOTAL CONCORDANCIA COM PS. TRNSMUTANDO: também em Portugal, a necessária resposta ao actual estado de coisas, catastrófico, tem de "desenvolver-se em três planos distintos, todos igualmente decisivos."
"O primeiro, é o terreno da convergência natural entre as diferentes forças políticas" que rejeitam a actual politica de extorsão, tendo concluído que o pais caminha para a miséria e o suicídio (como se viu, já largamente maioritárias) ..."
O segundo, é da relação política e democrática do pais "com a Europa e a União Económica e Monetária" e com os sindicatos de credores - que remete para "a necessidade de um entendimento alargado quanto à" restruturação da divida e para exigir uma reforma das instituições europeias, dos processos de decisão e dos mecanismos de controlo ...
"O terceiro plano é o das políticas propriamente ditas, em particular as políticas orçamentais, económicas e sociais - sem dúvida, mais difícil de consensualizar porque esse é o espaço natural da divergência, das alternativas e da escolha política democrática. Mas que não haja ilusões: é aí que tudo se joga. Nenhuma ... reconciliação com os cidadãos será viável enquanto a página da austeridade não for virada e enquanto as políticas europeias permanecerem ostensivamente de costas voltadas para a vida dos europeus."

Anónimo disse...

Allez les bleus!

Anónimo disse...

Pois é, mas entalados entre o rumo e o ritmo da politica austeritária europeia, e o confuso e difuso campo das forças internas que se lhe opõem e que podem apoiar e incorporar uma viragem politica, a margem de manobra é tremendamente estreita.
Costa chegou-se à frente para liderar esse campo. Já não pode recuar. Ainda bem. O caminho faz-se andando.