• Jorge Nascimento Rodrigues (no Facebook), O "Keynes" de Frankfurt e os patetas do comentariato luso:
- «Há para aí um grupo de patetas -- para usar um eufemismo -- que volta e meia se assanha contra uns fantasmas "keynesianos".
Quando Olivier do FMI veio revelar o que diziam os famosos "multiplicadores", os patetas engoliram em seco e fizeram o possível para enterrar o primeiro sinal de que a "austeridade expansionista" era um logro intelectual e uma guerra contra a economia. Continuaram a esgrimir panelas contra os moinhos do "keynesianismo".
Mesmo depois do próprio Rogoff ter insistido que as conclusões do seu artigo inicial com Reinhart sobre um alegado "teto" vermelho de dívida nos famosos 90% do PIB (que empurraria para a recessão económica, diria o padrão do estudo empírico) já tinham sido por eles dois retificadas, os patetas continuaram com o mantra do rácio. Ainda por cima quando este, depois da milagrosa cura de austeridade, ter... subido para novos máximos históricos em Portugal (vamos a ver em quanto ficam a dívida bruta e a líquida na segunda feira quando o BdP divulgar o final de julho).
Agora que Mr Draghi veio dizer fora de portas, a curtir no resort de Jackson Hole, que a política orçamental na zona euro seguida desde 2010 "esteve menos disponível e foi menos eficaz especialmente se comparada com outras grandes economias desenvolvidas" e a exigir que as baterias sejam viradas para "o estímulo da procura agregada" (usado em subtítulo inclusive) e que é menos arriscado em tempos "anormais" fazer demasiado do que pouco, os patetas levantaram-se qual Quixote - sem a grandeza deste - contra o keynesianismo.
Draghi, tal como a Madame Lagarde do FMI, não são keynesianos, nem velhos, nem cristãos-novos, nem mesmo "bastardos" como chamava Joan Robinson a alguns contemporâneos que se penduraram no John Maynard depois de morto. Mas percebem os dois de "procura agregada" (essa coisa que o Maynard resolveu transformar em objeto de política em tempos "anormais"), uma coisa que os patetas do comentariato não entendem ou fingem não entender, o que é pior.
O "Keynes" de Frankfurt apenas disse o óbvio. Mesmo que o ruído Schaübliano, de que estavam a "empolar" o italiano, tenha trazido o clube dos amigos do austerismo para a ribalta de novo contra os moinhos keynesianos.
Draghi e Lagarde querem que a Europa ataque o problema da "procura agregada". Ponto. Empurram Jean-Claude Juncker para a fogueira e o Jean-Baptiste Hollande (um pateta que nem é carne nem peixe, que ainda acredita numa alegada "lei" de Say, do seu conterrâneo Jean-Baptiste, temperada com algum keynesianismo de algibeira).
Draghi e Lagarde sabem que a política monetária do BCE caminha para se esgotar e que o FMI não é pai-natal, para mais com a Madame em apuros "legais" em França e os emergentes a cobiçar-lhe o lugar.
Por isso, os dois preferem trocar o austerismo (sem o nomear) por um "estímulo da procura agregada", que deixe de fora da barrela de água suja aquilo de que eles gostam de facto - as tais de reformas estruturais no mercado laboral e na concorrência. O resto é fralda descartável. Só os descartáveis ainda não o entenderam mesmo.»
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