segunda-feira, setembro 22, 2014

«A política de terra queimada em todo o seu esplendor»

• João Galamba, A solução de quem não sabe o que fazer:
    «Só mesmo o desespero pode levar alguém a propor como solução para uma crise de representação a redução da representação parlamentar. Se o descontentamento dos cidadãos com a política é o problema, não se percebe em que medida é que a redução do número de deputados possa ser uma solução. Sabemos que, para muitos, a redução de deputados é popular. Trata-se, na verdade, de mais um sintoma da grave crise de representação que estamos a viver. Combate-se o descontentamento procurando voltar a dar sentido à política, mas não se dá sentido à política reproduzindo aquilo que é, na sua essência, um discurso antipolítico.

    Como o próprio António José Seguro sabe, a redução do número de deputados reduz a proporcionalidade, prejudicando os pequenos partidos, e reduz a representatividade territorial, sobretudo a do interior; ou seja, a ser aprovada, essa redução resultaria numa dupla golpada eleitoral: dos maiores partidos contra os mais pequenos, do litoral contra o interior.

    O António José Seguro de 2007, o que fez a reforma do parlamento, sabia que este tipo de proposta revelava falta de seriedade política e era típica de "foros populistas tão em voga". Mas o António José Seguro de 2014, o que concorre às primárias do PS, abandonou esses pruridos e mudou de ideias, porque o populismo parece mesmo ser a única arma que lhe resta.

    Com a iniciativa desta semana, António José Seguro não se limitou a fazer uma inaceitável e desesperada cedência ao populismo antiparlamentar e antipolítico, também (re)confirmou a sua incapacidade de apresentar um diagnóstico correcto sobre a crise e sobre os problemas e os desafios que o país enfrenta. As pessoas querem um futuro diferente, querem outra política, não querem ser distraídas por alguém que, tendo falhado em constituir-se como alternativa, lhes acena com falsas soluções.

    Em vez de procurar mobilizar o país em torno de um programa político alternativo, Seguro está a tentar mobilizar o desespero e a frustração de quem deixou de acreditar na política. É a política de terra queimada em todo o seu esplendor. Independentemente dos resultados de dia 28, quem faz isto já saiu derrotado.»

2 comentários :

Anónimo disse...

Oh Camaradas.
Então vocês não sabiam que as Primárias da transparência segurista são aquelas em que a UGT andou a trabalhar para o Seguro e inscreveu 40 MIL SIMPATIZANTES???

Ai não sabiam? Então ficam desde já a saber que é verdade.

Anónimo disse...

Dum alarve que se fotografa a si próprio todo risonho e encantado, não se esperava menos.