segunda-feira, setembro 22, 2014

Salsicha educativa


É de admitir que o próprio João Carlos Espada se sinta ofendido com os speechwriters que recomendou a Passos Coelho, convencido de que os havia instruído de acordo com os cânones que absorveu nos selectos salões de Oxford. Mas eles têm uma atenuante. Não é fácil moldar alguém marcado por violentas sevícias na juventude:
    «Durante muito tempo essa visão da reforma educativa foi uma espécie de experiência laboratorial que marcou várias gerações. Eu pertenço a uma delas».

Independentemente do estilo chocarreiro, o alegado primeiro-ministro não escondeu o que o move: «aumentar a chamada salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo. Foi assim que no passado a generalização de novos graus de ensino não corresponderam [sic] a um salto qualitativo mais exigente no produto escolar.»

Que raio de ideias de Sócrates de estender até ao 12º ano o ensino obrigatório, criar as Novas Oportunidades ou reduzir o número de alunos por turma. Ou dito de outra forma, há «um caminho longo a percorrer», mas não podemos empanturrar os portugueses com qualificações.

8 comentários :

Anónimo disse...

Se este idiota e vermes como o Espada nunca estudaram a sério (nem em Oxford), como é que alguma vez diriam alguma coisa de jeito?

Se as "qualificações" do putativo Primeiro-Ministro são o que são - tal como as das imbecis da Justiça e das Finanças - outra coisa não seria de esperar.

Nuno Coelho disse...

Boa noite.

Estando o autor deste post preocupado com o rigor da linguagem, porquê "alegado primeiro-ministro"? Passos Coelho não é o primeiro-ministro? Não foi eleito para desempenhar essa função? Usurpou o cargo?

Se nada disto aconteceu, comete o autor o mesmo erro de que acusa Passos Coelho: o uso incorrecto da língua.

Implícita no post está uma segunda acusação: a de aquele específico uso incorrecto do Português por parte de Passos Coelho denuncia um lamentável desprezo pelo objecto que está a comentar - no caso, um determinada filosofia de ensino.

Também a esta acusação se sujeita o autor do post (sobre o qual, a propósito, não consigo descobrir informação biográfica alguma), pois ao utilizar incorrectamente a expressão "alegado primeiro-ministro" denuncia um lamentável desprezo, não pela figura de Passos Coelho, mas pelo processo democrático que o colocou no lugar onde ele está.

Acresce que, ao fixar-se na palavra, concordo, infeliz de Passos Coelho (a tal "salsicha") o autor está de certo modo a facilitar a vida ao primeiro-ministro.

Porquê? Porque o seu post não se centrou naquilo que presumivelmente mais o ofende - a substância das ideias expressas por Passos Coelho sobre Educação - mas apenas numa "anedota". E ao concentrar-se na "anedota", aparentemente para obter um efeito de indignação fácil, é todo um conjunto de ideias vindas do primeiro-ministro, e provavelmente merecedoras de crítica, que passa neste blog (nominalmente de oposição ao governo) sem contraditório.

Cumprimentos.

Nuno Coelho

Anónimo disse...

Este aldrabão conseguiu que até o Parlamento tivesse mentido para o encobrir sobre a história da "exclusividade"/ Tecnoforma. Estamos muito mal quando uma instituição como o Parlamento também mente ao povo. Este país está mesmo pôdre!

QualquerUm disse...

O Crato passou a salsicheiro?

Anónimo disse...

"Que raio de ideias de Sócrates de (...) reduzir o número de alunos por turma."

uma mentira repetida muitas vezes..
quando é que o durante os governos Sócrates se reduziu o número de alunos por turma?
o programa da traficante de influências Maria de Lurdes Rodrigues sempre foi muito claro: privatizar a escola pública. e isto implica aumentar o número de alunos por turma para reduzir os custos por aluno.
e o Crato segue o mesmo programa.

Anónimo disse...

Alguém já aqui o disse - 'uma mentira repetida muitas vezes...'

O programa Novas Oportunidades serviu para aumentar as qualificações dos portugueses - ahahahahahahahahahahah!!

Ricardo Araujo Pereira dizia com a habitual sagacidade: "...agora reparo que está ali uma porta...e há quanto tempo é que aquela porta separa brilhantemente estas duas divisões?...[há x anos]...então vamos desde já propor a sua qualificação com o curso de arquitetura...aquela porta deve ser arquiteta com base na experiência adquirida ao longo da vida..."

Anónimo disse...

Quem ainda, até hoje ,4 anos passados, não entendeu o que foram as "Novas Oportunidades", que foi Maria de Lurdes Rodrigues que diminuiu o nr de alunos por turma e obrigou os srs professores a estarem na escola a cumprir horários etc, etc,merece mesmo os salsicheiros que nos(des)governam.

Anónimo disse...

Só quem conheceu as "Novas Oportunidades" através do correio da manha, acredita que não beneficiaram, e muito, aqueles que, por uma razão ou outra, andaram arredados da escola. É evidente que não tiveram acesso ao conhecimento proporcionado pelo 9º ou 12º ano, mas, quem o quis, aprendeu a buscar, selecionar e trabalhar a informação para responder aos vários temas. Mais, aprendeu a trabalhar com a net, ferramenta indispensável nos tempos que correm. Mas para apostar num programa destes é preciso ter visão e objetivos a longo prazo, coisa impossível para os totós que nos governam.

ana