sexta-feira, novembro 14, 2014

Da série «Taxas, taxinhas e taxonas»


Não foi só o vice-presidente do PSD Carlos Carreiras que teve de engolir um sapo para estar sintonizado com as rosnadelas do Governo às canelas de António Costa. O que se passou com a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) não é menos extraordinário.

Com efeito, de acordo com a edição de ontem do DN, Luís Veiga, presidente da AHP, reuniu-se com Fernando Medina, vice-presidente da Câmara de Lisboa, tendo depois apresentado uma proposta escrita para a criação da taxa turística, que ele preferia que fosse baptizada como «contribuição de sustentabilidade municipal». Na sua proposta, aceite pela Câmara Municipal, Luís Veiga sugeria a criação de um fundo que se alimentaria da consignação da taxa que «recai sobre os turistas que pernoitem no concelho, sobre o aeroporto (...) e sobre os passageiros de cruzeiros», a partir de 2016, recomendando que o dinheiro desse fundo fosse «aplicado a projetos e infraestruturas que sirvam o turismo». Estávamos a 5 de Novembro.

Cinco dias depois, o conselho geral da AHP reúne-se para ratificar a proposta negociada por Luís Veiga. Os hoteleiros obrigaram Luís Veiga a dar o dito por não dito — ou melhor, o escrito por não escrito. Segundo se lê na edição de hoje do DN, a direita política, em especial Pires de Lima e Paulo Portas, mobilizaram os hoteleiros para recusarem a taxa turística. Refere o jornal: «A política intrometeu-se nas negociações. Assim, no dia 10 de novembro (dia em que Costa apresentou o orçamento autárquico), membros do Conselho Geral da AHP conotados com as cores políticas do governo foram ao Conselho Geral em peso rejeitar o acordo. Luís Veiga foi apanhado de surpresa. O presidente da associação rejeita esta análise, dizendo que a decisão do CG da AHP "não foi política". No entanto, o DN apurou que estiveram no Conselho Geral da AHP membros que não costumam estar presentes (embora tenham assento no órgão) e que se limitaram a participar no primeiro ponto dos três que incluíam a ordem de trabalhos: a proposta que introduzia as taxas. A grande maioria desses membros é tida, politicamente, como próxima dos partidos do governo.»

A taxa que existe na maioria das cidades europeias com relevância turística é apenas mais um incidente da campanha eleitoral em curso.

3 comentários :

Anónimo disse...

A corrigir:

Carlos Carreiras é vice-presidente do PSD.

Miguel Abrantes disse...

Já corrigi. Obrigado.

Anónimo disse...

Empresários que se prestam a jogos políticos não são verdadeiros empresários e devem ser tratados em conformidade...