sexta-feira, novembro 14, 2014

Mentir até cair

Ontem no Correio da Manha

Têm início na segunda-feira os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao BES. Eu não queria estar na pele do governador do Banco de Portugal nem na pele da Miss Swaps.

Para lá da poeira que o Governo e o Banco de Portugal vão lançar para o ar, há uma questão que terá de ser esclarecida: por que razão, tendo conhecimento da degradação da situação financeira do Grupo Espírito Santo (GES) desde 2013, Carlos Costa e a Miss Swaps não actuaram de imediato?

Com efeito, soube-se, através de um trabalho do Público sobre Pedro Queiroz Pereira, que este empresário tinha entregado, em Outubro de 2013, no Banco de Portugal um dossiê com dados inequívocos sobre a situação do GES. Mas, já em Setembro de 2013, Queiroz Pereira, segundo o Expresso, havia enviado uma carta confidencial a Carlos Costa, na qual o alertava para as irregularidades praticadas pelo GES e a real situação de insolvência da ES International — «cujo alcance poderá ser devastador

Ainda ontem, o Correio da Manha dava conta de um ofício remetido pela Miss Swaps ao governador do Banco de Portugal, na qual o informa de que havia sido alertada pelos responsáveis do GES para os riscos da estabilidade financeira das empresas da família Espírito Santo: «Na sequência das nossas conversas sobre a situação no GES, e em particular no que respeita ao banco BES, (...) informo-o [de] que tenho vindo a ser contactada por diversos responsáveis no grupo e no banco que me alertaram para eventuais riscos para a estabilidade financeira advenientes da situação». E no mesmo ofício, consciente do estoiro do BES, a Miss Swaps pedia ao governador que lhe fosse «facultada informação adicional sobre plano de contingência que o BdP tenha desenvolvido».

Este ofício da Miss Swaps, datado de 13 de Junho do corrente ano, foi enviado na semana em que o BES concluiu o aumento de capital e 15 dias antes de a troika abandonar Portugal.

Estávamos em plena preparação da festa da «saída limpa», pelo que ninguém queria estragar o evento. Convinha isso à troika, que não queria assumir que a implosão do BES tinha ocorrido na vigência do programa de ajustamento, sem que os representantes dos credores internacionais tivessem dado por isso. Convinha isso ao Banco de Portugal, que queria ganhar tempo para encontrar uma saída que não pusesse em relevo a sua própria ineficácia. Convinha isso ao Governo, que, tendo provocado a devastação do país sem cumprir as metas constantes do memorando, queria atirar para debaixo do tapete todos os estorvos que pudessem pôr em crise a «saída limpa». Convinha isso ao Presidente da República, uma vez que, dado o lento processo de deterioração do BES, não é crível que, ao longo de meses e meses, não tivesse sido posto ao corrente da situação pelo alegado primeiro-ministro e pelo governador do Banco de Portugal.

Para propagandear que o caso português era uma história de sucesso, foram levados ao engano os pequenos accionistas do BES, virão a ser lesados os contribuintes e deixa-se, ao que tudo leva a crer, uma bomba ao retardador no sistema financeiro português.

5 comentários :

Trans géneros disse...

Não vão só caír de podres, vão fazer caír a própria PODRIDÃO para mínimos impensáveis em Países civilizados!

Um ESTERCO total, esta tropa fandanga de canalhas, facínoras, crápulas, vigaristas, aldrabilhas e escroques de todos os géneros e feitios.

Anónimo disse...

Se isto não configura um crime de burla. Então já não sei nada!

Anónimo disse...

Alves dos Reis, Ronald Biggs, lá do Olimpo onde habitam admirem a obra destes intrujas.

Vale e Azevedo, olha o que tu não conseguirias se tivesses um padrinho fixe como o cavaco.

Anónimo disse...

Vale e4 Azevedo ? Mas ele até trabalhou para o Cavaco !...

Anónimo disse...

Esta senhora arrivista e mentirosa, é apenas a filha de seu pai - UM FASCISTA - e a mulherzinha de um extremoso António Albuquerque - que a defende ameaçando partir cornos ... Que edificante canalha a que estamos entregues!