quarta-feira, dezembro 03, 2014

Separar a política dos negócios
«com espírito de entreajuda e solidariedade»


João Calvão da Silva é o presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, que tem expulsado os dissidentes da linha oficial do partido como quem come cerejas. Este jurista laranja é uma figura muito próxima de Passos Coelho, a ponto de ter assumido um papel de destaque na célebre comissão que o pantomineiro-mor nomeou para virar do avesso a Constituição da República (cf. as séries «Dinamite Constitucional» e «Nitroglicerina constitucional»).

É este João Calvão da Silva que fez um parecer sobre a idoneidade de Ricardo Salgado, na sequência da oferta de 14 milhões de euros que o urbanizador José Guilherme fez ao ex-presidente do BES. Sustenta Calvão da Silva no parecer que essa oferta se justifica com o «bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade –, com espírito de entreajuda e solidariedade». Leu bem, caro leitor: «com espírito de entreajuda e solidariedade».

Quando se ouvir Passos Coelho a discorrer sobre a separação da política e dos negócios, não nos esqueçamos do que disse esta figura do seu inner circle em defesa de Ricardo Salgado, um dos patrões do pantomineiro-mor na Fomentinvest.

6 comentários :

Anónimo disse...

Professores catedráticos de meia-tigela.

Se este cretino estivesse inscrito na Ordem dos Advogados devia-se intaurar um processo disciplinar e, posteriormente, se-lhe-ia cassada a carteita (cédula).

FODA-SE! disse...



Esta escória moral tem mesmo de ser incinerada e o espaço público desinfetado com aguarrás!

Anónimo disse...

Pois se calhar o Vara não se devia ter ficado pela caixa de robalos, nem o director do SEF pelas garrafitas de vinho.
Se tivessem metido ao bolso os milhões que este gabiru meteu, aí sim, seriam dignos de entreajuda e solidariedade.
É a nova moralidade, bons costumes e ética na politica que este governo quer implementar.
Honestidade e principios? That´s so last century...

Unknown disse...

E não só; 34 governantes sairam das fileiras do BES/GES para os diversos governos. Uns santos solidarios com o DDT.

Careca disse...

Quero ver que nota daria esse artolas a um aluno que escrevesse a mesma coisa num exame ou defendesse essa posição numa oral (essa forma tão contemporânea, justa e rigorosa de avaliar alunos).

Eis boa parte dos professores de Direito: a coerência ficou entalada algures na borla e capelo.

Júlio de Matos disse...



Apetecia-me aqui discorrer um bocado sobre a circunstância de termos de novo hoje, na Sociedade portuguesa, todos os postos-chave políticos e sociais ocupados pela mesma casta que dominava o País antes do 25 de Abril, sem tirar nem pôr.


A única diferença é que, nesse tempo, a sua dominação se exercia na forma ditatorial, com censura, monolitismo político e repressão policial, e agora se exerce na sua versão democrática, ou seja, em liberdade e numa aparência de legalidade formal, para europeu ver. Usando meios de coação mental (propaganda) e administrativa (tributária, económica, judicial). Formas mais "limpas", portanto...


Mas a essência do Poder é hoje uma réplica siamesa, ao nível social, do que foi a velha dominação salazarenta. E, desgraçadamente, muito pouca gente se dá conta desta evidência magna do Portugal do Séc. XXI...


Como foi isto possível em Democracia?


Boa questão. Para lhe responder, teremos talvez que recuar às raízes do atual regime, essencialmente filho do 25 de Novembro de 75 (e consolidado depois com os consulados sá-carneirista e o cavaquista), e concluir, muito contrictamente, que no fundo Álvaro Cunhal teria alguma razão (em querer vergar a Direita social por todos os meios)e, em consequência, Mário Soares não a teve por inteiro, quando não percebeu que a sua aliança com a Direita social, para derrotar a Esquerda anti-democrática em nome da Liberdade e da Democracia, um dia poderia permitir a essa Direita reconquistar o aparelho de Estado ao ponto de, cumrpindo a sua vocação histórica, se sentir de novo apta a tornar-se, se necessário, violenta e anti-democrática!


Vendo, ouvindo e lendo figurões e figuronas como estes bandalhos das academias de Direito, a par do Cavaco, do Passos Coelho, do P. Portas e, SOBRETUDO (atenção às maiúsculas!), desta perigosíssima Mariazinha Alburqueca, não podemos ignorar que a distância desta sua desgovernação política (e desregulamentação moral) a um regime ditatorial, ainda que em "modo suave" (para já), é muito mais ténue do que se possa imaginar.


Atente-se na expressão facial de Mário Soares à saída do Forte de Peniche, perdão, do Presídio Militar, ai, do Estabelecimento Prisional de Évora.


ACHTUNG, democratas e patriotas portugueses. A coisa não é para brincadeiras.