terça-feira, janeiro 20, 2015

Portugal não é uma democracia social

• Mário Soares, Portugal não é uma democracia social:
    «(…) Houve muitas mudanças, com coligações, PS e PSD, por exemplo, e diferentes governos, de Spínola a Costa Gomes e depois presidentes eleitos, o primeiro dos quais foi o general Ramalho Eanes, depois este vosso criado e finalmente o ilustre jurista e advogado Jorge Sampaio. Veio, entretanto, a ser eleito Aníbal Cavaco Silva, membro do Partido de Sá Carneiro, depois de ter sido salazarista convicto no tempo da ditadura. Foi um desastre, pois, que um membro do partido de Sá Carneiro, ex-ministro das Finanças, tenha sido eleito Presidente da República, o mais impopular de todos, como a última sondagem indica, com uma popularidade abaixo de zero. É um Presidente que só vê o atual partido no poder dirigido por Pedro Passos Coelho.

    Por isso não antecipou as eleições legislativas (que então perderiam para o governo) para um momento muito próximo do fim do seu mandato.

    O atual governo, que leva três anos e tal, é responsável por todo o desastre de Portugal e sobretudo dos portugueses. Perderam quase tudo o que tinham conquistado e uma grande parte teve de emigrar. Uma vez destruído o Serviço Nacional de Saúde, tem havido grandes dificuldades nas universidades. O aumento dos impostos e os cortes de toda a ordem, incluindo nas pensões, têm levado à miséria os portugueses. Muitos não têm sequer dinheiro para emigrar, vivem nas ruas, sem casa, e sem ter o que dar de comer aos filhos. (…)»

5 comentários :

Anónimo disse...

Como disse Carlos do Carmo: "tivemos o azar dos Távoras"

RFC disse...

Chamo a atenção para um breve artigo que Ricardo Costa resolveu escrever, que vagueia entre o *incomodado* e uma pretensa superioridade de quem conhece os versiculos das biografias (?) sobre o PR algarvia, e que está disponível no Expresso online. Em causa está a passagem sobre Cavaco Silva ter sido um salazarista convicto durante a ditadura, merecia um destaque. Que a biografia da personagem tem tiques de autoritarismo, de parolice e de pequenez durante a democracia isso é verdade, o que o torna num inquilino do palácio de Belém grandemente anacrónico para os nossos dias.

QualquerUm disse...

..." Integrado no actual regime político"...

linguado disse...

Soares apenas diz o que a maioria pensa mas não tem "balls", para o afirmar em publico.Como o vinho do Porto quanto mais velho melhor.

Júlio de Matos disse...


Portugal já não é a Democracia social da Revolução de 25 de Abril, é apenas a tecnocracia de fachada democrática resultante do 25 de Abril sem revolução, ou seja, o 25 de Abril de pendor spinolista do pré-28 de Setembro (ainda que sem Spínola, nem Colónias...), que a Direita tentou a todo o custo forçar, inclusivé pela violência armada (a 11 de Março), mas que não conseguiu.


Voltou a tentá-lo, já noutro enquadramento político-social, em 1980, com Sá Carneiro e a candidatura de Soares Carneiro à Presidência, e repetiu a tentativa em 1986, com a candidatura presidencial de Freitas do Amaral. E também levou sopa.


Mas, finalmente, conseguiu os seus intentos, 40 anos depois, a partir da desvitalização de Belém e da ocupação do Poder pela "força" da propaganda, da desinformação e da manipulação grosseira!


Se hoje temos uma tecnocracia de fachada democrática em vez de uma Democracia social, foi porque coletivamente o quisémos, ou o deixámos acontecer.


Desgraçadamente nem sequer temos contra quem virar a nossa ira, só nos podemos queixar de nós próprios! Mas isso significa também que está apenas na nossa mão deitar tudo abaixo, de uma vez por todas.