quarta-feira, maio 20, 2015

A Pietà da Administração Interna

Depois da selvajaria a que se assistiu em Guimarães, esperar-se-ia uma declaração por parte da ministra da Administração Interna, afiançando que «critérios de fúria» não poderão nunca substituir critérios de racionalidade e de proporcionalidade na actuação das forças de segurança. Mas a ministra Anabela Rodrigues manteve-se num silêncio ensurdecedor.

Ao fim de três dias, a ministra apareceu. Para anunciar que cedera à pressão dos sindicatos da polícia para abrir uma nova ronda de negociações, dando o dito por não dito. Só devido a insistência dos jornalistas, Anabela Rodrigues fez uma declaração de circunstância sobre os acontecimentos de Guimarães. Mais um zombie a juntar a tantos outros que povoam um governo em fim de ciclo.

2 comentários :

Fernando Romano disse...

A cena de rua em Guimarães é horrível! Horrível para a Ministra, para o governo e para os bandos reacionários do nosso País pela naturalidade e espontaneidade dos intervenientes onde – azar!!! – não há efeitos ilusórios. Em desespero, inventaram um – uma cuspidela… - a que tentam agarrar-se. O homem da máquina de filmar estaria longe de imaginar que estava a produzir a cena de rua brechtiana, libertando o raciocínio dos espetadores, provocando um efeito de distanciamento que obriga estes a tomar uma decisão, a cingir-se à razão, a ser chamado a in vestigar. E a discutir a democracia. E, inevitavelmente, a acordar a sua actividade intelectual para se debruçar sobre como vai a justiça em Portugal e a natureza do poder dos bandos em Portugal. Por todo o sítio que tenho frequentado nestes últimos dias as pessoas discutem sobre a cena - dão opiniões, tomam posições. O público é colocado diante de uma coisa que tem um grande significado social.

Obviamente, foi horrível para as vítimas.

João Figueiredo disse...

Pietá? Ela tem é ar de quem comeu merda e não gostou.