sábado, maio 23, 2015

Como evitar «o caos e a incerteza»


Até agora, a ideia circulava por meias palavras e em voz baixa: o caso Sócrates já terá ido tão longe que não há outro remédio senão condenar o ex-primeiro ministro a uma pena pesada. Luís Osório, director do jornal i, tem a vantagem de, ao não ser especialmente rebuscado, sustentar esta posição sem artifícios:
    «É uma situação complexa, que, sem paradoxo, é de uma enorme simplicidade. A maior de todas as fragilidade de Sócrates é que qualquer outro cenário que não a sua culpa é mais grave para o regime que a sua inocência. No dia em que saísse do tribunal como inocente, o custo seria altíssimo. Esta é a questão central desde o início do processo; a sua culpa fará com que o país lamente profundamente que um primeiro-ministro tenha traído a sua confiança, mas a sua inocência fará com que a democracia seja corrompida por uma dúvida que trará o caos e a incerteza. Não há meio-termo. No primeiro caso, a democracia fortalecer-se-á. No segundo, ficará envenenada.»

Para salvar o que designa por «democracia», Luís Osório não hesita: — Deixem-no a apodrecer nas masmorras de Elvas. E sem se inquietar, faz a pergunta que perpassa pela cabeça do leitor e dá de imediato a resposta: «É injusto? Só [sic] se Sócrates estiver inocente.»

Hoje, sem fazer cálculos a tão longo prazo, o Público, num editorial intitulado Porque respira ainda [sic] Sócrates, alerta que, com as eleições à porta, «todos preferem ignorar que o preso 44 do estabelecimento de Évora ainda respira», como que a convidar a Justiça a ir mantendo o caso em lume brando.

É neste quadro que os portugueses foram notificados pelo Correio da Manha de que José Sócrates continuará em prisão preventiva. All's Well That Ends Well.

9 comentários :

Anónimo disse...

O problema são os cidadãos como eu para quem já não é possível acreditar numa condenação mesmo que ele seja culpado!
Depois de todas as ilegalidades e infamias já não é possível a nenhum cidadão consciente e honesto acreditar em qualquer sentença que o condene !
Suponho que isto também se chama "caos e incerteza", ou acham que não ?
E que se acham estão redondamente enganados e cedo ou tarde serão confrontados com isso.

Anónimo disse...

Não é a simples declaração de culpa ou inocência de José Sócrates que revelará a turvidez ou salubridade da nossa democracia e das suas instituições. São a clareza do racional que fundamenta as decisões tomadas e os esclarecimentos para os torpedeamentos ao normal funcionamento da justiça em cada fase do processo. Por exemplo, vai ser interessante saber o que é que se descobriu na fase de inquérito que não poderia ter sido descoberto com os arguidos em liberdade. Ou saber como é que os despachos do juiz chegam às bancas de jornal antes de serem levados ao conhecimento formal dos interessados. Começa a ficar um bocado tarde para sair deste buraco sem que seja uma grande surpresa não se revelar uma monstruosidade mediatico-judicial e política sem precedentes.

A. Cabral disse...

Estou inteiramente de acordo com o que diz o comentador acima, sou também dos que não acredito em culpa de Sócrates e muito menos que seja condenado e digo mais é mais que tempo de se criar um movimento dos indignados e forçar a derrocada de este bloco de bloqueio que se está a servir de Sócrates para corromper e apodrecer a democracia.

Anónimo disse...

Se este homem for condenado sem provas só para salvar este regime que alimenta esta justiça trágica escondida artás de uma democracia,nunca mais voto e prefiro viver numa ditadura pura e dura.Pelo menos numa ditadura sei com aquilo que conto e posso usar as mesmas armas.Por que é que os partidos ditos democráticos que só existem porque este regime democrático lhes permitiu, PS;BE e PCP entre outros pactuam com esta infame cilada à democracia.Por táctica politica bem sei,mas em democracia não vale tudo. Não vêem que estão a destruir tudo aquilo que o povo e a sociedade em geral construiu desde o 25 de Abril.Sócrates independentemente da da situação em que ficares depois deste processo ignóbil ficarás sempre como o melhor 1º Ministro que Portugal já teve.Tenho a certeza que ainda te vais levantar e lutar pelos ideais da igualdade fraternidade e justiça social em que sempre te empenhaste.Nessa hora eu e muitos outros que acreditam na tua inocência estaremos na 1ª linha.Os melhores momentos democráticos ainda estão para vir.Um bem aja à tua pessoa.

Anónimo disse...

O que se passa?
Estamos no Processo de Kafka"
Para onde caminhamos?
Quem nos salva?

Anónimo disse...

Assino por baixo estas declarações. Somos/devíamos ser um estado democrático em que a justiça se limita a cumprir a leu e não uma democracia das bananas.

Anónimo disse...

Luís Osório? De que picha terá fugido este espermatozóide? Só pode ter saído da verga do Pôncio Pilatos,o democrata que condenou Jesus Cristo à crucificação.És um erro humano, meu rapaz. Vai mas é a caminho do médico. Mostra-lhe a cabeça e diz-lhe que sentes o cabelo a crescer para dentro.Um dia destes mando-te a fotografia do Hitler a inaugurar um campo de concentração.

Anónimo disse...

Na aflição em que ficou, esta aventesma que escreveu este "Como evitar o caos e a incerteza", esqueceu-se que existem TRIBUNAIS INTERNACIONAIS como por exemplo o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Uma chatice ter de lembrar a esse exemplar cidadão e jornalista que o plano dele para "evitar o caos e a incerteza" condenando a uma "pena pesada" um cidadão mesmo que ele esteja inocente BATERÁ DE FRENTE com os tribunais internacionais.
Pois é, a coisa nunca ficará silenciada aqui na parvónia.
HELAS ! Nunca será possível silenciar para sempre o homem "na masmorra de Elvas" !!!

Anónimo disse...

O quê? A VERDADE tem de vir ao de cima. O mais rápido possível. Inadmissível, sequer passar pela cabeça de quem quer que seja,que assim não aconteça. A verdade! A verdade, pela aplicação da Lei e dos princípios do Estado de Direito. Nem mais. Pelo respeito pela dignidade das pessoas, de todas as pessoas. É o que se espera. É o que tem de ser. Caso assim não seja - ou as evidências continuarem a apontar nesse sentido - tem de ser criado um movimento de indignados, o mais depressa possível. As eleições não podem ocorrer em clima de sombras