segunda-feira, maio 11, 2015

Contra-revolução enraivecida

• António Correia de Campos, Contra-revolução enraivecida:
    «A recuperação do desastroso estado de coisas que vai ser legado ao país em Outubro próximo implica medidas corajosas e contra a corrente económica dominante nos anos pós-crise.

    O PS não deve enjeitar responsabilidades passadas. Por ela pagou o afastamento do poder, muitas acusações injustas e esquecimentos oportunistas. Foi forçado a assistir à omissão de que até 2008 se recuperou crescimento e reformou a administração, a universidade e a ciência, a Educação, a Saúde e a Segurança Social. Criaram-se fileiras produtivas ligadas à energia de que agora o país colhe frutos. Investiu-se pesadamente na refinação, na indústria papeleira e na aeronáutica, que hoje ufanam os que delas descriam. Prosseguiu uma silenciosa revolução da agricultura que mudou padrões, empresários, exportação e criou a base para a auto-sustentação financeira do respectivo produto. Tal como a formação profissional, a modernização do secundário contra ventos e marés do sindicalismo de sector, abençoado pela direita. E sobretudo a formação superior com doutoramentos, projectos e parcerias internacionais que nos emparelham com o que de melhor se faz. Também se cometeram erros, que os detratores se não cansam de ampliar. Talvez se tenha deixado prolongar a crença nos equilíbrios automáticos e na solidariedade europeia. Fiámo-nos na sorte e não corremos quando devíamos. Acreditou-se que o grande capital doméstico tinha o mesmo patriotismo que os peões da lide, que a ganância era estigma reservado aos milionários americanos e que o mundo se havia de recompor num patamar sempre superior. Admitiu-se, tempo de mais, a solidão governativa como sinónimo de eficácia na acção.

    Mas quando comparamos com o que os seguintes depois fizeram e teimam em prosseguir, quase nos podíamos consolar, não fora a dimensão do desastre e as suas consequências na rotura do tecido social. Em quatro anos, entre 2011 e 2014, uma enraivecida contra-revolução social abateu-se sobre pobres e desmunidos. Menos 50 mil beneficiários de abono de família, menos 64 mil do complemento solidário para idosos, menos 112 mil inscritos no rendimento social de inserção. Mais 31 mil desempregados no sentido restrito do termo, mais 113 mil desencorajados de procurar emprego, mais 80 mil desempregados de longa duração. De todos os desempregados, apenas 30% têm qualquer forma de cobertura social. Mais 146 mil cidadãos em risco de pobreza, 60 mil dos quais são crianças. (…)»

5 comentários :

Anónimo disse...

pois foi, com uma correção substantiva, a calamidade abateu-se e abate-se sobre a classe média, não sobre os pobres, porques esses, como os ricos, sempre viveram à custa do OE, não pagam justiça, saúde e educação e depois é vê-los procriar como coelhos para haver muita mão de obra barata e dócil e muito criminosoà solta, que nós pagamos tudo, o que não tem explicação muito razoável, é haver mais de um milhão de portugueses que ainda vai votar nestes traidores, porque tirando os do provincianismo militante do norte interior, tirando os que têm lugar nos gabinetes a ganhar 4000 euros para estarem lá sentados no face, tirando os debragados dos retornados que só sabem dizer que são anti esquerda mas que se esquecem que quem nos vendeu em África aos russos foram os americanos, e tirando os que são tão crédulos que se lhes dissessem que este governo lhes ia dar o euromilhões eles acreditavam, os outros devem ser mesmo imbecis de todo, mas eles, infelizmente, são nossos concidadãos, infelizmente não emigraram também pelo convite do seu chefe, e vamos que ter que continuar a ser governados por esta gentinha iletrada, sem ideias próprias e com falta de carácter!

Jose disse...

Falemos de tudo menos de dinheiro!
Esse vil metal, fundamento maior do economicismo, esse princípio corruptor da estabilidade social, obstáculo maior da criatividade e da energia progressista.

Os cofres estão cheios?
De Outubro a Julho aguarda-nos a felicidade terrena.

Anónimo disse...

Há ideologia nesta raivosa contra-revolução levada a cabo por Passos e Portas. Uma ideologia bafienta de 40 e tal anos atrás, esperando o dia da desforra. Uma espécie de vitória do 24 de Abril. Só que desgraçaram o país e o seu povo. Isso não tem perdão. E não vai ter esquecimento. Mas vamos todos arregaçar as mangas e reconstruír.

Olimpico disse...

Até Outubro, vão cobrir o País de "flores".contratação de médicos enfermeiros, colocar desempregados em cursos ditos de formação etc Etc..Cortaram tudo pela raiz, agora vão gastar, não para resolver os problemas, mas sim para os adiar e tentar tirar vantagens eleitorais.Antonio Costa vai receber um Pais bem pior do que antes da CRISE INTERNACIONAL, provocada pela falencia do sistema financeiro. Lá para Setembro os numeros serão aquilo que a MF quizer....quem vier que feche a porta...

Anónimo disse...

"...tirando os do provincianismo militante do norte interior..."

Um retrato objectivo do país. Infelizmente