segunda-feira, setembro 21, 2015

A ética social na austeridade de Paulo Portas não é de fiar

• João Galamba, A ética social na austeridade de Paulo Portas não é de fiar:
    «Diga Paulo Portas o que disser, o programa do PS aposta no combate à pobreza, na redução das desigualdades e investe na proteção social. Tudo isto contrasta com a criação de pobreza, com o aumento das desigualdades e com o investimento na desproteção social dos últimos 4 anos.

    Paulo Portas, para além de cortar 2200 milhões de euros em pensões, cortou o valor de todas as prestações de combate à pobreza, retirou o Rendimento Social de Inserção (RSI) e o Complemento Solidário para Idosos (CSI) a 237 mil beneficiários e fez 400 mil crianças perder o acesso ao abono de família.

    A crença na austeridade expansionista e o entusiasmo com que se foi além da troika, quer no aumento de impostos, quer no corte de salários, quer no corte nas prestações sociais, fez com que a taxa de pobreza - que tinha caído de forma significativa nos últimos anos e que não tinha aumentado durante a crise crise financeira - disparasse, passando de 17.9% em 2011 para 25.9% em 2013. 450 mil novos pobres em 2 anos.

    Ainda não há dados do INE para 2014, mas, segundo um estudo da Cáritas, Portugal foi o país em que mais aumentou o risco de pobreza e exclusão social em 2014, logo seguido pela Grécia. Apesar do país já não estar em recessão, não há indícios de que a crise social tenha abrandado.

    O governo decidiu aplicar o dinheiro que “poupou” no RSI, no CSI e nos abonos e investiu na criação de cantinas sociais. Esta estratégia revelou-se menos eficaz no combate à pobreza e mais onerosa em termos orçamentais. Uma família com dois filhos que deixou de receber cerca de 370 euros por mês de RSI passou a custar 600 euros por mês nas cantinas sociais. O que Paulo Portas fez foi substituir direitos sociais de cidadania, sujeitos a condição de recursos, pela versão moderna da sopa dos pobres.

    O PS recusa qualquer corte nas pensões em pagamento e investe no combate à pobreza. Em matéria de apoio social devemos fazer o que a coligação não quis fazer: investir nas prestações sociais mais eficazes e mais eficientes no combate à pobreza, que são as que estão sujeitas à condição de recursos. Por isso, propomos repor os mínimos sociais cortados por este governo (RSI, CSI e Abono), propomos criar um complemento salarial para trabalhadores pobres, propomos travar a degradação dos serviços públicos praticada e defendida pela coligação. O PS investe mais, não menos recursos. E investe melhor, porque a prioridade às prestações sujeitas a condição de recursos garante maior eficácia social e melhor eficiência orçamental.

    Depois do cadastro dos últimos quatro anos, Paulo Portas garante manter o rumo, isto é, garante aprofundar a crise social criada pelas políticas da coligação. Mas promete mais. No dia 6 de setembro, Pedro Mota Soares, ministro da Segurança Social e candidato a deputado, terá dito que a proposta de plafonamento da coligação poderia custar cerca de 538 milhões de euros. Se a perda de receita com o plafonamento das contribuições for 538 milhões por ano, trata-se de uma perda de receita permanente de muitos milhares de milhões de euros, que tem de ser financiada de alguma maneira. Parece ter sido finalmente encontrada a explicação para os cortes de 600 milhões de euros prometidos em Bruxelas mas sempre negados em Portugal. O corte permanente de 600 milhões serve para pagar o défice criado pelo plafonamento. Tudo indica que, depois de tudo o que fizeram, Portas e Passos Coelho querem mesmo financiar a liberdade de escolha de uma pequena elite de trabalhadores voltando a cortar no rendimento dos pensionistas.»

6 comentários :

Anónimo disse...

Seja qual for o resultado das próximas eleições o CDS/Paulo Portas será o grande perdedor.
Não havendo maioria à vista PS e PSD correrão um para o outro como grandes amigos capazes de implementar grandes projectos e o CDS/Paulo Portas rolará pelas valetas.
Na Alemanha o PS está no Governo em parceria com a Senhora Merkel Na Suécia, como nos sociais-democratas que são ainda se acreditou que fizessem governo com os comunistas, nada disso, lá estão eles com os liberais.

Graça Sampaio disse...

E depois disto e de muito mais, as sondagens continuam a pôr a coligação à frente?! Por amor de deus!!!!

Graça Sampaio disse...

E depois de tudo isto e de muito mais, como é possível as sondagens continuarem a pôr a coligação à frente?! Por amor da santa!!!

Tanto Mar disse...

Graça Sampaio, também não entendo estas sondagens.Deve ter alguma armação nisto tudo.Depois de tudo que aconteceu com a quadrilha de direita, como é possível estes resultados? Será que pensam que os portugueses são burros? Esta deve ser a maior conspiração de sempre na Comunicação Social.

Anónimo disse...

Cara Graça as sondagens são uma anedota, servem a quem as paga!
Têm amostras de 500 pessoas(!), feitas para telefones fixos escolhidos segundo ninguém sabe que critério e em que 50% não responde!

Ou seja é o mesmo que perguntar a 250 pessoas de Cascais e considerar que isso é representativo do voto de 10 milhões de pessoas!

templario disse...

Pelo sim, pelo não, a melhor atitude é não desvalorizar estes resultados. A sociedade portuguesa está desarticulada, as políticas deste governo visaram dividir os portugueses, pô-los uns contra aos outros. Conseguiram-no. O egoísmo exacerbou-se em todos os setores da sociedade (o que até é legítimo), caraterística, aliás, peculiar em períodos de decadência como o que vivemos, quer a nível nacional quer internacional.

Acresce ainda, como alguém escreve hoje no "Público", que há "um segundo Portugal", que "está escondido, que é invisível", os "que não se conseguem rever nos discursos feitos, nem nos argumentos apresentados, nem nas abordagens realizadas". São estes estratos que vão decidir o vencedor no dia 4 outubro (onde se incluem muitos reformados), seja pela passividade, seja pela participação. Os outros já decidiram em quem vão votar, muitos deles caladinhos como ratos - porque temem retaliações de um lado ou de outro. Nunca me deparei com tanto medo das pessoas em falar de política - até mesmo alguns com cartão de militante partidário no bolso (ou perdido numa gaveta de papéis soltos lá em casa).

António Costa tem de aprimorar o discurso, deixar de responder à coligação, dirigir-se sempre aos portugueses. E sou franco: se fizesse parte daquele "segundo Portugal" o actual discurso de Costa não me mobilizaria. Mas ainda é tempo. Afinal, a campanha a sério começou ontem.

Eu não desvalorizo estas sondagens. Bem pelo contrário. Aos que têm as rédeas da campanha de Costa aconselho reuniões urgentes (com gente de gabarito). Nas televisões, a coligação, o PC e o BE estão a dar-nos bué de abadas, umas seguidinhas às outras. Só um cego e surdo é que não cóca. Certo. Também com a evidente manipulação das redações.