• Maria de Lurdes Rodrigues, O que está em causa nas próximas eleições:
- «(…) Ora, o que está em jogo nas próximas eleições não é apenas a expressão do descontentamento da maioria dos eleitores. O que está em jogo é fazer uma escolha entre alternativas de governo. O que está em causa é, neste caso, escolher entre manter o governo da coligação ou construir uma alternativa a este. Evitar o risco de virmos a ter de novo um governo da coligação requer que, nas eleições, se afirme uma força partidária claramente maioritária, com um número de votos e de deputados significativamente superiores aos da coligação. Como o nosso sistema político está muito bipolarizado, apenas o PS tem a possibilidade de eleger um número de deputados superior ao da coligação.
Votar no BE ou no PCP é votar em partidos que, embora elejam deputados, se têm recusado a viabilizar alternativas realistas de governação. Sendo um voto que exprime o descontentamento de muitos eleitores, bem como opções políticas distintas daquelas que o PS defende, é também um voto que, infelizmente, apenas servirá para afirmar o protesto. No dia 5 de Outubro, certamente que muitos dos que assim se exprimiram não gostarão de ver a coligação com possibilidade de formar governo por recusa de os seus representantes em oporem uma coligação de esquerda a uma coligação de direita. Note-se bem, o que faz a inutilidade destes votos não são as opções políticas que representam mas o sectarismo dos partidos que os recebem.
Os votos nos pequenos partidos, que não têm qualquer possibilidade de eleger deputados, exprimem também descontentamento e escolhas políticas diferentes, mas, devemos dizê-lo com toda a clareza, são votos que, depois das eleições, não permitirão retirar qualquer consequência prática para induzir a mudança desejada. Não tendo qualquer possibilidade de eleger deputados, a expressão do descontentamento esgotar-se-á no dia das eleições. O mesmo acontece com a abstenção e os votos brancos ou nulos. Podem exprimir o descontentamento daqueles que não acreditam na política, daqueles que pensam que os políticos e os partidos são todos iguais, mas são votos que não contam se o que estiver em jogo for uma alternativa de governação. No dia a seguir às eleições ninguém mais dará importância a estes votos e eles não terão (podemos considerar que infelizmente) qualquer eficácia para mudar o que quer que seja. Por essa razão, a abstenção e os votos brancos, nulos ou nos pequenos partidos retiram eficácia à expressão do descontentamento e, na prática, beneficiam a coligação. (…)»
1 comentário :
É exatamente como diz Maria de Lurdes Rodrigues...perante a impossibilidade de coligações à esquerda, esses votos perder-se-ão a favor da direita. Por isto(e muito mais...) vou votar PS!
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