quarta-feira, setembro 23, 2015

Um rombo no porta-aviões

© João Cóias

• Pedro Adão e Silva, Um rombo no porta-aviões:
    «A credibilidade é como um porta-aviões: demora tempo a construir, é muito custosa, move-se lentamente, mas quando sofre um rombo e começa a meter água, torna-se difícil de estancar.

    Os dados hoje reportados pelo INE relativos ao défice de 2014 e à execução orçamental do primeiro semestre de 2015 são um autêntico rombo na credibilidade da coligação PàF, precisamente numa dimensão em que assentava uma parte essencial da afirmação política da dupla Passos Coelho/Paulo Portas - a boa gestão das contas públicas.

    Os dados hoje confirmados servem para revelar, uma vez mais, que o Governo foi incapaz de cumprir uma única meta relativa ao défice ou à dívida ao longo da legislatura. O que, de facto, aconteceu foi que foram cumpridas metas revistas e renegociadas, mas nunca as originalmente definidas.

    Como se tal não fosse suficiente, enquanto o porta-aviões das contas públicas começou a meter água, ficaram claros os efeitos do BES e a incapacidade de concretizar a estratégia de consolidação orçamental para 2015 (o tal ano em que a sobretaxa seria parcialmente devolvida).

    A resolução do BES, que não teria custos para os contribuintes, tem, para já, um impacto orçamental em 2014, mas não deixará de ter impacto no futuro. Hoje sabemos que a resolução do BES colocou o défice de 2014 em 7,2%, mas ainda não sabemos o impacto da resolução no défice de 2015, por força das necessidades adicionais de capital, e nos anos seguintes, consequência dos custos de litigância e eventuais novas necessidades de capital.

    Não menos grave é a forma como fica exposta a ilusão alimentada há um ano. O que era imperioso - vender depressa - revelou-se impossível e agora até é visto como uma vantagem. Passos Coelho, demonstrando uma inclinação imparável para reescrever a história ao sabor de cada momento, disse mesmo, hoje, que "quanto mais tempo demorar a vender o Novo Banco mais juros o Estado recebe desse empréstimo" (sic). No fundo, a dívida já não é só para ser gerida, é mesmo para ser aumentada, pois o Estado pode beneficiar dos juros. Podia só ser insólito, mas, como acabaremos todos por descobrir, é bem mais do que isso.

    Para o fim, a execução orçamental de 2015. Em Julho, o primeiro-ministro garantia que o défice ficaria este ano "claramente abaixo dos 3%". Sabemos hoje que só no primeiro semestre o défice atingiu 4,7% do PIB, o que inviabiliza os 2,7% previstos para o final do ano. Agora, para cumprir a meta, seria necessário ter um défice inferior a 1% na segunda metade do ano. É fácil perceber que não será alcançado.

    Infelizmente há uma outra coisa que sabemos sobre porta-aviões. As reparações são complexas e também muito dispendiosas. É isso que vai sobrar para o dia 5 de Outubro.»

7 comentários :

João disse...

Sim, o Pedro tem razão. Mas ou fica claro que a coisa é mesmo diferente (até segunda) com o Costa ou fica-se à espera de um voto útil que nunca aparecerá...

Anónimo disse...

Caro João, mesmo que não fosse diferente, mesmo que Costa se dispusesse a a seguir a politica destes estafermos, até nisso a sua equipa seria mil vezes
mais competente do que estas bestas.
Só isso já seria razão suficiente para concentrar o voto no PS.
Já não é apenas o mal que fazem aos cidadãos e a forma completamente desprovida de vergonha com que se governam a si e aos amigos que está em causa.
É também a mais pura e abjecta incompetencia que reina naquelas gentes. A grande maioria dos boys e girls que meteram no estado ( e que o PS vai ter de gramar) não serviam nem para limpar retretes.

Anónimo disse...

O PS não tem matemáticos e engenheiros que troquem o rigor e resultados das sondagens por miúdos?

Cambada de burros, ignorando textos denunciadores da gigantesca manipulação eleitoral em curso

http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2015/09/sondagens-ou.html

http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2015/09/mesmo-depois-que-voz-ja-me-doa.html

http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2015/09/a-minha-batalha-perdida.html

https://vaievem.wordpress.com/2015/09/22/o-valor-facial-das-tracking-polls/

https://vaievem.wordpress.com/2015/09/18/as-sondagens-e-as-corridas-de-cavalos/

RFC disse...

Elogios, dois. Pedro Adão e Silva, as usual. João Cóias, excelentíssimo.

pedro carrilho disse...

muitos mais rombos surgirão depois dos canalhas serem corridos, tem muita dívida oculta e os déficits estão todos em crescendo, a economia sofre de anemia crónica e o pafioso mor até diz que é bom não vender o novo banco porque os outros bancos estão a pagar juros ao estado, esquece-se de dizer que se assim fosse então não havia necessidade de o vender, mantinha-se "ad eternum" na esfera do estado esta nova galinha dos ovos de ouro, e também não falou que cerca de 40% desses juros é o estado a pagar com dinheiro do estado ao estado, via cgd, enfim a única sustentabilidade ainda existente disto tudo é a compra de dívida soberana pelo bce que foi decidida no sentido de deixar bem na fotografia Portugal e a Irlanda porque eles precisavam de mostrar alguma coisa ainda que sabendo que o sistema financeiro se encontra podre, quando isto acabar então não haverá saque fiscal que sustente a nossa dívida, a nossa única hipótese é a sua reestruturação através da maturação dos prazos, isto se já não estivermos de joelhos ou tivermos ido mesmo ao tapete, vulgo bancarota!

António Antunes disse...

Este comentário tem um tom condizente com a postura que um certo partido tem vindo a assumir. Continuem assim. 😊

António Antunes disse...

Dívida escondida? O senhor deve ter parado no tempo algures em 2011.