sábado, setembro 26, 2015

«Vergonha interior que muitos trabalhadores dos Estaleiros de Viana
devem ter tido, ao ver Portas a usá-los»

Portas, Marco António e Abreu Amorim (via Rádio GeiceFM)

• José Pacheco Pereira, É mau, mas quem é que quer saber?:
    «(…) É natural que a empresa que ficou com a subconcessão dos Estaleiros, a West Sea da Martifer, não perca oportunidades em receber os governantes a quem muito deve. Seja Aguiar Branco, seja Passos Coelho, seja agora Paulo Portas. Em Maio deste ano, Passos Coelho visitou os Estaleiros e anunciou “que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”, por ajuste directo, ou seja, sem concurso. A encomenda por ajuste directo no valor de 77 milhões, foi justificada pela “urgência”, depois da Marinha ter sido impedida de os contratar aos Estaleiros quando estes eram públicos. Mas quem é que quer saber?

    Portas passa por cima destas minudências e atira os números do “sucesso” sem hesitar, como se espera de um propagandista, Passos pelo contrário, entaramelou-se. Quando da sua visita aos Estaleiros, seguiu-se uma complicada, como é costume, explicação sobre o que é que tinha acontecido aos trabalhadores dos Estaleiros: havia 520 a trabalhar, 200 contratados, 320 subcontratados. Dos contratados, aqueles pelos quais a Martifer tinha responsabilidades, apenas 160 tinham vindo dos antigos estaleiros (que tinham 609 trabalhadores à data da privatização). Claro que, muito naturalmente, porque a vida é difícil, houve trabalhadores que pediram a rescisão do contrato e o estado pagou as respectivas indemnizações, subsídios de desemprego e reformas. Em inícios de 2014, a empresa pública em vésperas de privatização, previa para “limpar” estes trabalhadores cerca de 30 milhões de euros. À data da concessão, a Martifer prometia contratar 400 dos 609, coisa que não fez. Agora promete dobrar o número de trabalhadores, dos 200 para os 400, “nos próximos tempos, tendo em conta que o Primeiro-Ministro acaba de anunciar que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”. O Almirante Melo Gomes, que foi Chefe do Estado-maior da Armada, não deixou de comentar, com ironia, a “superioridade da gestão privada quando esta é financiada pelo erário público”. Mas quem é que quer saber?

    (…)

    O argumento é o de que foi assim, porque tinha que ser assim. Mas na verdade, não tinha que ser assim, foi assim porque se foi negligente (no Citius), se perdeu o controlo (no Novo Banco) e se fizeram asneiras (no “ir para além da troika”) ou, como no caso dos Estaleiros, porque se quis que fosse assim. Os prejuízos enormes a montante a jusante de muitas das decisões negligentes, impreparadas, imponderadas deste governo, para servir interesses e amigos, por ideologia, ou pior ainda, não podem ser justificadas pelas situações de facto que foram criadas. Algumas foram travadas pelo Tribunal Constitucional ou por outros Tribunais, outras porque o protesto teve força, outras porque estavam tão mal feitas que não passaram do papel. Mas, para mal de Portugal e dos portugueses passaram coisas demais. Mas quem é que quer saber?

    Não há-de ser por mim, como aliás por muitos social-democratas que ainda sabem o que designa essa classificação política, que o PaF vai ganhar. Contrariamente à pequena intriga de muitos gnomos dedicados ao dedo twitteiro e facebookiano da coligação, uns amadores, outros profissionais, todos a mostrar serviço, que se saiba ninguém mudou de partido, ninguém faz parte das listas de deputados do PS e ninguém espera cargos e lugares caso o PS ganhe as eleições. Mas são sensíveis à vergonha interior que muitos trabalhadores dos Estaleiros de Viana devem ter tido, ao ver Portas a usá-los. (…)»

5 comentários :

Anónimo disse...

Não percebo nada de Lei... Mas isto não configura crime? Quando e empresa é pública, o dinheiro e materiais não aparecem... O slogan "o Estado não presta e a prova está aqui", é usado e até parece ser verdadeiro e adequado à realidade.

Depois, quando a empresa é privatizada aos amiguinhos e amigalhaços, o dinheiro e material, como magia, aparecem...! E usa-se o slogan "o privado é que é bom!"

Coisas destas não configuram crime? Num país decente, deveria configurar crime.

Anónimo disse...

Claro que é CRIME.
Mas eles tem os amigos a controlar o Ministério Público.
Alguém que explique isto ao palerma do António Costa.

Anónimo disse...

Não neutralizem o arrogante FP Portas e depois não se queixem.

arebelo disse...

Não entendo,como é que foi consentido um bando de marginais destes numa visita notoriamente provocatória nos Estaleiros e nada lhes sucede nem são corridos!É que a imagem do "encapacetado"bando e só por ela, é um insulto e um escarro naquele local de trabalho!

Anónimo disse...

Pois é, é uma vergonha um escroque destes ir aos Estaleiros de Viana do Castelo em herói. Mas ja foi uma vergonha ele ter sido Ministro da Defesa. E Ministro dos Negócios Estrangeiros. Sujou tudo com o seu sarro de incompetência e corrupção. Mas a culpa não foi dele, a culpa foi dessas classes profissipnais, que não o correram a pontapé, e é de todos nós que nos calamos, que não distribuímos por aí uns arraiais de porrada. No dia em que esse merdas tiver o focuinho partido, mete o rabo entre as pernas e vai para os Estados Unidos pedir emprego ao Rumsfeld, esse corrupto republican que o condecorou.