• Sábado, às 16:18:
- «Aos amigos que perguntam: mas como vamos agora confiar em quem sempre nos atacou? Pensem apenas nisto:
- 1. Se o PS sempre se queixou, e bem, do imobilismo do PCP, não pode agora tornar-se imóvel só porque o PCP se mexeu...
2. Se partirmos todos do princípio de que, em nenhuma circunstância e por nenhum motivo - mesmo quando os três partidos juntos têm muitos mais votos e mais deputados do que toda a direita - o PS pode aceitar governar com o apoio da sua esquerda, então o que estamos a dizer é o mesmo que a direita diz: que a direita tem um poder divino de governar em Portugal, mesmo quando não consegue ter a maioria eleitoral.
3. Claro que nada me garante que, daqui a, digamos, dois anos, aqueles mesmos que declararam agora apoiar o governo do PS lhe não retirem o apoio. Aliás, o pressuposto de qualquer acordo político é que pode ser alterado posteriormente, e por isso não é um contrato de direito civil.
4. Mas então o PS irá a votos de cara limpa, porque não foi por ele que a esquerda não governou. Já recusar liminarmente agora, mesmo se obtidas garantias de apoio estável, só porque sim, é que me parece uma auto-estrada para a irrelevância política.
5. Claro que subsiste um problema delicado, para uma consciência democrática: o PS não conquistou o maior número de mandatos. O eleitorado não lhos quis dar. Mas também não quis dar a maioria nem à direita, nem aos restantes partidos de esquerda. E isso obriga toda a gente a compromissos, e não percebo porque o único compromisso possível há de ser servir de bengala à direita.»
• Sábdo, às 16:28:
- «Mas, dirão outros, BE e PCP nunca formalizarão apoio a um governo PS comprometido com o euro e a leitura inteligente do Tratado:
- 1. Ok, é possível, é bem possível que não.
2. Mas é um problema deles, não?
3. Então, o PS não poderá formar governo porque a sua esquerda continua incapaz de agir no quadro europeu. E, então, digo eu, porque não é irresponsável, o PS deixará passar no Parlamento o novo governo da direita.
4. E o eleitorado fará o seu juízo.
5. Agora, o que eu não percebo é que haja socialistas dispostos a fazer o enorme frete ao PCP e ao BE que é (através de uma recusa liminar de qualquer entendimento por parte do PS) dispensá-los de se definirem publicamente - e eventualmente terem de explicar ao mais de milhão de portugueses que votaram neles que votaram a favor da continuação de Passos Coelho como primeiro-ministro.»
• Sábado, às 16:46:
- «Tenho de voltar à sociologia. Mas, com base nos resultados eleitorais, podemos fazer um exercício contrafactual (só para podermos pensar melhor):
- 1. Ok, o PS diz: não é imaginável nenhum acordo com PCP e BE - não porque eles não queiram, mas porque nós não queremos. (Têm peste).
2. O PS pode recusar dar a mão ao governo PaF, chumbando-lhe o orçamento ou desatando a chumbar-lhe na AR todas as medidas, ou impondo-lhe por via da AR políticas absolutamente contrárias? Logo que possível, a direita força novas eleições. Imaginamos o que acontece ao PS, ou é preciso desenho?
3. O PS entrega-se à direita, versão I: aceita formar governo de bloco central. Os 1,7 milhões que votaram nele para mudar de governo aplaudirão, certo? A alternância democrática sai favorecida, certo? O Bloco e o PCP, agora convenientemente limpos de radicalismo, caem, certo?
4. O PS entrega-se à direita, versão II: não se compromete, só viabiliza. Mas viabiliza a mesma política, certo? E os 62% que não votaram em Passos e Portas ficarão eternamente reconhecidos, certo?
5. O PS obriga a direita a um certo número de compromissos, ao mesmo tempo que permanece na oposição. Pessoalmente, não tenho nada contra. Mas uma coisa é fazê-lo depois de se mostrar empenhado noutra solução de governo, mais conforme ao seu programa e ao voto dos portugueses, e de ter verificado que a sua esquerda não quis (ou mesmo que o Presidente não aceitou). E outra coisa é fazê-lo logo, porque é a única coisa que imagina poder fazer. Digam-me agora: em qual das circunstâncias tem o PS maior poder negocial? E, sobretudo, em qual das circunstâncias interpreta o PS melhor o mandato eleitoral que recebeu?
6. Não tenho certezas em todas as respostas. Mas acho que se deve pensar muito bem em todas as perguntas. (Está a ver, senhor Eleitorado, o que arranjou? Até os meus ricos 5 pontos transbordam)»
10 comentários :
A mania da "oposição /abstenção violenta", que alguns do PS propõem, é uma grande treta.
É altura de se ousar, ser-se corajoso e criativos.
Porque , para pior, já basta assim.
vejam lá mas é o frete que o Expresso online fez a Paulo Rangel. O homem está em vias de ser eleito vice-presidente do partido popular europeu. quantos são os vice? dez.Quem é o presidente? esqueci. o sg? também esqueci.
folgo pelo dia em que este folheto impresso seja vendido a um qualquer investidor sul-americano.
Sr Prof. Augusto Santos Silva
Não foi o eleitorado que arranjou foi a VIDA, a REALIDADE.
O PS está num momento histórico porque o país está numa encruzilhada, e pode fazer HISTÓRIA, tal como Mário Soares a fez.
Faça-se pois a História, e que ninguém tenha medo nem venha com lamúrias.
É preciso fazer UMA ESCOLHA. FAÇA-SE !
Eu fiz uma escolha. Votei no PS porque queria OUTRO GOVERNO.
Afinal se calhar é a escolha é mais simples do que parece, e indica-se por si. Só é preciso ter coragem e seguir em frente.
Em frente, sem medo. O PCP está a mudar, os tempos são outros. O BE é de confiança; são pessoas sérias, trabalhadoras, gente como nós. Em frente com o PS Governo. Serão 4 anos de estabilidade. Serão 4 anos de progresso e de recuperação económica. Serão 4 anos de trabalho para as pessoas. E daqui a 4 anos o PS ganha as eleições.
Agarrando num conselho de um professor meu no ensino secundário, convido os hesitantes a refletirem 9 vezes sobre este post do Professor para se furtarem corajosamente do mainstream cimentado pela direita e suas línguas alugadas (esta pequena burguesia citadina muito bem vestidinha...) acerca do novo quadro político criado. E munam-se de uma máquina calculadora de confiança. Os números não enganam.
O Professor explica tudo por miudinho; ou, se quiserem, disponibiliza todas as questões para um responsável exercício de filosofia política ligado à prática.
Surgiu uma oportunidade histórica na sociedade portuguesa. Um partido que faz parte do património histórico da política nacional aprochega-se, finalmente, do real, do concreto, da vida de cada português, da realidade social e política nacionais. Não era isso que há imenso tempo aguardavamos desse partido? Seja qual for a forma de o empenhar num projeto de governação, será extremamente saudável para a democracia portuguesam e para o povo português.
É uma oportunidade histórica que António Costa (e o PS) deve explorar até às últimas consequências. Sem dúvida, vai criar o desassossego em muita gente, mas vai provocar uma revolução saudável no sistema partidário português, na vida política social e económica. Eu acredito que o PCP está de boa fé. Aliás, não terá outra alternativa. A oportunidade é soberana. A realidade histórica exige-o
Vamos pô-los no seu devido lugar, retirando-lhes, democraticamente, o poder, que, na verdade, não conquistaram!
De início, não esperava a ideia de governo PS, com apoio parlamentar do PC e Bloco. Depois, comecei a achar interesante, novo e fresco. Teria de haver um acordo muito sólido para o governo de esquerda chegar a bom porto. E há imensas áreas importantes onde pode haver acordo sério. Estado Social, Cultura, Trabalho,etc. Que bom seria agarrar a oportunidade para se forjar um amplo contrato social, organizar sindicatos fortes, promover um profundo debate sobre a modernização do Estado, relações do público-privado, etc.
Mas há um grande MAS... Há enormes crateras nas contas públicas por descobrir. É contabilizar as benesses do último ano e da plena campanha e de contar com o Estado completamente ocupado pela direita. E ter em conta a destruição operada nestes infelizes quatro anos. Que terrível tarefa esperaria um governo de esquerda nestas circunstâncias!
Que a direita está em pânico, é verdade. É só ver a despudorada intervenção dos "analistas" nestes dois últimos dias.
Citando Alexandre O´Neil" uma coisa pensa o cavalo, outra quem está amontá-lo". Nos últimos 4 anos ocuparam o aparelho de estado e os gabinetes ministeriais. Continuando fazem favores que cobram em votos nas eleições e perpetuam-se no poder.Move-os o desespero de poderem serem corridos. DEMOCRATICAMENTE.Concordo 101% consigo PROF.
José Martins Amaro
A cobra mata abraçando!
A tua prima também...
TODOS A LER O EXCELENTE LIVRO DE DIALOGOS ENTRE O SANTOS SILVA E O PAULO MAGALHÃES - acaba de sair publicado.
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