No Incursões, um blogue ligado à magistratura, escreve o Compadre esteves um post intitulado Que País!!!!...., de que destacamos o seguinte extracto: “Este chocante caso, terá necessariamente de colocar muitas questões que passarão não só pelo funcionamento da justiça, sua independência, formação e avaliação dos seus operadores, mas também pelas regras do sistema numa sociedade democrática.”
1 comentário :
Há dias assim...
…que começam cedo, com o som do telefone e uma notícia escaldante sobre o destino próximo do Procurador. Para já, o dr. Souto Moura tinha encontro marcado com o dr. Sampaio, em Belém. Depois logo se veria – mas, como se podia imaginar, não se iria ver nada de muito bom. Nem tentei perceber porquê. As primeiras horas da manhã não são propriamente o meu forte. Limitai-me a marcar uma “equipa”, na esperança de que a ameaça implícita nesse inesperado encontro se diluísse, serenamente, com a abertura de mais um inquérito e os esclarecimentos da praxe. Sexta-feira também não é propriamente o meu forte. E a “crise da justiça”, firme no top das preocupações do regime, parece-me uma triste combinação de interesses obscuros e de entusiasmos volúveis. O país ora chora pela prescrição dos processos, ora clama, indignado, contra o “abuso” das escutas e a violação da privacidade. Não há meio termo: passa-se de um extremo ao outro, com igual empenho e determinação. Ainda há uns anos, o dr. António Costa florescia, no dialogante governo do eng. Guterres, como um herói da luta contra a corrupção. Agora, que as medidas deste herói deram frutos, deplora-se, com o mesmo entusiasmo, a “impunidade” do Ministério Público e os erros da sua actuação. Principalmente, se esta incidir sobre uma irrepreensível figura do Estado, com direito aos luxos da cidadania e aos favores da Comunicação Social. Aí tudo se torna mais fácil. E mais fácil de manipular. O dia de hoje mostrou, de forma exemplar, como é que a “crise da justiça” funciona em Portugal.
constança cunha sá (o-espectro)
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