A Itália vai hoje a votos. A ideologia que o comentário transcrito tão bem traduz levou Berlusconi ao poder. Num ápice, a república dos juízes cedeu o lugar à aventura do homem que, “depois de usar o poder económico pessoal para chegar ao poder político, afinal, também usou este para engrandecer aquele, tornando o "eu" e o "meu" inextrincáveis.” Removido o “mais rudimentar sentido de Estado”, lançou “mão dos mecanismos de curto-circuito às instituições e de comunicação pessoal, directa e mágica com a multidão (numa versão actualizada dos métodos que foram caros à direita antidemocrática e à chamada "esquerda social").” A justiça, essa, assiste, impotente, às trapaças.
1 comentário :
A Justiça em Itália não assiste impassível às trapaças de Berlusconi. A investigação desencadeada pela Procuradoria de Milão a Massimo Alema revela a vontade italiana de conseguir apanhar o poder instituído em Itália. Todavia, a sua tarefa é complicada com um homem a quem o Parlamento concede imunidade sempre que é desencadeado um processo ou que consegue fazer aprovar leis que inviabilizam os meios de prova a serem usados contra ele. Estes problemas iniciaram-se justamente com a interferência governamental na Justiça italiana, seriamente fragilizada depois da Tangentopoli, caminho para o qual progredimos com a governamentalização que a Justiça Portuguesa está progressivamente a tomar.
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