domingo, maio 21, 2006

LER OS OUTROS - A vez dos arquitectos

I

"Este gajo foi estudante de engenharia e nem sequer chegou a acabar o curso. Como é que alguém o deixou desenhar e construir estas tralhas? Ele nem sequer estava inscrito na Ordem! Em Portugal, felizmente, já o tipo não se atreveria a fazer coisas destas sem ter qualificações. Que abuso."

jcd, Vamos por Ordem nisto.

II

"Recomendo a leitura da série de posts Inutilidade pública: 1, 2, 3, 4, 5."

André Azevedo Alves, Sobre a (des)Ordem dos arquitectos (via Miss Pearls)

III

"Não existe nenhuma profissão que não deseje ter um monopólio legalmente garantido nos respectivos serviços, e com a maior amplitude possível. Ao fim de muitos anos o lobby dos arquitectos acaba de realizar esse sonho. Por unanimidade da Assembleia da República.
Em contrapartida, talvez fosse de exigir duas coisas:
a) Acabar com as restrições que a Ordem dos Arquitectos põe à entrada na profissão. Criar um exclusivo profissional não condiz com restrições artificiais ao acesso à profissão.
b) Impor aos arquitectos o acompanhamento das obras e torná-los responsáveis pelas alterações efectuadas à margem dos projectos e da lei."

Vital Moreira, Exclusivo profissional

48 comentários :

Anónimo disse...

Já se sabia que o corporativismo dos engenheiros e dos desenhadores de construção civil, que em vez de fazer engenharia, sempre assinaram projectos de "arquitectura" desenhados pelos desenhadores de construção civil, estão a rabiar furiosos.

Em toda o mundo civilizado, quem faz projectos de arquitectura e acompanha e é responsável pela obra, são os arquitectos.

Anónimo disse...

arquitecto compartimentado


Um dos maiores problemas que encontro na forma como se faz um projecto é a reduzida interacção entre os diferentes técnicos que nele participam. No processo de projecto habitual, o arquitecto desenvolve o desenho base a partir dos dados do cliente, definindo a implantação e a organização interna do edifício. Posteriormente, passa o trabalho para o engenheiro de estruturas, que desenvolve a sua fase, passando depois pela mão de uma longa lista de especialistas que definem os vários sistemas funcionais, iluminação, electricidade, mecânica e por aí fora. Por vezes, em certo tipo de edifícios específicos, entram então os seus próprios técnicos que seleccionam o equipamento e a sua distribuição. Por essa altura, estão criados tantos constrangimentos que se torna impossível manipular o projecto com vista a melhorá-lo de forma participativa. Cada etapa do desenho de projecto fecha a porta atrás de si, impedindo que se pense em outras soluções que poderiam melhorar a qualidade, reduzir os custos e tornar a construção mais eficiente.
Neste processo de trabalho compartimentado, o perigo prende-se com o facto de cada pessoa ter apenas uma visão reduzida do seu segmento técnico; perdendo-se uma visão unificada que guie o design. Em vez de uma equipa trabalhando em conjunto para criar um projecto apropriado e de boa qualidade, cada indivíduo faz o melhor com o que pode com aquilo que lhe é dado. Perdem-se assim os benefícios de uma visão mais ampla e uma criatividade colaborativa. Numa realidade em que os prazos e as margens de rentabilidade são cada vez mais apertadas, torna-se ainda mais difícil promover as reiterações fundamentais para que as ideias se maturem e consolidem. O próprio arquitecto se demite muitas vezes de impulsionar essa dinâmica, fechando-se na elaboração do seu monumento de arquitectura sem penetrar a fundo nas outras implicações técnicas.
A resposta, distante mas óbvia por ser sempre a mesma, é que a arquitectura devia ser um trabalho solidário realizado por pessoas com sentido de colaboração cívica. O ambiente construído é demasiado importante para ser feito de outra forma.

http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/

Anónimo disse...

Agora já posso comprar um lote e desenhar a minha própria moradia, cumprindo todas as normas vigentes aplicáveis. Mas vou ter de pagar a um arquitecto pela assinatura. E não vão faltar candidatos a vender uma assinatura a troco de nenhum trabalho.

Anónimo disse...

O projecto de “arquitectura” do Edifício Transparente do Porto deve ter sido elaborado por um desenhador de construção civil sem preparação específica nenhuma. Quem foi o autor do projecto de “arquitectura” ?

Anónimo disse...

A responsabilidade é do emigrante ou do arquitecto da câmara municipal que lhe aprovou o projecto ?

Anónimo disse...

Há quem não saiba resistir à tentação de obter na secretaria o que não conseguiu obter no campo de jogo (o mercado, a funcionar de acordo com as livres escolhas dos clientes).

Anónimo disse...

Os arquitectos que trabalham nas câmaras municipais e aprovam os projectos dos mamarrachos são apenas responsáveis pela sua aprovação ou foram eles próprios os autores do projecto de arquitectura ?

Anónimo disse...

Os arquitectos consideram-se vítimas do mercado, que alegadamente não valoriza a sua intervenção. Solução: melhorar a sua formação e as suas competências profissionais ? Não: Obter legislação que consagre uma renda de monopólio.

Anónimo disse...

Com uma lei como aquela com a qual os arquitectos portugueses se pretendem proteger, as obras de Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (Prémio Pritzker 1995), e Le Corbusier, que nunca estudaram numa escola de arquitectura, não teriam sido realizadas (a menos que algum deles estivesse disposto a pagar por uma assinatura de um arquitecto corporativamente habilitado).
Ganhava a corporação, perdia a humanidade.

Anónimo disse...

E onde param os "Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (...) e Le Corbusier" portugueses, não arquitectos, nos últimos 50 anos...?

Se até alguns arquitectos portugueses são o que são, imagine-se os "desenhadores"...

Anónimo disse...

Eu até percebo o ressabiamento dos arquitectos. Deve ser triste pertencer a uma profissão que chegou à conclusão que só se conseguiria afirmar obrigando os potenciais clientes, mesmo contra a vontade destes, a recorrerem aos serviços por si prestados.

Anónimo disse...

ARQUITECTOS EM APUROS: OPERAÇÃO DE BRANQUEAMENTO DE RESPONSABILIDADES PRÓPRIAS SOFRE FORTES REVEZES

É que, relativamente aos projectos de arquitectura sem qualidade, das duas uma:

1) Os projectos foram elaborados por arquitectos
Mas então por que nos querem vender a ideia de que a certificação oficial de uma profissão (a de arquitecto) garante a certificação do produto (o projecto de arquitectura) ? A realidade demonstra que não garante. Então para quê insistir neste argumento ?

2) Os projectos não foram elaborados por arquitectos
Mas então isso significa que os arquitectos que aprovaram esses projectos nas câmaras municipais fizeram mal o seu trabalho. O que significa que a certificação oficial de uma profissão (a de arquitecto) não garante a certificação do produto (o projecto de arquitectura). Então para quê insistir neste argumento ?

Anónimo disse...

A Lei, ou a Ordem dos Arquitectos, vai punir os arquitectos que elaboraram ou aprovaram projectos de arquitectura sem qualidade ou vai permitir que eles continuem a elaborar e a aprovar projectos de arquitectura sem qualidade ?

Anónimo disse...

Não existem já regras e normas regulamentares cujo cumprimento tem de ser aprovado pelos (arquitectos que trabalham nos) serviços camarários ? Então, por que é que os cidadãos e as empresas passam a ser obrigados (quando já hoje o podem fazer voluntariamente) a recorrer aos serviços de um arquitecto para elaborar ou assinar um projecto de arquitectura ? Os arquitectos (que defendem o monopólio, para o bem do povo, segundo dizem) não confiam nos arquitectos (que trabalham nas câmaras municipais) ?

Anónimo disse...

O cliente é que deve ter a liberdade contratual de escolher os serviços que pretende comprar. O cliente é que sabe qual é o sapato que lhe serve. O Estado (representado pelos arquitectos que trabalham nos serviços municipais) só tem de verificar a conformidade do projecto de arquitectura com as regras e as normas regulamentares aplicáveis.

Anónimo disse...

Alguém já viu:
- os médicos a clamarem por legislação contra os curandeiros;
- os advogados a exigirem a punição dos clientes que têm a ousadia de escrever as suas próprias cartas ou os requerimentos que enviam para as câmaras municipais ou para as repartições de finanças:
- os engenheiros a reclamarem contra os encarregados de obra que elaboram projectos de estabilidade de pontes;
- os economistas a exigirem a exclusividade no preenchimento das nossas declarações de IRS;
- os gestores de empresas a pugnarem pela destituição dos empresários de sucesso que gerem as suas próprias empresas e possuem apenas o ensino secundário.

Por que será ? Será porque a esmagadora maioria da população e das empresas reconhece e atribui valor ao trabalho desempenhado por estas profissões (médicos, advogados, engenheiros, economistas, e gestores de empresas) e recorre voluntariamente (i.e., sem ser obrigada) a elas sempre que precisa de encontrar soluções para os seus problemas ?

Anónimo disse...

Os médicos, através da Ordem, tinham umas certas "sugestões" sobre a lei das medicinas alternativas...

Os advogados punem a usurpação ou utilização abusiva do título de advogado (aliás outras Ordens também...).

Só certos engenheiros conseguem (e podem) fazer certos tipos de obras (tal como os alvarás de Empresas de construções têm certas tipologias, consoante o que podem ou não fazer...).

Os economistas não são especialistas em declarações de IRS - mas se forem à sua Ordem reparem no que podem ou não fazer...

Quanto aos gestores, há empresários com a 4ª classe fabulosos, mas o normal em Portugal é...

É curioso que não tenham falado mais nos médicos...

Anónimo disse...

«Se até alguns arquitectos portugueses são o que são …», Seg Mai 22, 12:03:38 PM

O que quer dizer que não é pelo facto de possuírem um curso de arquitectura que produzem necessariamente bons projectos.

Anónimo disse...

P: «E onde param os "Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (...) e Le Corbusier" portugueses, não arquitectos, nos últimos 50 anos...?», Seg Mai 22, 12:03:38 PM

R: Param no mesmo sítio onde param os "Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (...) e Le Corbusier" portugueses que são arquitectos.

Anónimo disse...

«Os advogados punem a usurpação ou utilização abusiva do título de advogado (aliás outras Ordens também...).», Seg Mai 22, 07:46:28 PM

Mas ninguém se lembrou de proibir os cidadãos de escrever as suas próprias cartas ou os requerimentos que enviam para as câmaras municipais ou para as repartições de finanças.
Porque precisamente a esmagadora maioria da população e das empresas já recorre natural e voluntariamente (i.e., sem ser obrigada) aos serviços de um advogado sempre que precisa de encontrar soluções jurídicas para os seus problemas.

Anónimo disse...

«Quanto aos gestores, há empresários com a 4ª classe fabulosos, mas o normal em Portugal é...», Seg Mai 22, 07:46:28 PM

Mas ninguém é obrigado a ser licenciado em gestão de empresas para ser empresário ou para gerir empresas.

Anónimo disse...

A LADAINHA DOS ARQUITECTOS: PRÓXIMOS EPISÓDIOS

Daqui a alguns anos, o queixume – conforme já se ouve hoje ainda que de forma muito discreta (para não perturbar o actual objectivo principal da agenda corporativa: consagrar o monopólio na lei) – será o de que só a ínfima minoria dos arquitectos consagrados consegue arranjar trabalho e elaborar projectos de arquitectura.

Surgirão então petições, abaixo-assinados, manifestações, iniciativas de “cidadãos” (maioritária ou exclusivamente com interesse próprio na matéria), e lóbis nos corredores da assembleia da república (com ou sem a participação de um bastonário-deputado), bramando pela inclusão na Lei de quotas de elaboração de projectos de arquitectura por categorias de arquitecto: os consagrados; os aspirantes; os desempregados; os recém-licenciados; os licenciados por universidades privadas; as mulheres arquitectas, etc.

Anónimo disse...

Tanto desenhador-arquitecto por estas bandas...

Fazer um esboço de uma casa, qualquer um o faz. Pôr no papel esse mesmo esboço e modificá-lo para ser aprovado, qualquer desenhador o faz...

Fazer uma casa, uma casa verdadeira, com boa exposição solar, de acordo com os gostos e necessidades reais dos futuros donos, com cálculos de custos, recorrendo aos materiais que vale a pena, sem erros de colocação de redes, bem pensada, modificável no futuro, aí entram os arquitectos...


Agora as objecções da "casa"...

1. "O que quer dizer que não é pelo facto de possuírem um curso de arquitectura que produzem necessariamente bons projectos."
Às vezes os médicos "matam" ou estropiam os doentes na sua tentativa de os salvarem ou de resolverem os seus problemas - agora imaginem o mesmo serviço prestado por um sapateiro, barbeiro ou trolha (ou até um simples enfermeiro). Porque será que se formam médicos...? É claro que há maus profissionais em todas as áreas e às vezes a licenciatura não é suficiente. Mas, por precaução, talvez seja necessária, na Medicina, na Magistratura, na Arquitectura, etc...

2. "P: «E onde param os "Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (...) e Le Corbusier" portugueses, não arquitectos, nos últimos 50 anos...?», Seg Mai 22, 12:03:38 PM
R: Param no mesmo sítio onde param os "Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Tadao Ando (...) e Le Corbusier" portugueses que são arquitectos."
Não há bons arquitectos portugueses, premiados com prémio máximo de Arquitectura mundial nos últimos anos...? Há Taveiras...mas as dezenas de outros, excelentes e reconhecidos em Portugal e fora dele? O tempo dos "desenhadores/engenheiros-arquitectos" terminou no tempo do Korrodi...

3. "Mas ninguém se lembrou de proibir os cidadãos de escrever as suas próprias cartas ou os requerimentos que enviam para as câmaras municipais ou para as repartições de finanças."
Eu tambem dou palpites sobre medicina e doenças e não sou médico - queres que te arranque um dente ou te prescreva um tónico cardíaco...? Uma coisa é fazer o comum, no caso dos advogados, outra é advogar - ir à barra dos tribunais, dar consultas, etc... Queres que te explique a diferença....?

4. "Mas ninguém é obrigado a ser licenciado em gestão de empresas para ser empresário ou para gerir empresas."
Isto talvez explique o estado calamitoso de muitas empresas, grupos empresariais e sectores no País, bem como o facto de esta área não ter Ordem dos Gestores...


P.S. - Não sou arquitecto nem trabalho na área mais já falei com muitas vítimas de "desenhadores-arquitectos" e "engenheiros-arquitectos"...

Anónimo disse...

« Fazer uma casa, uma casa verdadeira, com boa exposição solar, de acordo com os gostos e necessidades reais dos futuros donos, … aí entram os arquitectos...», Seg Mai 22, 11:34:14 PM

Se isso é assim tão evidente por que se obriga então o cliente a recorrer aos serviços desses profissionais ?

Anónimo disse...

«P.S. - Não sou arquitecto nem trabalho na área mais já falei com muitas vítimas de "desenhadores-arquitectos" e "engenheiros-arquitectos"...», Seg Mai 22, 11:34:14 PM

E nunca falou com vítimas de arquitectos-arquitectos ?

Anónimo disse...

« Às vezes os médicos "matam" ou estropiam os doentes na sua tentativa de os salvarem ou de resolverem os seus problemas …», Seg Mai 22, 11:34:14 PM

Mas os doentes recorrem aos médicos porque querem, e não porque são a isso obrigados por lei.

Anónimo disse...

Caro "Miguel":

1. "Se isso é assim tão evidente por que se obriga então o cliente a recorrer aos serviços desses profissionais ?"

Para evitar os mesmos problemas de ter "barbeiros-cirurgiões" (que os havia no século XIX e tinham muita procura...) e não andar depois a remediar.

Estas coisas são evidentes DEPOIS de construída a casa...


2. "E nunca falou com vítimas de arquitectos-arquitectos ?"

Curiosamente nunca - se exceptuarmos as taveiradas, que ofendem o meu gosto pessoal... Mas fale para aí das "vítimas de arquitectos-arquitectos" - sempre entretem e o patrão do "Miguel" agradece...


3. "Mas os doentes recorrem aos médicos porque querem, e não porque são a isso obrigados por lei."

Nunca ouviu falar de aldrabões que se intitulam médicos e de curandeiros que praticam medicina em Portugal (v.g. caso dos Açores, com bastantes mortes...) - alguns doentes recorrem a TUDO - os resultados é que não iguais quando recorrem a algumas coisas auto-intituladas "medicinas alternativas"...

Anónimo disse...

«Isto talvez explique o estado calamitoso de muitas empresas, grupos empresariais e sectores no País, bem como o facto de esta área não ter Ordem dos Gestores...»

É a mentalidade muito enraizada de que o Estado e os seus agentes (omniscientes) é que sabem o que é melhor para nós.
Se houvesse uma lei que obrigasse todos os empresários a serem licenciados em gestão pessoas como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo seriam cruelmente impedidas de exercerem a sua actividade. Com prejuízo para o país e para a economia.
Agora vão perguntar quantos Amorims e Belmiros existem. A discussão resvala para a circunstância, e mata-se o princípio.
Há muitos Amorims e Belmiros no país, a uma escala menor, com empresas de menor dimensão e sem a mesma projecção mediática, que pagam pontualmente salários e impostos (de que vivem alguns dos que deles desdenham).

Anónimo disse...

«Para evitar os mesmos problemas de ter "barbeiros-cirurgiões" (que os havia no século XIX e tinham muita procura...) e não andar depois a remediar.
Estas coisas são evidentes DEPOIS de construída a casa...»

Mas então como explicar: “É claro que há maus profissionais em todas as áreas e às vezes a licenciatura não é suficiente.” (Seg Mai 22, 11:34:14 PM)
O que quer dizer que não evita necessariamente. Em que ficamos ?

Anónimo disse...

«se exceptuarmos as taveiradas, que ofendem o meu gosto pessoal...»

Arquitecto-arquitecto consagrado, Prémio Valbom, professor de arquitectura.
O autor da frase é afinal ele próprio uma vítima de um arquitecto-arquitecto.

Anónimo disse...

«Nunca ouviu falar de aldrabões que se intitulam médicos e de curandeiros …»

E há pessoas que se auto-medicam, outras que se aconselham com o farmacêutico.
As pessoas são livres de fazer as suas escolhas, assumindo a responsabilidade pelas respectivas consequências.
Não deve ser o Estado ou algum dos seus agentes (omniscientes) a escolherem por elas.

Anónimo disse...

«Para evitar os mesmos problemas de ter "barbeiros-cirurgiões" (que os havia no século XIX e tinham muita procura...) e não andar depois a remediar.
Estas coisas são evidentes DEPOIS de construída a casa...» Ter Mai 23, 12:36:12 AM

O que evita esse tipo de problemas é assegurar que os arquitectos que aprovam os projectos nas câmaras municipais fazem bem o seu trabalho e verificam o cumprimento (pelos projectos de arquitectura) das normas regulamentares aplicáveis previstas na lei, antes da emissão da licença de construção.
O que é relevante é o cumprimento das normas regulamentares (que o Estado estabelece e deve fazer cumprir antes da emissão da licença de construção) e não a formação de quem assinou o projecto.

Anónimo disse...

O estado português tem por obrigação defender os cidadãos e defender-se a ele próprio do mau exercício de algumas profissões - para isso existem as Ordens e as suas regulamentações...

1. " «Isto talvez explique o estado calamitoso de muitas empresas, grupos empresariais e sectores no País, bem como o facto de esta área não ter Ordem dos Gestores...»

É a mentalidade muito enraizada de que o Estado e os seus agentes (omniscientes) é que sabem o que é melhor para nós.
Se houvesse uma lei que obrigasse todos os empresários a serem licenciados em gestão pessoas como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo seriam cruelmente impedidas de exercerem a sua actividade. Com prejuízo para o país e para a economia.
Agora vão perguntar quantos Amorims e Belmiros existem. A discussão resvala para a circunstância, e mata-se o princípio.
Há muitos Amorims e Belmiros no país, a uma escala menor, com empresas de menor dimensão e sem a mesma projecção mediática, que pagam pontualmente salários e impostos (de que vivem alguns dos que deles desdenham)."

É curioso que fale de grupos empresariais cheios de gestores... É também claro que a gestão de empresa, sujeita a regras de mercado, pode incluir licenciados e não-licenciados - no fim o mercado decide... - mas ninguém pode ignorar que uma boa formação (que às vezes é só a prática das empresas, outra uma licenciatura) é a melhor ferramenta para manter no mercadso uma empresa. Mas, como nesta, área nem há ordem, parece-me um pouco abusivo ser comparada aos outras casos...

2"«Para evitar os mesmos problemas de ter "barbeiros-cirurgiões" (que os havia no século XIX e tinham muita procura...) e não andar depois a remediar.
Estas coisas são evidentes DEPOIS de construída a casa...»

Mas então como explicar: “É claro que há maus profissionais em todas as áreas e às vezes a licenciatura não é suficiente.” (Seg Mai 22, 11:34:14 PM)
O que quer dizer que não evita necessariamente. Em que ficamos ? "

Ficamos com as duas coisas: é necessária uma Ordem dos Médicos e é necessária uma licenciatura em Medicina para exercer - quando o profissional falha a Ordem deve expulsá-lo... Às vezes as Ordens (e os seus casos graves) deveriam ser avaliadas externamente mas o PS vai encarregar-se disso... brevemente...

3. "«se exceptuarmos as taveiradas, que ofendem o meu gosto pessoal...»

Arquitecto-arquitecto consagrado, Prémio Valbom, professor de arquitectura.
O autor da frase é afinal ele próprio uma vítima de um arquitecto-arquitecto. "

Gosto pessoal... qual foi a parte que não percebeu...?

4. "«Nunca ouviu falar de aldrabões que se intitulam médicos e de curandeiros …»

E há pessoas que se auto-medicam, outras que se aconselham com o farmacêutico.
As pessoas são livres de fazer as suas escolhas, assumindo a responsabilidade pelas respectivas consequências.
Não deve ser o Estado ou algum dos seus agentes (omniscientes) a escolherem por elas. "

E há pessoas que não cumprem as Leis... A lei diz que a medicina só pode ser exercida por licenciados em Medicina inscritos na Ordem. Se a pessoa não quer ir ao médico, pode (a vida é dela). Mas só os médicos executam actos MÉDICOS...


5. "«Para evitar os mesmos problemas de ter "barbeiros-cirurgiões" (que os havia no século XIX e tinham muita procura...) e não andar depois a remediar.
Estas coisas são evidentes DEPOIS de construída a casa...» Ter Mai 23, 12:36:12 AM

O que evita esse tipo de problemas é assegurar que os arquitectos que aprovam os projectos nas câmaras municipais fazem bem o seu trabalho e verificam o cumprimento (pelos projectos de arquitectura) das normas regulamentares aplicáveis previstas na lei, antes da emissão da licença de construção.
O que é relevante é o cumprimento das normas regulamentares (que o Estado estabelece e deve fazer cumprir antes da emissão da licença de construção) e não a formação de quem assinou o projecto. "

A medicina também tem normas, às vezes conhecidas dos enfermeiros, mas que estes estão PROÍBIDOS de executar.
A arquitectura é mais do que "normas regulamentares", é uma ciência misturada com arte - só parolos não percebem isso... E depois aparecem post como este...
Quantos aos Arquitectos/Fiscais das Câmaras, isso é um problema à parte, a que os Governos e as Câmaras fogem como do diabo da cruz, mas certamente este Governo irá resolver...

Anónimo disse...

«É curioso que fale de grupos empresariais cheios de gestores...», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

Recrutados de acordo com a livre escolha dos respectivos empresários (não licenciados em gestão), e não por imposição do Estado e dos seus agentes (omniscientes).
A existência ou não de uma Ordem é irrelevante quanto à substância da questão.

Anónimo disse...

«É também claro que a gestão de empresa, sujeita a regras de mercado, pode incluir licenciados e não-licenciados - no fim o mercado decide...», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

Totalmente de acordo.

Anónimo disse...

«Ficamos com as duas coisas …», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

Já é um avanço, uma evolução.
A ideia que pretendi transmitir é a de que as pessoas devem poder fazer as suas escolhas, incluindo a de consultar um médico (ou não). Ou de consultar um advogado (ou não) antes de assinar um contrato.

Anónimo disse...

«se exceptuarmos as taveiradas, que ofendem o meu gosto pessoal...», Ter Mai 23, 12:36:12 AM
«Gosto pessoal... qual foi a parte que não percebeu...?», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

Se o trabalho de um arquitecto-arquitecto ofende o gosto pessoal de alguém, é porque afinal esse alguém é ele próprio uma vítima (ofendida no seu gosto pessoal) desse arquitecto-arquitecto.
O que é que não percebeu ?

Anónimo disse...

«E há pessoas que não cumprem as Leis...», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

O ponto aqui é o de as pessoas que se auto-medicam, ou que se aconselham com um farmacêutico, não devem ser proibidas por lei de o fazer. As pessoas não devem ser obrigadas por lei a consultar um médico.

Anónimo disse...

«A medicina também tem normas, às vezes conhecidas dos enfermeiros, mas que estes estão PROÍBIDOS de executar.», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

Os arquitectos que aprovam os projectos de arquitectura nas câmaras municipais são os “enfermeiros” da arquitectura ? Os arquitectos só confiam nos arquitectos que ELABORAM projectos de arquitectura ?
Os arquitectos não confiam nos arquitectos que APROVAM projectos de arquitectura ? E mesmo assim estes exercem a profissão ? E são membros (continuam a ser membros) da respectiva Ordem ?

Anónimo disse...

«A arquitectura é mais do que "normas regulamentares"…», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

É sabendo isso que os arquitectos que trabalham nas câmaras municipais aprovam os projectos de arquitectura, da autoria de arquitectos e de não-arquitectos, quando os poderiam reprovar com base em apreciação de ordem estética prevista na lei.
Projectos de arquitectura esses (da autoria de arquitectos e de não-arquitectos) que, mesmo tendo sido aprovados por arquitectos, membros da respectiva Ordem, são depois criticados quer por arquitectos quer por curiosos.
Tal como já acontece noutras profissões vamos também tornar irresponsáveis (e já agora inamovíveis) os arquitectos que aprovam projectos de arquitectura nas câmaras municipais ?

Anónimo disse...

O estado não pode proibir a automedicação mas pode impedir a realização de actos médicos por não-médicos...

Na Arquitectura há gostos, estética, e há regras, regulamentos...

Há arquitectos das Câmaras, muitas vezes que fazem os projectos assinados pelos outros arquitectos ou desenhadores, e jogam com a sua assinatura, às vezes fora da lei (ora aqui está um assunto aqui abordável...). Este grupo precisaria de mais fiscalização e de mais deontologia, que uma Ordem pode fornecer...

Anónimo disse...

1. Os arquitectos que aprovam os projectos de arquitectura nas câmaras municipais são os “enfermeiros” da arquitectura ?

Têm uma função ingrata e perigosa, com erros muitos comuns e falhas graves - se calhar a fiscalização desta área, pela Ordem e por outros, impõe-se... É claro que, de certo modo, devem ter limites ao que podem fazer (como os enfermeiros...) pois naõ podem nem devem fazer projectos para eles próprios aprovarem (o que hoje acontece).

2. Os arquitectos só confiam nos arquitectos que ELABORAM projectos de arquitectura ?

Os arquitectos têm formaçãomuldisciplinar que lhes permite abranger todas as áreas de um Projecto que um leigo ou desenhador não consegue abarcar na sua totalidade. Aliás o engenheiro deverá ter também papel em algumas coisas de um Projecto...


3. Os arquitectos não confiam nos arquitectos que APROVAM projectos de arquitectura ?

Globalmente acho que não...


4.E mesmo assim estes exercem a profissão ? E são membros (continuam a ser membros) da respectiva Ordem ?

Os arquitectos de Câmara são funcionários da Câmara... e têm as implicações que tal duplo estatuto implica.
Como em tudo, há coisas a fazer na Arquitectura, que uma Ordem e uma fiscalização podem melhorar...

Anónimo disse...

«E há pessoas que não cumprem as Leis...», Ter Mai 23, 01:11:39 PM

O ponto aqui é o de as pessoas que se auto-medicam, ou que se aconselham com um farmacêutico, não devem ser proibidas por lei de o fazer. As pessoas não devem ser obrigadas por lei a consultar um médico.

Pois, mas há medicamentos só prescritos por médicos (e actos que só o médico pode fazer).

Anónimo disse...

"Se o trabalho de um arquitecto-arquitecto ofende o gosto pessoal de alguém, é porque afinal esse alguém é ele próprio uma vítima (ofendida no seu gosto pessoal) desse arquitecto-arquitecto.
O que é que não percebeu ? "

Nada... Se clarificar eu respondo.

Anónimo disse...

A RESPONSABILIDADE DOS ARQUITECTOS
Relativamente a TODOS os projectos de arquitectura sem qualidade, das duas uma:
1) Foram elaborados por um arquitecto;
2) Foram aprovados por um arquitecto, na câmara municipal respectiva.
Acresce ainda que, NALGUNS casos, o arquitecto da situação 1), através da assinatura de um colega, é o mesmo arquitecto da situação 2).

Anónimo disse...

Então, se calhar, RESPONSABILIZANDO os Arquitectos e a sua Ordem, como em países civilizados, as coisas melhoram...

PS - Caro Miguel, apresente os meus pêsames à família do Mesquita...

Anónimo disse...

Se um projecto der bronca o deixem-me adivinar:
O Desenhador, no limite é expulso pela ordem ou é-lhe aplicada outra sanção?
Pois é, mas o Arquitecto e qualquer outra profissão regulamnetada por uma Ordem corre esse risco.
Não se despistam todas as possibilidades de erro mas é mais facil responsabilizar por danos.

Anónimo disse...

Camarada Vital, o assalariado...

Cumprimentos ao Costa e ao Neves de Faro...