"Parece um ajuste de contas com advogados ou jornalistas
Tenho do procurador-geral, José Souto Moura uma impressão pessoal muitíssimo boa, um homem honesto, competente, culto, bem-formado, com excelente formação jurídica. Mas reconheço enorme distância entre essas qualidades pessoais e os resultados, sobretudo os mais visíveis ligados aos processos mediáticos, do funcionamento do Ministério Público. No caso do “Envelope 9”, o que está a parecer é que o inquérito é mais para saber como é que aquele famoso envelope saiu do processo, portanto, porventura, mais um ajuste de contas com um advogado ou advogados ou com jornalistas do que propriamente saber como é que aquele conjunto de registos foi parar ao processo. Este caso, integrado com outros processos que envolvem poderosos, seja o caso “Apito Dourado”, seja o caso – tratado com inacreditável lentidão – dos sobreiros, que abrange Nobre Guedes, ou o caso Fátima Felgueiras, em processos cuja condução é da responsabilidade ou do Ministério Público ou de Juízes, provoca profundo abalo na tranquilidade dos cidadãos. Isto lembra muito Itália, e pelas piores razões. Lembra à nossa escala, a “Operação Mãos Limpas”, que desencadeou uma série de processos e atropelos de direitos de pessoas, sem resultados palpáveis, mas que propiciou a tolerância popular para uma contra-reacção que por vezes foi muito para lá do razoável, e de que Berlusconi é um exemplo. A tolerância em Itália, para a modificação de leis com efeito retroactivo, para perdões, para tudo isso, resulta de uma campanha orientada politicamente para perseguir, denunciar e condenar o crime dos poderosos mas que produziu como efeito precisamente o oposto, o reforço dos poderosos. Receio que venha a ser assim em Portugal. "
Tenho do procurador-geral, José Souto Moura uma impressão pessoal muitíssimo boa, um homem honesto, competente, culto, bem-formado, com excelente formação jurídica. Mas reconheço enorme distância entre essas qualidades pessoais e os resultados, sobretudo os mais visíveis ligados aos processos mediáticos, do funcionamento do Ministério Público. No caso do “Envelope 9”, o que está a parecer é que o inquérito é mais para saber como é que aquele famoso envelope saiu do processo, portanto, porventura, mais um ajuste de contas com um advogado ou advogados ou com jornalistas do que propriamente saber como é que aquele conjunto de registos foi parar ao processo. Este caso, integrado com outros processos que envolvem poderosos, seja o caso “Apito Dourado”, seja o caso – tratado com inacreditável lentidão – dos sobreiros, que abrange Nobre Guedes, ou o caso Fátima Felgueiras, em processos cuja condução é da responsabilidade ou do Ministério Público ou de Juízes, provoca profundo abalo na tranquilidade dos cidadãos. Isto lembra muito Itália, e pelas piores razões. Lembra à nossa escala, a “Operação Mãos Limpas”, que desencadeou uma série de processos e atropelos de direitos de pessoas, sem resultados palpáveis, mas que propiciou a tolerância popular para uma contra-reacção que por vezes foi muito para lá do razoável, e de que Berlusconi é um exemplo. A tolerância em Itália, para a modificação de leis com efeito retroactivo, para perdões, para tudo isso, resulta de uma campanha orientada politicamente para perseguir, denunciar e condenar o crime dos poderosos mas que produziu como efeito precisamente o oposto, o reforço dos poderosos. Receio que venha a ser assim em Portugal. "
1 comentário :
Quem não te conhecer que te compre Lobo Xavier (mais um comentador independente da nossa praça).
Onde é que encaixas na tua análise o teu patrão Belmiro.
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